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26/07/2008 - 11:31

“Vestidas de Branco”

A emblemática obra de Nelson Leirner celebra o casamento no Museu Vale.

Um grande tapete vermelho dá o tom da celebração de “Vestidas de Branco”, a nova exposição do Museu Vale, em Vila Velha – ES, que terá o casamento como tema, a partir de 9 de agosto. A criação é de Nelson Leirner, artista considerado um dos mais expressivos representantes do espírito vanguardista dos anos 60, no Brasil e no mundo, e cujas realizações têm como foco a popularização da arte, a participação e identificação do público. Suas obras, emblemáticas e instigantes, criam um elo imediato de identificação com as pessoas, através dos elementos que ele utiliza, sempre familiares ao cotidiano do povo.

Em “Vestidas de Branco”, Nelson Leirner propõe uma viagem pelo mundo do casamento, da cerimônia à maternidade; da festa à lua de mel, do erotismo dos casais ao inevitável mundo do consumo. Com humor e irreverência, características inerentes ao artista. A idéia de fazer uma exposição sobre o tema surgiu quando Leirner visitou o Museu Vale e ficou impressionado com a quantidade de noivos e noivas que vão ao local diariamente para fazer as fotos do álbum de casamento. Com as roupas da cerimônia, muitas vezes acompanhados dos pais e damas de honra, eles escolhem os mais bonitos ângulos dos jardins do Museu, além da “locação” preferida, a locomotiva de1945 fabricada na Filadélfia, situada na entrada do prédio, onde os casais simulam uma viagem e são fotografados nas janelas do vagão.

Leirner diz que o ponto de partida de seu trabalho é a obervação. “Observo para realizar. E a imagem dos noivos fotografados nas mais diversas poses no espaço de fora do Museu não saiu mais da minha cabeça. Então, decidi: é isso! Está dado o tema da exposição”, conta o artista, que pretende atrair os noivos para dentro do salão de exposições, motivando-os com as instalações que criará para o espaço. “Vestidas de Branco” tem curadoria de Moacir dos Anjos, Produção da Imago Escritório de Arte e patrocínio da Cia. Vale.

A mostra.: Na primeira sala, a cerimônia do casamento - Um enorme tapete vermelho na área central do espaço levará aos noivos, que estarão vestidos a rigor e com caras de macaco!, marca registrada nos trabalhos de Leirner desde os anos 70. Margeando o tapete, os convidados: imagens de santos, soldados, divindades afro-brasileiras, bonecos infantis e réplicas de animais, criações do artista já reverenciadas nas obras A Grande Parada (1998), O Grande Desfile (1984), O Grande Combate (1985) e O Grande Enterro (1986). Sobre a utilização de macacos em suas obras, Leirner declara: “O macaco é único. É o animal que mais se assemelha ao homem e com o qual o homem tem grande identificação”, diz o artista ao lembrar de sua recente participação na Arco, em Madri, quando os macacos utilizados em sua obra fizeram enorme sucesso.

No grande salão, a festa, a lua de mel, a maternidade ... Várias instalações compõem a maior área da exposição. O Bolo, de seis andares, com Padre Cícero ao alto, é uma delas; a música estará representada em várias fotos de instrumentos, e uma banca de jornal terá 20.000 exemplares do Jornal do Não Artista (nº 2), com um artigo do curador sobre o tema da mostra, que será o folder da exposição. Na banca também será exibido um vídeo sobre o casamento, além de revistas de noivas.

Na Lua de Mel, dois cenários: praia e campo. No primeiro, cadeiras de praia, cangas e pares de sandálias coloridas, tendo no “mar”, o Barco (2006). No Campo, um bosque de grama artificial e a Pollockow (2004), a vaca famosa de Leirner. O erotismo dos casais será lembrado através de imagens de noivas cercadas de objetos com apelo fálico.

A penúltima instalação faz refência à maternidade: doze berços, com macaquinhos de pelúcia, representarão a concepção. Por fim, o consumismo, com Bagalot (2007), uma estrutura cúbica de 2,75m x 2,75 m, onde estarão penduradas 500 bolsas coloridas.

“Vestidas de branco”, por Nelson Leirner - “Comecei a exposição do lado de fora, a partir dos noivos que se fotografam todos os dias no Museu Vale, e quero que eles sintam-se atraídos a entrar. A idéia é representar o casamento, fazendo uma passagem do presente para o futuro, e deste para o passado. Será uma exposição espelhada, sem espelho. Com a possibilidade de percorrê-la na ida, dentro estilo cronológico do casamento, da cerimônia à maternidade e ao consumo; e na volta, depois de experimentar as várias etapas e poder viver novamente o passado, o momento onde tudo começou”.

A “outra exposição” - Nelson Leirner concentrará “Vestidas de Branco” no grande galpão de exposições. Na sala de mostras temporárias, no segundo andar do edifício sede do Museu, as obras do artista irão dialogar com a exposição permanente do Museu Ferroviário. Neste espaço estarão um trenzinho feito com latas de Coca-Cola, (5,40m x 1,20m), soldadinhos e 60 aviõezinhos de lata.

O artista - Nelson Leirner possui uma obra marcadamente política, na qual os traços de humor e crítica caminham juntos. Sua produção abrange diversas linguagens e suportes, entre eles objeto, happening, instalação, outdoor, desenho, gravura, design e cinema experimental. Em todos os meios, afirma sua posição irônica ao sistema da arte abrindo brechas ao entendimento do público não-iniciado, através da utilização de materiais familiares ao povo, como imagens de santos e entidades do candomblé, soldadinhos, pequenos brinquedos, animais e adesivos autocolantes.

“O público em geral, independentemente do grau de instrução, se identifica muito com o meu trabalho, mesmo que não consiga conceituá-lo”, diz Leirner, ao afirmar que as pessoas gostam de reconhecer na arte objetos familiares. Ele cita como exemplo o trenzinho de latas de Coca-Cola, que encanta as crianças. “Para mim, lógico, a Coca-Cola significa uma interferência muito irracional dentro do nosso país, mas para a garotada é só prazer. Então, eu tenho a experiência de mães que levam os filhos quatro, cinco vezes para ver as minhas exposições, o que me agrada muito. Eles não conhecem arte hoje, mas poderão identificá-la no futuro”.

Nelson Leirner, 77 anos, pertence a uma família de artistas e críticos que inclui, entre outros, a mãe Felícia, escultora já falecida, o pai Isai, ex-diretor do MAM/SP, e a prima Jac, também artista visual. Iniciou sua carreira na década de 1950, participou de mais de uma centena de coletivas, além de realizar individuais no Brasil e em várias partes do mundo, e de atuar como professor em cursos de arte por mais de duas décadas. Leirner se recusou a participar das Bienais de 1969 e 1971 durante o período da ditadura, e em 1974 criticou o regime militar através da série A rebelião dos Animais.

Museu Vale - O Museu Vale tem como objetivo proporcionar à população um espaço de excelência em arte contemporânea, incentivar os jovens a usar a criatividade na busca do conhecimento e preservar a memória da centenária Estrada de Ferro Vitória a Minas – EFMV. Inaugurado em 15 de outubro de 1998, já recebeu mais de 600 mil visitantes e sediou 28 importantes exposições, entre as quais, “Babel”, de Cildo Meireles, realizada pelo Museu Vale na Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, premiada com o Troféu da Associação Paulista de Críticos de Arte, como a melhor exposição de 2006.

Uma das iniciativas mais notáveis do Museu Vale é seu Programa de Arte-Educação, que, entre outras ações, capacita jovens aprendizes em ofícios relativos à montagem e desmontagem das exposições. Em cada mostra, um grupo de jovens de comunidades vizinhas ao Museu participa da montagem e desmontagem, em conjunto com as equipes de profissionais especializados em áreas como iluminação, marcenaria, serralheria, pintura, comunicação visual e cenografia. Entre os principais objetivos do programa estão: oferecer conhecimentos teóricos e práticos sobre montagem e desmontagem de exposições de arte; formar novos profissionais, capacitando-os para este mercado de trabalho específico; e despertar o interesse dos jovens para atividades ligadas a museus, galerias e centros de arte, de modo muito especial no que diz respeito à preservação, atuação, responsabilidade e desenvolvimento das instituições museológicas.

Através de suas ações educativas de caráter interdisciplinar, busca uma interação que propicia novas percepções e posições diante das obras e do mundo. Para cada uma das exposições temporárias do Museu Vale há uma abordagem educativa específica, a partir das obras e conceitos em questão, envolvendo pesquisa, leitura, elaboração de materiais de estudo e treinamento de equipes. Esse trabalho, mediador entre as obras expostas e o espectador, facilita o diálogo, a compreensão e a formação do público. O Museu Vale promove ainda workshops sobre as exposições de arte contemporânea para universitários, que posteriormente ministram oficinas para professores e estudantes da rede de ensino da Grande Vitória.

Vestidas de Brancode 10 e agosto a 28 de setembro, de terça a domingo, das 10h às 18h, sexta, das 12h às 20h, no Museu Vale. Antiga Estação Pedro Nolasco s/n – Argolas | Vila Velha - ES – Brasil | Telefone: 55 27 3333-2484.

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