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07/08/2008 - 09:22

Excelência para inglês ver

Em pleno século XXI e com tantas tecnologias a nosso favor, é impossível imaginar uma sociedade no escuro. A eletricidade tornou-se uma necessidade essencial, assim como a água. Viver sem energia elétrica e os aparelhos eletrônicos seria como voltar no tempo.

Porém, além do gargalo na geração de energia, algumas empresas de distribuição para os consumidores deixam a desejar. Assim é a Eletropaulo, que, nos últimos dez anos, deixou de investir na rede elétrica para “engordar” os lucros de sua matriz dos Estados Unidos, a AES.

É gritante a diferença do serviço prestado à população antes e depois da privatização. Até 1998 – ano em que a estatal foi vendida - a empresa era considerada uma das melhores do mundo. Tinha excelência em atendimento, prioridade hoje excluída dos padrões da AES. A qualidade do serviço diminui tanto quanto os lucros da empresa aumentaram.

De acordo com o relatório de sustentabilidade 2007 da empresa, são 5,6 milhões de clientes – 16,3 milhões de pessoas atendidas – nos 24 municípios abrangidos pela Eletropaulo, incluindo a capital paulista. Essas cidades consumiram, em 2007, 40 gigawatts (GWh), um aumento de mais de 21% em relação ao ano anterior, com 33 GWh, que cresceu apenas 10% comparado a 2005 (30 GWh).

Com o aumento de consumidores, seria necessário ao menos manter o número de funcionários de uma década atrás. Entretanto, essa quantidade foi reduzida a mais da metade. Atualmente, são pouco mais de quatro mil contratados, ante os 10.500 empregados antes da privatização. A rede cresceu e, com quase 18 mil quilômetros, é evidente que a contratação de profissionais precisaria ser ampliada e não reduzida, apesar da tecnologia existente.

Os poucos funcionários capacitados a executar serviços de conservação da rede não insuficientes. Ainda mais quando a empresa não investe em manutenção preventiva, apenas na corretiva, ou seja, espera quebrar para consertar, apesar de o valor para arrumar ser mais alto do que para conservar.

Os R$ 84 milhões investidos na rede, divulgados no relatório de sustentabilidade, tornam-se pouco quando dividimos esse valor pelos 42,4 mil quilômetros de ligação existente na área de cobertura da Eletropaulo. São pouco mais de R$ 2 mil por quilômetro, por ano, em equipamentos que estão obsoletos e podem causar danos, inclusive físicos, à população. São problemas de fácil resolução quando há comprometimento da empresa. Entretanto, infelizmente esse não é o caso da Eletropaulo, que expõe os R$ 84 milhões de investimento como um troféu, quando na verdade é preciso muito mais. É como se atender bem e garantir a segurança dos usuários não fossem obrigações e responsabilidades de uma concessionária de serviços públicos.

No último relatório de sustentabilidade, fica clara a satisfação da empresa em ter conquistado prêmios de excelência. Entretanto, do que adiantam certificados, se os consumidores não podem confiar na rede elétrica de que tanto dependem? Além disso, vão pagar ainda mais caro pela energia que consomem. Em julho, os clientes residenciais da Eletropaulo depararam-se com aumento de 8,6% na conta de luz, aprovado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

A população já paga altas tarifas para o péssimo serviço que recebe. É injusto que ocorram mais reajustes e nenhuma melhoria nos equipamentos expostos na rua. É necessária fiscalização mais intensa dos órgãos responsáveis, como a ARSESP (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) e a Aneel, sobre os investimentos da empresa em manutenção e expansão da rede elétrica. Quem presta à sociedade serviços de atribuição original do Estado não tem o mínimo direito à negligência.

. Por: Carlos Alberto dos Reis é presidente do Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo.

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