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12/08/2008 - 10:51

Estudos da Embrapa e Unicamp geram propostas do agronegócio para reduzir impacto do aquecimento global no Brasil

Financiamentos a pesquisas, crédito para produtores ambientalmente sustentáveis e acesso gratuito às informações meteorológicas são pontos defendidos pela direção da Abag para viabilizar soluções que reduzam o impacto do aquecimento global na agricultura. O estudo da Embrapa e Unicamp foi apresentado no dia 11 de agosto (segunda-feira), durante o 7º. Congresso Brasileiro de Agribusiness, no WTC, em São Paulo.

Cristiano Walter Simon, vice-presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), defendeu nesta segunda-feira, no 7º Congresso da Abag, ação conjunta e urgente de governo e iniciativa privada e investimentos em recursos materiais e humanos para tirar do papel os estudos sobre o impacto do aquecimento global na agricultura e solo brasileiros. "O assunto é complexo, mas é hora de arregaçar as mangas, e sem o apoio do crédito, não será possível levar isso adiante".

Simon fez referência ao estudo "Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira", divulgado ontem pela Embrapa e Unicamp para mostrar o impacto do aquecimento global as culturas agrícolas mais importantes para o agronegócio brasileiro.

Simon citou os pontos que a Abag considera fundamentais, como o financiamento a uma pesquisa de adaptabilidade de plantas a novas condições climáticas. Outra reivindicação é a realocação de verbas para os estudos de migração populacional que serão verificados no cenário do aquecimento global. "As pessoas irão atrás das melhores condições para determinada cultura e precisamos contar com isso", disse.

Para Simon, o acesso a informações meteorológicas precisa ser gratuito. "Os institutos oficiais precisam abrir suas informações para não inviabilizar os negócios dos pequenos produtores". Outro ponto defendido por ele é a concessão de crédito para agricultores que já possuam programas de produção dentro dos preceitos de sustentabilidade.

Sobre a água, insumo que está se tornando raro e caro para a agricultura, Simon defende o financiamento para estudos que encontrem formas de manejo sustentável, para evitar desperdícios e garantir a perenidade dos recursos.

Estudo Destaque do 7o Congresso Brasileiro de Agribusiness, o estudo "Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira" foi realizado pela Embrapa, Unicamp e Embaixada Britânica para mensurar o impacto das mudanças climáticas trazidas pelo aumento de temperaturas sobre as nove culturas agrícolas mais importantes para o agronegócio brasileiro (algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, feijão, girassol, mandioca, milho e soja, que juntas correspondem a 86,17% do total da área plantada no país).

O trabalho traça os cenários para essas culturas em longo prazo e apresenta o manejo das sementes e sua adaptação às novas condições climáticas como uma solução para compensar as alterações no meio ambiente e mostra também a necessidade de se mudar procedimentos em curto prazo. "A pesquisa científica fez a produção agropecuária crescer 60% no Brasil nas últimas duas décadas, segundo o Ministério da Agricultura, e para manter esse ritmo somente com o uso dos transgênicos e do melhoramento das famílias de sementes já em uso", afirma Eduardo Delgado Assad, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária e coordenador do estudo, em parceria com Hilton Silveira Pinto, diretor do Cepagri.

As conseqüências do aquecimento poderão trazer prejuízos de R$ 7,4 bilhões em 2020 e de R$ 14 bilhões em 2070, segundo o estudo. Culturas como a de cana e mandioca teriam sua distribuição alterada em território nacional, mas se beneficiariam. Isso porque, por suas características, teriam mais terra adequada para o plantio após as mudanças climáticas, com maior disponibilidade de áreas de baixo risco pelo Brasil. A soja, porém, seria a mais prejudicada, com perda de até 40% da área de baixo risco para plantio, com prejuízos de até R$ 7,6 bilhões em 2070. Culturas como a do café sofreriam com a migração de áreas, das tradicionais em São Paulo e Minas Gerais, para a região sul, onde o clima ganharia em temperatura e seria mais adequado à planta.

O objetivo do estudo é justamente antecipar as mudanças climáticas e iniciar as pesquisas para a criação de sementes adequadas e a orientação aos produtores sobre onde será melhor, no futuro, investir em plantações. "Mas isso tem de ser feito já. Não podemos esperar acontecer para mudar de atitude", diz Assad, da Embrapa. Segundo ele, o estudo apresentado nesta segunda-feira é o terceiro alerta sobre o problema (há outros dois trabalhos, de 1998 e 2001) e seria absurdo aguardar novas confirmações para dar início a mudanças. "Não podemos esperar o ano de 2020 para ter certeza de que estamos falando a verdade. É fazer agora, ou pagar muito caro mais à frente". Assad se queixou ainda da falta de apoio governamental para pesquisa e da fuga de 'cérebros' para o exterior. "A burocracia para recebermos verbas de investimento em estudos é colossal. Por isso, perdemos o bonde das oportunidades, deixamos de atrair pesquisadores e perdemos os poucos que temos. O governo é irracional neste ponto".

Em seu discurso no 7º Congresso da Abag, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, afirmou que os estudos apresentados nesta segunda-feira já estão servindo como base para 220 projetos de adaptação da produção agrícola em todo o país. "Já tínhamos conhecimento sobre os dados do trabalho. Estamos colocando as pesquisas em campo para transformarmos conhecimento em resultados. Em breve teremos conhecimento sobre eles", disse o ministro.

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