Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

19/08/2008 - 13:12

Oportunidade de ampliar índice nacional de leitura

As estatísticas nacionais relativas aos livros são historicamente negativas. Ano a ano, as pesquisas indicam que o brasileiro lê pouco, comprando menos de dois exemplares por habitante/ano. Porém, antes de condenar sumariamente nossa população por seu índice de leitura, é preciso considerar que, nos mais de cinco séculos desde o descobrimento, ela foi paulatinamente afastada das letras por razões de ordem política e econômica.

É preciso lembrar, por exemplo, que a imprensa e as tipografias brasileiras surgiram somente em 1808, três séculos e meio depois que o alemão Gutenberg inventou o tipo móvel. O Brasil foi um dos últimos países do mundo a implantar tipografias. O atraso não se deu apenas devido à localização remota e precariedade da então Colônia em relação à Europa, mas, sobretudo, em decorrência do espírito inicial de nosso colonialismo. “Mais importante do que alfabetizar as crianças indígenas era destruir nelas a cultura de seus pais”, observa Nélson Werneck Sodré.

Em 2008, transcorrem 200 anos desde a instalação da primeira tipografia, a Imprensa Régia, e do primeiro jornal oficial, A Gazeta do Rio de Janeiro. É um expressivo aniversário da imprensa e da indústria gráfica em nosso país. Feliz coincidência desse bicentenário com um momento bastante favorável da economia, em que temos boas oportunidades de reverter a perversa distribuição de renda e o crescimento baixo do PIB nas últimas décadas, dois fatores realmente inimigos do mercado livreiro.

Temos todas as condições de pôr fim a um cenário no qual milhões de brasileiros não criaram o saudável hábito de ler jornais, revistas e livros. O crescimento da economia e a recente inclusão de expressivo número de famílias no mercado de consumo abrem novas perspectivas para que mais pessoas se interessem por ler. Não basta, contudo, poder aquisitivo. É preciso estimular o hábito, criando uma nova cultura nacional.

Nesse aspecto, a 20ª Bienal do Livro de São Paulo, neste mês de agosto, cumpre missão exponencial, atraindo milhares de pessoas ao imprescindível universo do livro. Evento de tal magnitude, no presente cenário da economia, poderá significar um estímulo importante. Esse movimento, entretanto, não pode ficar restrito à escala do atacado de um evento como a Bienal, um dos maiores do calendário brasileiro de feiras. É necessário, também, que empresas e organizações de todos os setores dediquem-se à difusão do livro. Afinal, ler é fator condicionante para o desenvolvimento e para que o país possa manter sua economia em permanente expansão.

Singelo exemplo desse empenho foi a I Ciranda Literária, exposição de livros e quatro palestras, que a Trevisan ousou realizar em São Paulo, simultaneamente à primeira semana da Bienal. Entendemos o esforço nesse sentido como obrigação de organizações cujo principal produto é a informação, seja diretamente aplicada ao universo corporativo ou ministrada a alunos no ambiente escolar e acadêmico.

A leitura — consentânea com a educação e a disseminação da cultura — tem o poder de transformar radicalmente um país, como é claro no exemplo mais recente da Coréia do Sul, cujo fluxo de prosperidade começou nos livros. Portanto, podemos e devemos, sim, contribuir para que os brasileiros leiam cada vez mais, criando um círculo virtuoso e uma permanente relação de causa e efeito entre a democratização do conhecimento e a expansão do PIB.

. Por: Antoninho Marmo Trevisan, presidente do Conselho da BDO Trevisan, da Trevisan Consultoria e Outsourcing, fundador da Trevisan Escola de Negócios e Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira