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Pecuária e câmbio impedem crescimento maior da agroindústria em 2006

Rio de Janeiro - As condições favoráveis de clima observadas no ano passado levaram a agroindústria brasileira a crescer 1,6% no período, revertendo a queda de 1% registrada no ano anterior, afetado por forte estiagem, em especial no Sul do país. O dado consta de pesquisa divulgada dia 8 de fevereiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O economista do Instituto, Fernando Abritta, salientou, entretanto, que o aumento apurado não foi suficiente para acompanhar a expansão de 2,8% da indústria nacional em 2006. Do lado positivo, o resultado da agroindústria no ano passado foi ajudado pelo crescimento de 3,4% dos setores associados à agricultura, refletindo o incremento de 3,6% da safra nacional.

Abritta destacou os produtos industriais derivados da agricultura, cujo crescimento atingiu 4,3% em 2006. Dentre esses, ressaltou os derivados da cana-de-açúcar, com alta de 7,9%, "por conta da maior demanda de álcool, para atender o crescimento da frota de veículos bicombustível e também por conta da maior exportação, tanto de açúcar, como de álcool, que foi impulsionada pela alta dos preços internacionais". O economista informou que outras contribuições positivas vieram de celulose, que cresceu 4,2%, e fumo (6,2%). "São produtos relevantes na pauta de exportação do Brasil".

Pelo lado negativo, a redução de 0,8% na produção pecuária também afetou o resultado da agroindústria em 2006. A pecuária é formada por dois sub-grupos. Eles incluem os produtos industriais derivados da pecuária, que são produzidos e ofertados ao mercado pelo setor; e os produtos utilizados pela pecuária, ou seja, os produtos que a pecuária compra da indústria, como produtos veterinários (vacinas)e as rações e os suplementos vitamínicos.

O segmento de derivados de aves, que compõe a pecuária, caiu 3,4%. “Ele tem um peso importante dentro dos derivados da pecuária. Por conta da crise mundial do setor avícola, provocada pela gripe aviária, as exportações brasileiras sofreram queda. Isso resultou no recuo de 3,4% da produção de derivados de aves”.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a exportação de pedaços e miudezas de aves foi 4,8% menor e a de carne de galos e galinhas não cortados em pedaços caiu 9,1%. "Isso tudo por conta da retração do consumo mundial de carne de frango", observou.

Abritta analisou que esse fato contribuiu também para que o resultado da agroindústria brasileira não fosse maior em 2006 do que 1,6%. "Não só os derivados da pecuária. Também os produtos utilizados pela pecuária caíram 1,5%. E o que puxou para baixo foi o grupo das rações, com queda de 2,2%, também prejudicado pela crise no setor avícola".

O câmbio exerceu influência expressiva no resultado da agroindústria. "O câmbio, uma vez valorizado, reduz as exportações. Isso prejudica a rentabilidade do agronegócio e desincentiva a produção", explicou Abritta. O economista chamou a atenção, porém, para o fato de que alguns setores, apesar do câmbio, continuaram a exportar. Um exemplo é a pecuária bovina, cuja exportação de carnes congeladas experimentou alta de 21,3% no ano passado. E o açúcar de cana cresceu 10,6% em quantidade exportada, recordou. A exportação de álcool, por sua vez, cresceu 23,1%.

A valorização cambial afetou ainda o setor de máquinas e equipamentos agrícolas, prejudicando a aquisição de implementos e a exportação. Em função disso, os derivados de soja, que são o principal grão produzido e exportado pelo país, tiveram queda de 5%. “Mais de 40% da produção de grãos do Brasil vêm da soja. E como a soja caiu 5%, também devido aos menores preços internacionais e à valorização cambial, isso fez com que a menor receita proveniente da soja resultasse também na menor compra de máquinas e equipamentos agrícolas”, explicou. A produção de máquinas e equipamentos caiu 16,7%.

Os aumentos do trigo (1,9%) e do arroz (0,2%) são explicados pelo abastecimento do mercado interno e foram favorecidos, segundo Abritta, pelo aumento da massa salarial e, em conseqüência, pela procura de alimentos básicos.

Por outro lado, apesar do embargo à exportação brasileira decorrente de focos de febre aftosa ocorridos no final de 2005, a pecuária bovina e suína cresceu 0,5%. O grupo de inseticidas e outros defensivos recuou 8,7%, devido ao menor uso na lavoura de soja. Essa cultura responde por cerca da metade da utilização de defensivos no Brasil. | Por: Alana Gandra/ABr

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