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16/08/2008 - 12:55

Mundo Verde vai ampliar a prática do Comércio Justo

Movimento por economia solidária ganha força no Brasil e rede já se prepara para vender alimentos com selo da Fairtrade.

O Comércio Justo certificado tem crescido mais de 20% ao ano no Brasil. O movimento tem apoio do Mundo Verde, a maior rede de lojas especializadas em produtos naturais e orgânicos e para bem-estar. A franquia já estuda a oferta de produtos com certificação de comércio justo da Fairtrade Labelling Organizations International. A previsão é que até o final do ano, produtos com o selo Fairtrade Brasil sejam encontrados nas gôndolas de parte das 128 lojas da rede no país e também nas franquias de Angola e Portugal.

“Acreditamos que o movimento crescente do comércio justo no Brasil está fundamentado na percepção de que nosso mundo precisa mudar. O comércio justo, ético e solidário virou um conceito importante no mundo globalizado e no Mundo Verde. É um novo modelo de relação comercial, baseado no tripé ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável”, afirma Jorge Antunes, sócio-fundador e diretor de compras da rede. Ele participará no próximo dia 19 da abertura do 1º Encontro Internacional de Comércio Justo e Solidário, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

O Mundo Verde aposta numa nova maneira de promover o comércio de justo e solidário faz tempo. Desde 2004, em parceria com o SEBRAE/RJ, a rede divulga e vende as Vassouras Ecológicas, feitas de garrafas PET por comunidades carentes que participam do Projeto de Educação Ambiental e Coleta Seletiva de Lixo Recicla Três Rios, no centro-norte fluminense. Cerca de 2 mil vassouras ecológicas já foram produzidas para ser vendidas exclusivamente nas lojas do Mundo Verde desde o início da parceria, em 2002.

O Mundo Verde também apóia e comercializa o artesanato de capim dourado, produzido pela Associação Comunitária dos Artesãos e Pequenos Produtores de Mateiros (ACAPPM), no Cerrado do Jalapão, no Tocantins. Outro produto de comércio justo encontrado na rede é a banana passa orgânica produzida pela Comunidade Sustentável Goura Vrindávana & Ashram Hare Krishna, em Paraty, no Estado do Rio de Janeiro.

Os acessórios de capim dourado (brincos, pulseiras, bolsas, colares, porta-jóias etc.) são encontrados nas lojas Mundo Verde em Petrópolis, na Região Serrana, e nos bairros da Tijuca e São Cristóvão, no Rio de Janeiro. A partir de setembro, também passarão a ser comercializados na franquia de Portugal. Já a banana passa de Paraty pode ser encontrada em diversas lojas do Rio de Janeiro e São Paulo.

Este ano, o Mundo Verde também aderiu ao Fórum Amazônia Sustentável (FAS). A contribuição da franquia será oferecer visibilidade a produtos de manejo sustentável genuinamente amazônicos, contribuindo para a geração de trabalho e renda nas comunidades locais. Para isso, será criado um setor específico de produtos amazônicos nas lojas da rede. “Nosso objetivo é dar acesso a nossos clientes a produtos de excelente qualidade, mas infelizmente ainda desconhecidos do grande público”, afirma Antunes.

Segundo ele, nos últimos anos é crescente o número de pessoas e empresas brasileiras que vêem na sustentabilidade, no consumo consciente e no comércio justo e solidário os fundamentos essenciais para o bem estar, qualidade de vida e desenvolvimento social. “Assim, já podemos vislumbrar melhores dias para as futuras gerações, que certamente não admitirão empresas, pessoas e governos que não tenham valores e princípios alinhados com estes ideais”, destaca o empresário.

Sustentabilidade no DNA da empresa - Jorge Antunes afirma que os conceitos de sustentabilidade, que hoje norteiam comércio internacional, fazem parte do DNA do Mundo Verde desde a sua criação, há 21 anos. Ela lembra que a empresa foi uma das primeiras no mercado mundial a colocar no varejo a preocupação com a saúde do corpo e da mente, introduzindo o conceito de bem-estar. “Os valores e princípios que deram origem ao Mundo Verde e que integram o dia-a-dia de nossas atividades têm como pilares a responsabilidade social e o consumo consciente, que consideramos os principais atributos competitivos das empresas neste século”, afirma ele.

Para Antunes, esta preocupação constante é a razão do sucesso do Mundo Verde, que surgiu em 1987, em Petrópolis, interior do Estado do Rio de Janeiro, e se expandiu por 15 estados brasileiros, além de Angola e Portugal. Um dos marcos na trajetória dos 21 anos da rede foi a inauguração, em novembro de 2007, da primeira loja Mundo Verde na Amazônia, na cidade de Belém (PA). A segunda unidade na região foi aberta em maio deste ano, também na capital paraense.

A empresa tem como missão “oferecer Qualidade de Vida, Consumo responsável e Sustentabilidade” e tem como visão de futuro se tornar uma “marca mundial em bem-estar”. “O negócio do Mundo Verde é voltado para inovar e lançar conceitos, baseados na alimentação natural e orgânica, preservação da natureza, desenvolvimento sustentável, bem estar e qualidade de vida. Também promovemos o comércio justo e solidário, que valoriza a geração de trabalho e renda, além de incentivar atitudes de compromisso e responsabilidade com a vida, o planeta e o futuro da humanidade”, afirma o diretor e fundador da rede.

Saiba mais sobre os projetos apoiados - Vassouras ecológicas - Uma remessa das vassouras ecológicas foi enviada ano passado para a máster franquia do Mundo Verde em Luanda, Angola. O próximo passo é exportar a vassoura para a nova loja a ser aberta em setembro, na cidade do Porto, em Portugal, que marca o início do processo de expansão da rede na Europa. O programa de educação ambiental Recicla Três Rios envolve 40 escolas do município. Em média, são coletadas 35 toneladas/mês de materiais recicláveis pela cooperativa. O projeto beneficia 120 famílias e gera trabalho e renda para 48 pessoas que participam de cinco grupos produtivos (Coleta Seletiva, Costurando com Amor, Bambunato, Empapelando e Pet Bambu). Mais informações: Ong Recicla Três Rios - (24) 2255-3541 - [email protected]

Capim Dourado – Com estilo e design, o artesanato de capim dourado conquistou mercado nos grandes centros, tanto no Brasil quanto no exterior. A ACAPPM - Associação Comunitária dos Artesãos Pequenos Produtores de Mateiros defende os interesses do "ouro do cerrado", o capim dourado, só encontrado nessa região. Ao artesanato tradicional do trançado de capim dourado com fios da palmeira Buriti, técnica aprendida com os índios por Dona Miúda.

A comunidade local abandonou a lavoura e uma tarefa antes realizada pelas mulheres para uso próprio passou a ser desenvolvida por todos da região, levando quase à extinção do capim e muitos atravessadores no percurso. Algumas medidas foram tomadas, como a criação de reservas florestais e cadastramento pelo Ibama de artesãos autorizados para a extração e manejo sustentável, que só ocorre no mês de agosto e antes do período das chuvas. Mais informações: ACAPPM – (63) 3534-1128.

Banana Passa - Na comunidade Goura-Vrindávana, em Paraty, são aplicados os princípios de agro-floresta. Estão em andamento quatro projetos de pesquisa científica que são parte de um projeto global chamado Prodetab, financiado pelo Banco Mundial e pelo Governo brasileiro. A iniciativa tem parceria da Universidade Rural Federal do Rio de Janeiro, Embrapa - Instituto de Agrobiologia e Rede Brasileira Agro-florestal (Rebraf).

A produção de banana passa, que constitui a base econômica mais importante do projeto, é baseada nos princípios do desenvolvimento sustentável. São produzidas banana passa de três espécies: nanica (banana d’água), prata e ouro. O “carro chefe” é a banana prata, rica em potássio, “light” em frutose e sequinha. A comunidade também desenvolve um projeto de auto-suficiência de energia elétrica produzida a partir de queda d’água e planeja utilizar outras fontes alternativas, como a energia solar. Mais informações: http://www.goura.com.br/

Números no Brasil - A preocupação com a chamada economia solidária, que visa promover a igualdade e a inclusão social, ganha força no cenário latino-americano, especialmente no Brasil, nos últimos três anos. Este conceito está cada vez mais presente na pauta de reuniões de órgãos governamentais, entidades civis e empresariais e nas prateleiras de supermercados e grandes redes de comércio varejista. No Brasil, o movimento ganhou fôlego a partir de iniciativas concretas para a comercialização dos produtos de pequenos produtores focados no mercado interno.

Atualmente, existem no país mais de 14 mil empreendimentos solidários, distribuídos em 2.274 municípios. O total corresponde a 41% dos municípios brasileiros e, de acordo com estudo do Sebrae em 2007. Existem 465 operadores certificados ativos na América Latina, sendo 359 produtores e 106 traders, ou seja, empresas que apóiam a comercialização. O ranking era liderado pelo Peru, seguido por México, Colômbia e Nicarágua. O Brasil aparecia em quinto lugar, com 31 operadores.

A maior concentração dos empreendimentos da economia solidária está na região Nordeste, com 44%. O restante está distribuído com 17% na região Sul, 14% no Sudeste, 13% no Norte e 12% no Centro-Oeste. De todos os produtos mais comercializados, destacam-se os relativos às atividades agropecuária, extrativista e pesca, alimentos e bebidas e produtos artesanais.

O levantamento aponta ainda que a diversidade das iniciativas locais dos produtores e de todos os elementos das cadeias produtivas no novo movimento brasileiro são as principais justificativas para a expansão do processo. A publicação, realizada pela consultoria Schneider & Associados, traz informações de mercado, tabelas e dados sobre as entidades envolvidas e as principais práticas no Brasil, na América Latina e em todo o mundo. O objetivo é identificar oportunidades de mercado para diversos segmentos, principalmente, para os voltados a agronegócios, artesanato, confecções e turismo.

De acordo com dados do Sebrae, a expansão do mercado em 2007 foi de 25% em volume e valor para atingir um nível de 150 mil toneladas, o que equivale aproximadamente a US$1 bilhão no varejo. Várias são empresas que dividem a preocupação com o desenvolvimento sustentável, através de melhores condições de troca e da garantia dos direitos para produtores e trabalhadores marginalizados.

A Secretaria Nacional de Economia Solidária informa que há no Brasil 18.878 empreendimentos, com 1,574 milhão de postos de trabalho e faturamento acima de R$ 6 bilhões por ano. O Nordeste, com 8.720 iniciativas, lidera o comércio justo no país. A Secretaria revela que 11.243 do total de 18.878 empreendimentos começaram com recursos dos trabalhadores, enquanto 7.800 com recursos de órgãos governamentais. A agricultura é o setor que reúne o maior número de empreendimentos de economia solidária, sendo milho, feijão e arroz, pela ordem, os três principais produtos.

Comércio justo, o conceito - Comércio Justo é uma parceria comercial baseada em diálogo, transparência e respeito, que busca maior eqüidade no comércio internacional. Ele contribui para o desenvolvimento sustentável através de melhores condições de troca e a garantia dos direitos para produtores e trabalhadores marginalizados – principalmente do hemisfério sul. Esta é a definição de Fair Trade que a IFAT (International Federation of Alternative Trade) estabeleceu em 2001 para nortear todo o setor.

Esta iniciativa tem como objetivo principal estabelecer um contato direto entre o produtor e o comprador e tirá-los da dependência de atravessadores e das instabilidades do mercado global de commodities, evidenciando que a relação comercial entre eles precisa obedecer a princípios precisos para que possa ser considerada justa. No Brasil é muito usada a expressão “comércio ético e solidário”, num sentido mais amplo, abrangendo todas as formas alternativas de comércio, não necessariamente obedecendo aos critérios definidos pela IFAT. Os princípios mais relevantes são: Transparência e co-responsabilidade na gestão da cadeia produtiva e comercial;

Relação de longo prazo que ofereça treinamento e apoio aos produtores e acesso às informações do mercado;

Pagamento de preço justo no recebimento do produto, além de um bônus (premium), que deve beneficiar toda a comunidade, além de financiamento, quando necessário;

Produtores organizados democraticamente, (por exemplo, em cooperativas);

Respeita à legislação e normas (por exemplo, trabalhistas) nacionais e internacionais e crianças freqüentando escola; Respeito ao meio ambiente.

Origem e desenvolvimento - Os primeiros a praticarem a economia solidária, embora desconhecessem a expressão, foram os índios de diversas regiões da Terra. O cooperativismo, que surgiu na Inglaterra em meados do século 19, também é pioneiro no comércio justo, que vai além da produção. Ele visa qualidade de vida, de consumo e solidariedade entre os cidadãos, promovendo redes de consumidores com princípios éticos e sustentáveis.

Esse tipo de cooperativismo promove a criação de redes de comércio a preços justos, para que os benefícios da produção sejam divididos de maneira mais eqüitativa. O consumo organizado e consciente permite que se exerça pressão por produtos de qualidade, pela criação de leis mais efetivas e de redes que adotam o comércio justo.

A economia solidária, em sua história mais recente, apareceu na Europa no final da década de 50 e hoje é praticada por milhares de comunidades em todo o mundo. Em 2002, a Oxfam, ONG britânica, lançou a campanha "Comércio com Justiça", em 14 países, porque achava que as regras e relações comerciais eram injustas e aumentavam a exclusão e a pobreza do planeta. Segundo a Oxfam, se África, Ásia e América Latina incrementassem as exportações em 1%, isso ajudaria a tirar 128 milhões de pessoas da pobreza. A ONG estimava em US$ 1 bilhão/dia os subsídios para os agricultores de nações ricas.

Em 2004, o comércio justo movimentava na Europa mais de US$ 230 milhões anuais, segundo a EFTA - Fair Trade in Europe (livre comércio na Europa). Em 1997, foi criada a FLO - Fair Trade Labelling Organizations International (organizações internacionais de livre comércio), que garantia produtos de comércio justo e reunia 17 certificadoras da Europa, EUA, Canadá e Japão. Os maiores mercados eram Alemanha (US$ 60 milhões), Suíça, Reino Unido e Holanda (mais de US$ 30 milhões cada), EUA e Canadá (US$ 100 milhões juntos). Como produtos certificados, na época saíam do Brasil suco de laranja e banana-passa e, sem certificação, óleo de soja, melão, café e camiseta.

Atualmente, o Comércio Justo tem como principais mercados a Suíça, com 100 milhões de euros, um consumo per capita anual entre 10 e 16, e a maior penetração, com 24% do mercado global de banana de Comércio Justo, seguidas pelo Reino Unido e Alemanha. A França, a Áustria e a Noruega apresentam as maiores taxas de crescimento. O maior desenvolvimento é esperado nos EUA e Escandinávia. A gama de produtos certificados pela entidade internacional inclui café, chá, arroz, cacau, mel, açúcar, frutas frescas e até produtos manufaturados, tais como bolas de futebol, que são vendidos em mais de 3 mil world shops1 em 18 países e entre 70 a 90 mil pontos de venda convencionais.

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