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21/08/2008 - 11:45

Alain Resnais: a Revolução Discreta da Memória


Retrospectiva completa de um dos maiores cineastas da atualidade, celebrando seus 60 anos de carreira.

Pela primeira vez, o público carioca terá a chance de assistir todos os filmes dirigidos por Alain Resnais, incluindo os curta-metragens do início de sua carreira. A mostra Alain Resnais: A Revolução Discreta da Memória apresentará, a partir de 19 de agosto (terça), na Sala de Cinema do CCBB, a obra completa (sete curtas e 17 longas) de um dos maiores cineastas da história do cinema mundial – de Van Gogh (1948) a Medos Privados Em Lugares Públicos (Melhor Direção no Festival de Veneza 2006). Serão exibidos também dois documentários sobre Resnais – Abordando Alain Resnais e O ateliê de Alain Resnais - completando a comemoração pelos seus 60 anos de carreira.

Com curadoria de Cristian Borges, Gabriela Campos e Ines Aisengart, o mesmo gupo que realizou “Agnès Varda: O Movimento Perpétuo do Olhar” (Prêmio Jairo Ferreira de Melhor Mostra Audiovisual de 2006), a mostra tem o apoio da Embaixada da França no Brasil (e de seus Consulados no Rio e em São Paulo) e do Ministère des Affaires Étrangères, em Paris. Depois do Rio, o evento segue para o CCBB de São Paulo, onde a mostra acontece de 3 a 21 de setembro, e para o CCBB de Brasília, onde será apresentada de 16 de setembro a 5 de outubro.

Será editado um catálogo especial com ensaios inéditos de especialistas e críticos brasileiros e estrangeiros, uma filmografia, com trechos extraídos da crítica brasileira e estrangeira no momento em que os filmes foram lançados, depoimentos do próprio Resnais sobre cada filme e fotos pessoais cedidas pelo autor. Alguns dos destaques do catálogo: dois artigos de Glauber Rocha sobre Alain Resnais, jamais publicados em livro; a tradução de uma entrevista do diretor à revista Cahiers du Cinema, de 2006; e ensaios feitos especialmente para a publicação, como o do pesquisador Hernani Heffner, da figurinista Kika Lopes e do cineasta Cao Guimarães, entre outros.

Completam o evento o debate "Alain Resnais: um revolucionário discreto?", dia 30 de Agosto (Sábado), às 16h, sobre a brilhante carreira do diretor, com a participação do cineasta e pesquisador André Parente, do professor Cezar Migliorin e da documentarista e professora Consuelo Lins; e o curso "Tempo e Memória: O Cinema de Alain Resnais", em parceria com a Universidade Federal Fluminense, ministrado pelo Prof. Dr. João Luiz Vieira, de 19 de agosto a 5 de setembro, no auditório do CCBB.

Alain Resnais - Nascido em Vannes (Bretanha) em 1922, Alain Resnais manifesta desde sua infância, o gosto pelos desenhos animados, os quadrinhos e o cinema. Mais tarde, descobrindo a literatura e o teatro, se entusiasma a ponto de tornar-se ator, estudando por dois anos arte dramática. Ainda jovem, após passar pelo serviço militar na Alemanha, Resnais retorna a Paris e de imediato mergulha na atividade cinematográfica.

Começando a filmar curtas amadores sobre pintores em meados dos anos quarenta, Alain Resnais realizaria em 1948 aquele que é considerado seu primeiro curta de fato: “VAN GOGH”. A partir deste filme e graças ao seu enorme talento e sensibilidade, ele realizaria uma série de curtas que entrariam não apenas para a história do formato, mas para a história do próprio cinema. “GAUGUIN” e “GUERNICA”, ainda ligados ao universo das artes plásticas, continuariam revolucionando na maneira de se filmar a pintura. Dariam seqüência “AS ESTÁTUAS TAMBÉM MORREM” (sobre a força da arte africana e sua usurpação pelo colonialismo e pela opressão, com roteiro de Chris Marker) e “TODA A MÉMÓRIA DO MUNDO” (percurso poético pelo labirinto da Biblioteca Nacional da França), além de um dos filmes mais fortes e contundentes jamais realizado sobre o Holocausto: “NOITE E NEVOEIRO” (escrito por Jean Cayrol e vencedor do Prêmio Jean Vigo 1956).

Unindo sua experiência como diretor de curtas e montador de longas (entre outros, do primeiro filme de Agnès Varda, “LA POINTE COURTE”, de 1954), ele realizaria entre o final dos anos 50 e o início dos 60, dois dos marcos fundadores do cinema moderno e do que viria a ser conhecido como a NOUVELLE VAGUE francesa: “HIROSHIMA, MEU AMOR”, com roteiro de Marguerite Duras, e “O ANO PASSADO EM MARIENBAD” (Leão de Ouro no Festival de Veneza 1961), escrito por Alain Robbe-Grillet, dois dos maiores nomes da literatura francesa na época e figuras emblemáticas do chamado “Nouveau Roman”.

De acordo com ALAIN RESNAIS, “deve-se tentar fazer filmes que sejam uma síntese de todos os modos de expressão artística”. Seguindo este princípio, seus filmes passeiam, ao longo de toda sua carreira, por diversas vertentes das artes, sejam elas visuais ou literárias. Tendo como uma de suas principais marcas, durante os anos 60 e 70, a constante parceria com grandes escritores literários, a quem ele propunha um ou mais roteiros, ALAIN RESNAIS se associaria ainda a Jean Cayrol (“MURIEL OU O TEMPO DE UM RETORNO”), a Jorge Semprun (“A GUERRA ACABOU” e “STAVISKY”), a Jacques Sternberg (“EU TE AMO, EU TE AMO”) e ao inglês David Mercer (“PROVIDENCE”).

Somente a partir dos anos 80, ele passaria a trabalhar diretamente com roteiristas de cinema, destacando-se sua longa parceria com Jean Gruault (“MEU TIO DA AMÉRICA”, “A VIDA É UM ROMANCE” e “MORRER DE AMOR”), antigo roteirista de François Truffaut, Jean-Luc Godard e Jacques Rivette, e o trabalho mais recente com uma dupla pertencente à nova geração de cineastas franceses, Jean-Pierre Bacri e Agnès Jaoui (“AMORES PARISIENSES”), autores de “O GOSTO DOS OUTROS”.

Resnais flertou com o universo da HQ em uma parceria com o cartunista americano Jules Feiffer para a realização do roteiro de “QUERO IR PRA CASA”, filme de 1989.

A partir dos anos 80 e até hoje, certas peças de teatro também passam a inspirar o rico universo poético de RESNAIS, dando vazão às suas incansáveis experimentações de linguagem. Pouco importa se essas peças pertencem ao repertório contemporâneo francês (“MELÔ” de HENRI BERNSTEIN), inglês (“SMOKING/NO SMOKING” e “MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS” de ALAN AYCKBOURN), ou ao mundo das operetas populares do início do século (“NA BOCA, NÃO” de ANDRÉ BARDE).

"Assim, da confrontação de lugares tocados pela guerra (Hiroshima, Japão e Nevers, França), revela-se o amor; do encontro inusitado, num mesmo lugar (Marienbad), de tempos diferentes e dispersos, confundem-se sombras de memórias passadas e presentes; do reencontro de antigos amores em torno do mistério de um nome (Muriel), dispersa-se uma cidade (Boulogne-sur-mer) e uma guerra (a da Argélia); de uma experiência em laboratório mal-sucedida, um homem perde em seu passado sua amada e a si próprio, infinitas vezes; das náuseas e dores de um velho escritor alcoólatra, recluso em sua mansão (Providence), surgem personagens fantásticos e fantasias sobre sua própria vida; da savana africana ao museu parisiense, o sagrado cede lugar ao banal, renascendo na dança que faz mover as antigas estátuas como espíritos", resumem os curadores da mostra Alain Resnais.

Dia 19 de agosto a 7 de setembro, terça a domingo debate debate "Alain Resnais: um revolucionário discreto?" - 30 de agosto (sábado), às 16h. Curso "Tempo e Memória: O Cinema de Alain Resnais", de 19 de agosto a 5 de setembro, no auditório do CCBB, no Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro, Av. Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de J aneiro– telefone (21)3808-2007

Sala de Cinema: Ingressos: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia), lotação para 102 lugares. | bb.com.br/cultura

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