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11/08/2008 - 15:57

A beleza bruta da pintura de João Magalhães

João Magalhães tem uma relação rígida com a pintura. Ele considera suas telas "secas", no sentido de que faz o máximo para expor o essencial. A safra mais recente é basicamente preta. Magalhães não usa outras cores, que dividiriam a atenção do espectador e funcionaria como elemento de sedução desnecessário.

A individual do artista mineiro, radicado no Rio de Janeiro, reúne 23 telas, de médias e grandes dimensões, todas inéditas, feitas entre 2006 e 2008. Ele é daqueles fiéis à tinta sobre tela, desde que começou a expor em 1978, no Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM-RJ, onde ele volta a mostrar seu trabalho, exatos 30 anos depois.

O crítico Frederico Morais escreveu, em 1995, que a pintura de Magalhães é "brutalista" e, nesse sentido, a compara com a escultura de Amilcar de Castro e de Ivens Machado. E justificou: "Não se trata de uma pintura dócil e amena, permeada por delicadezas de qualquer espécie - textuais, desenhísticas, cromáticas. Ao contrário, é uma pintura direta, contundente, quase agressiva na sua nudez expressiva". O artista confirma que sua atuação na tela é direta, rápida, ainda que a etapa anterior, a de cálculo, controle, conhecimento de história da arte, seja longa.

Morais alerta para não se confundir a pintura brutalista com "espontaneismo, improvisação ou velocidade de execução". Ele diz que é um brutalismo "às avessas" - um exercício de sofisticação, requinte e inteligência visual."

Nesta exposição do MAM-RJ, todos os trabalhos falam de "possibilidades da pintura, usando os meios da própria pintura", diz o artista. Por exemplo: que pele é essa a da pintura? Duas das obras apresentam sua "pele" - camadas e camadas de tinta preta opaca - descolada do suporte e dobrada sobre a superfície do quadro.

Um grupo de pinturas tem o plano preenchido por linhas imprecisas verticais paralelas, que acompanham o limite do chassis. É, segundo João, não-composição com imprecisão.

Outro conjunto é inspirado em artistas, como Hans Haacke, Monet e Pol Bury. A baixa qualidade de xerox em preto e branco, interessou Magalhães como imagens. Ele as escaneou, projetou-as sobre a tela e pintou, também, em preto e branco como o original [xerox]. No caso de Monet, o trabalho é "Nympheas", com as mesmas dimensões do original: 200 x 420 cm.

Há trabalhos que incorporam o erro que o artista faz ao usar o computador, que ele não domina: por exemplo, adotar bordas irregulares na tela, porque não conseguiu desenhá-las regulares no computador.

Em várias telas a pincelada é apenas visível. Mais uma vez, o pintor explica que elas são aparentes só para mostrar que é pintura e não para exibir gestualidade.

João Magalhães é Mestre em Linguagens Visuais pela EBA | UFRJ, tendo como orientador Carlos Zílio. É professor de pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e do curso de Artes da Universidade Estadual do RJ [UERJ]. Em 1995, ganhou o Prêmio Icatu das Artes, para uma temporada na Cité des Arts, em Paris, onde morou por um ano entre 1996-1997. Realizou uma individual na Cité International des Arts. Além de individuas no Rio, em São Paulo [Pinacoteca], Salvador e Belo Horizonte, Magalhães fez também mostra solo em Colônia, Alemanha, na galeria Olaf Clasen.

O artista tem obras nas coleções institucionais Fundação Nacional de Arte (FUNARTE), RJ * Escola Panamericana de Arte, SP * Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba * Museu do Estado de Pernambuco, Recife * Museu de Arte Contemporânea de Campinas, SP * Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP * Casa de Cultura Laura Alvim, RJ * Museu de Arte Moderna (MAM) -Coleção Gilberto Chateaubriand, RJ * Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), RJ * Museu de Arte e Cultura - Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá * Universidade Federal Fluminense, Niterói * Universidade Federal de Juiz de Fora, MG * Cité des Arts, Paris * Museu de Arte Contemporânea (MAC), Niterói.

Acompanha a exposição um catálogo bilíngüe, português-inglês, com texto de apresentação de Reynaldo Roels, curador do MAM-RJ, e uma entrevista com o artista, feita por Carlos Zilio, Gloria Ferreira e Luiza Interlenghi.

De 13 de agosto a 05 de outubro 2008, terça a sexta, 12h às 18h, sábado, domingo e feriado, 12 às 19h, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Av Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro (RJ). Telefone (21) 2240-4944 | www.mamrio.org.br | A bilheteria fecha 30 min antes do término do horário de visitação.Ingresso: R$ 5,00 e R$ 2,00 | Ingresso família aos domingos R$ 5,00

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