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24/07/2008 - 12:31

Fim do La Niña pode representar boa estação de chuvas em grande parte do Brasil

As condições necessárias que caracterizam o fenômeno La Niña estão quase totalmente desaparecendo no Oceano Pacífico Equatorial, sendo que somente próximo à sua parte central (linha imaginária do Equador) a temperatura da superfície do oceano ainda encontra-se discretamente abaixo da média.

Para se identificar qual o momento a partir do qual ocorre o início ou o fim de um episódio El Niño ou La Niña, foi associado à ocorrência desses fenômenos um índice conhecido como Índice de Oscilação Sul (IOS). Logo, El Niño e Oscilação Sul participam de um mesmo fenômeno, conhecido como ENSO (em inglês) ou ENOS. A Oscilação Sul é descrita como uma variação da pressão atmosférica ao nível médio do mar.

Essa variação ocorre de forma inversa entre a estação de observação de Darwin, localizada no Norte da Austrália, e a de Tahiti, localizada no Oceano Pacífico Sul. Os valores do IOS são considerados negativos em anos de El Niño e positivos em anos de La Niña. Logo, valores positivos significam resfriamento e negativos significam aquecimento do Oceano Pacífico Equatorial.

O IOS deve ocorrer, seguidamente, num período de três meses dentro de um limite que define uma das três condições: La Niña, El Niño ou neutra. Nos meses de maio e junho, o IOS foi discretamente positivo no Pacífico Equatorial. Tal fato, associado ao registro, em meados de julho, da temperatura da superfície do oceano pouco acima da média na porção mais a Leste do oceano, próximo ao continente da América do Sul, caracteriza o fim antecipado do fenômeno La Niña, o que estava previsto apenas para o final do mês de agosto.

Assim, o episódio La Niña, que teve início em agosto de 2007, pode ter seu final considerado entre o final de maio e o início de junho de 2008, podendo, a partir de então, as condições ser consideradas “neutras”.

Probabilidades - Normalmente as transições entre El Niño e La Niña ocorrem na segunda parte do ano. Todavia, a maioria dos modelos, tanto dinâmicos quanto estatísticos, utilizados para prognosticar o comportamento da temperatura da superfície do oceano indicam 10% de probabilidade de permanência do fenômeno La Niña, 15% de probabilidade de ocorrência de condições propícias ao surgimento do fenômeno El Niño e 75% de probabilidade de ocorrência de condições neutras até o final de 2008.

Deve-se, entretanto, lembrar que, embora o La Niña possa ser considerado encerrado, suas características podem ainda influenciar o padrão da circulação atmosférica, porém cada dia com menor intensidade.

As mudanças entre esses fenômenos podem afetar o clima em todo o mundo. No Brasil, com o final antecipado do La Niña e a previsão de condições neutras, pode-se esperar que o “período das águas” ocorra dentro do normal e em condições normais de volume de chuvas, propiciando, assim, o plantio no momento certo e assegurando uma estabilidade inicial para a safra 2008/2009 em grande parte da região Sudeste.

Há aproximadamente 40% de probabilidade de ocorrência de chuvas acima da média para os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina. No estado de São Paulo, essa previsão é para as regiões de Ribeirão Preto, Araraquara, Campinas e o Vale do Paraíba. No Paraná, a mesma previsão é para as regiões Noroeste, Oeste, Centro-Sul, Sudoeste e Sudeste. No Rio Grade do Sul a previsão é apenas para as regiões Noroeste e Nordeste.

No Mato Grosso do Sul, a previsão é para as regiões Leste e a parte mais ao Sul da região Sudeste do estado, próximo à fronteira com o Paraná. No Mato Grosso, a previsão é para a região Sudeste e a porção Nordeste da região Norte do estado, próximo ao estado do Pará. As regiões Nordeste e Centro-Sul do Mato Grosso apresentam menor probabilidade, 30%, de ocorrerem chuvas acima da média.

Para Minas Gerais, quase todo o estado apresenta 40% de probabilidade de ocorrência de chuvas acima da média, com exceção da região Central mineira, que apresenta 50% dessa probabilidade, e da porção mais ao extremo da região do Norte do estado, o Vale do Jequitinhonha, a Zona da Mata e o Vale do Rio Doce, as quais apresentam probabilidade de ocorrência de chuvas abaixo da média. O estado da Bahia, em quase sua totalidade, apresenta 40% de probabilidade das chuvas ocorrerem abaixo da média do período.

Dessa forma, para grande parte da região Sudeste as condições de temperatura e de umidade do solo poderão favorecer a semeadura das culturas de verão no mês de outubro, o que facilitará os tratos culturais tanto das culturas de verão quanto da safrinha, que nesse ano foi prejudicada pelo atraso da chuva no ano passado. Em se confirmando as previsões, a opção por variedades de ciclo curto e a adoção antecipada de semeaduras ajuda o controle de plantas invasoras, bem como propicia à cultura chegar em uma fase mais avançada no momento em que a ação dos patógenos é mais agressiva.

. Por: Williams Pinto Marques Ferreira, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG).

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