Jannis Kounellis

Expoente da arte povera inaugura nova galeria no Centro do Rio de Janeiro.

A Cidade do Rio de Janeiro ganha uma nova galeria de arte, com a abertura da Progetti, dia 02 de agosto, localizada num casarão centenário da Travessa do Comércio, no centro histórico do Rio, próximo aos mais importantes centros culturais da cidade. Para marcar a intenção de internacionalização de seu programa de exposições, a galeria abrirá com uma mostra individual de Jannis Kounellis, um dos nomes centrais da arte contemporânea internacional, e um dos expoentes da arte povera. O artista passará uma temporada na cidade para realizar a instalação criada especialmente para a galeria, em sua primeira exposição individual no país. Para a ocasião, será produzido um livro sobre o artista publicado pela editora espanhola Dardo ds, com o patrocínio do Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro.

À frente da Progetti estão os galeristas italianos Paola Colacurcio e Niccolò Sprovieri, ambos com larga experiência nas artes, que escolheram a cidade do Rio de Janeiro para sediar a segunda experiência como galeristas – Niccolò é o responsável pela Sprovieri Progetti, sediada em Londres, e Paola trabalhou por mais de vinte anos na histórica Galeria Lucio Amelio, de Nápoles. Os empreendedores galeristas apostam em um processo de realizações de exposições de artistas internacionais e nacionais, contribuindo para a excelência da cidade nas artes visuais. Para o evento de abertura da Galeria Progetti, foi chamada a produtora Automática, de Luiza Mello, com coordenação de Têra Queiroz.

Galeria Progetti – Arte contemporânea no centro histórico do Rio - Localizada na Travessa do Comércio, junto à Praça XV, a Galeria Progetti ocupa um sobrado de três andares de 1889, que faz parte de um dos conjuntos arquitetônicos mais bem preservados do Rio de Janeiro. A intervenção arquitetônica feita pelos arquitetos Pedro Rivera e Daniela Brasil para transformar o prédio de três andares em galeria seguiu as orientações dos órgãos do patrimônio – Departamento Geral do Patrimônio Cultural, da prefeitura do Rio, e IPHAN, este último responsável por seu tombamento.  A galeria fica ao lado da Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, de 1747, construída por devoção dos prósperos comerciantes da região.

Dos 300 metros quadrados de área construída, os espaços expositivos ocuparão 108 metros quadrados, distribuídos nos dois primeiros andares.

O projeto para implantação da Galeria Progetti contemplou a recuperação da fachada e da cobertura e, principalmente, a remodelação do espaço interno, descaracterizado por intervenções anteriores. Foram estabelecidos como diretrizes norteadoras do projeto a integração entre os diferentes níveis e a utilização de iluminação natural no interior da edificação.

“A solução arquitetônica adotada foi de demolir as lajes e o telhado nos fundos da construção, possibilitando a abertura de um grande vão encimado por uma clarabóia que ilumina uma parede monumental com mais de 15m de altura”, explica Pedro Rivera. Tanto as salas de exposição, localizadas nos pavimentos térreo e intermediário, como os escritórios, situados no pavimento superior, se abrem para este espaço, permitindo uma continuidade total entre os ambientes.

“O detalhamento da arquitetura é o mais simples e neutro possível para não interferir nas obras expostas. Os pisos foram revestidos com madeira de demolição e a luz natural é complementada por luminárias alemãs ERCO”, conta Daniela Brasil.

Jannis Kounellis – Uma Pequena Biografia, por Paulo Reis, diretor e co-editor da Dardo Magazine - Jannis Kounellis nasceu na Grécia, em 1936, e vinte anos depois decidiu morar em Roma, onde freqüentou a Academia de Belas Artes. Desde então vive e trabalha em Roma.

Kounellis é um dos mais importantes artistas oriundos da arte povera, movimento que nasceu nos anos 1960 na Itália e estendeu sua influência para diversos países. Seu encontro com os artistas Alberto Burri e Lucio Fontana foram decisivos para constituir uma vocação artística revolucionária. Além destes italianos, junta-se suas predileções por artistas polifacéticos com Wols, Fautrier e Pollock. Não foi casual que sua primeira exposição, em 1960, em Roma, se apresentava com o título “L’alfabeto di Kounellis”. Esta nova linguagem artística surgia da relação de composição entre matérias inertes e matérias vivas, para favorecer a tomada de consciência e uma atitude crítica perante a criação e a sociedade. Por isso, Jannis Kounellis optou por substituir a tradicional folha de papel ou a tela por uma placa de ferro onde aplicava seu “abecedário”, composto, entre outros elementos, de fogo, terra, carvão, lã, plantas e animais vivos e mortos.

Com esta simbiose entre o “natural” e o “artificial”, o artista abria uma nova etapa não somente em sua trajetória, mas também na arte contemporânea. Desde suas primeiras obras, telas compostas de letras e cifras negras sobre fundo branco, o artista outorga a certos signos um valor metafórico e uma função de símbolo. Ainda que nunca tenha restringido sua pintura à dimensão bidimensional, começou a realizar obras tridimensionais que buscavam integrar formas artísticas tão diversas como a pintura, a escultura, a música, o teatro e a poesia. É de sua natureza a combinação de signos e materiais no processo formal e conceitual. A obra de Kounellis é como um teatro de sensações que tomam nossos olhos como um arsenal do passado, como o umbral decisivo feito da utopia que é a arte. Ela é a sombra da arquitetura e da arqueologia, com a música do passado, onde Kounellis nos convida a aprender a olhar, a sentir, a pensar, sem palavras, e em decisivo silêncio.

Jannis Kounellis, dia 05 de agosto a 01 de novembro de 2008, de terça a sábado, das 11h às 19h, na Galeria Progetti, Travessa do Comércio, 22, Arco do Telles |Centro, Rio de Janeiro (RJ). | Telefone: (21)2221-9893| Email: [email protected] franca