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26/07/2008 - 11:44

Gestão de riscos e governança corporativa

Recentemente, foi divulgado o índice que mede o nível de corrupção em vários países. Os dados levantados entre 180 nações posicionam o Brasil na 72ª colocação na pesquisa do Índice de Percepção de Corrupção de 2007, elaborado pela ONG Transparência Internacional. A pontuação brasileira ficou em 3,5, em uma escala de 0 a 10 (em que 10 corresponde ao menor grau de corrupção). Os considerados menos corruptos são a Finlândia, Nova Zelândia e Dinamarca, que estão como os primeiros colocados do ranking, com índice de 9,4. Os Estados Unidos estão em 20º lugar. O país latino-americano melhor colocado no ranking é o Chile, que obteve a colocação de 22º lugar.

Apesar dos números acima, o risco país – referente ao Brasil -caiu a níveis aceitáveis, o que deve proporcionar facilidades na busca de tomada de créditos, e transfere a percepção de melhoria econômica aos investidores estrangeiros, que também já perceberam uma diminuição dos riscos de inadimplência. Haja vista a conquista do selo de investment grade, através do reconhecimento das duas maiores agências de avaliação de riscos, a Standard & Poor’s e a Fitch Rating, que acabaram colocando o Brasil em posição de destaque no mercado mundial.

Apesar dos números do estudo, não acredito que a corrupção seja uma prática que esteja fora do controle e também não creio no seu crescimento no Brasil, principalmente no setor privado. O que tem havido é uma demonstração de vontade, de honestidade e de transparência, por parte de algumas pessoas de coragem, para denunciar essas práticas, que acabam emporcalhando a imagem do País, assim como mostra o estudo.

Com objetivo de reduzir riscos, modernos conceitos de governança corporativa já vêm sendo adotados por grandes empresas brasileiras e, já há algum tempo, por corporações multinacionais. Com o efeito da globalização, mais presente do que nunca, a proximidade das empresas brasileiras com as estrangeiras, além dos processos de fusões e aquisições e, as aberturas de capitais (IPO), têm exigido muito mais padrões e sistemas que proporcionam maior transparência das companhias.

O acesso à informação, através dos meios de comunicação, facilita à população a obter conhecimento dessas práticas ilícitas, provocando indignação geral. A convivência da sociedade com a corrupção está diretamente ligada à informação que ela recebe. A partir daí, começam as piadas, que chegam a levar o País a um descrédito geral.

Hoje, aos poucos, essas barreiras estão sendo rompidas. Pela facilidade de acesso às informações, a população começa a entender como a corrupção acontece e, principalmente, quem lucra com ela. Isto facilita e estimula a mobilização da sociedade e dos meios de comunicação no combate a essa praga.

Porém, algumas práticas da comunicação não ajudam. Não existe corrupto sem corruptor. A necessidade de uma forte ação de cultura deve, necessariamente, abranger essas duas pontas. Mais ainda, a ética não deve ficar apenas no âmbito filosófico, não se deve apenas comentar e condenar a corrupção, mas sim ser efetivamente ético. Os profissionais de todos os setores e segmentos da sociedade, inclusive em sua vida particular, não deveriam participar e se envolver em atividades comprometedoras, por mais inocentes que possam parecer, como dar "caixinha" para um funcionário público para que um determinado documento saia mais rápido, na tentativa de se evitar uma fila.

Os auditores costumam encontrar diversas irregularidades em empresas, dentre elas a corrupção. Certa vez, nossos profissionais da BDO Trevisan depararam, ao realizar auditoria em uma empresa, com um grave erro no desenho da estrutura de procurações. Havia cerca de 30 profissionais habilitados a tomar decisões de alta importância sem aprovações ou consultas prévias. A fragilidade do sistema propiciava margem para equívocos ou fraudes. Um trabalho preventivo permitiu um redesenho que coibia eventuais ocorrências de problemas.

Apesar de muitas corporações já adotarem práticas de governança corporativa, percebe-se, através de visitas a clientes e targets, que o assunto gestão de riscos ainda é muito incipiente e que os gestores brasileiros ainda não dão a devida atenção às modernas ferramentas de gerenciamento nessa área. Mas tudo é uma questão de tempo. Afinal de contas, o Brasil ainda é um país emergente.

. Por: Eduardo V. Cipullo é contador, auditor de empresas e sócio-diretor de Risk Advisory Services da BDO Trevisan.E-mail: [email protected]

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