Novo tratamento de glaucoma na Mayo Clinic visa prevenir danos maiores aos olhos

Pela primeira vez, os pacientes que buscam tratamento para glaucoma na Flórida (EUA) podem se submeter ao procedimento, minimamente invasivo, conhecido como Trabectome. Esse tratamento visa reduzir a pressão intra-ocular e estabilizar a visão. Com duração de cerca de 20 minutos, o procedimento já é realizado pela Clínica Mayo em Jacksonville, Flórida.

“O objetivo desse procedimento é evitar que ocorra maior dano dentro dos olhos”, diz o oftalmologista Rajesh Shetty. Segundo ele, alguns pacientes reduziram ou eliminaram o uso diário de medicamentos nos olhos (colírios), para regular a pressão intra-ocular.

O glaucoma, segunda maior causa de cegueira, é uma doença que provoca danos irreversíveis ao nervo óptico, em conseqüência da elevação da pressão intra-ocular. Isso ocorre porque o escoamento do humor aquoso (um líquido incolor produzido pelos olhos) deixa de se processar adequadamente, o que aumenta a pressão nos olhos. O primeiro sinal de glaucoma é a perda da visão periférica, que normalmente não é notada pelo paciente até que venha a afetar a visão central. Infelizmente, a visão perdida por causa de um glaucoma não pode ser recuperada. Assim, o tratamento visa reduzir a pressão intra-ocular e impedir o agravamento do problema.

Tradicionalmente, para reduzir a pressão intra-ocular, os oftalmologistas prescrevem colírios. Caso o medicamento não funcione, pode-se realizar uma trabeculoplastia (uma cirurgia a laser) no canal interno de drenagem, localizado em volta da base da córnea. Um procedimento mais invasivo é a trabeculectomia, uma técnica cirúrgica que permite a criação de um novo sistema de drenagem para os olhos.

O procedimento Trabectome usa uma pequena sonda, que abre o sistema de drenagem dos olhos, através de uma incisão mínima na córnea. “Nesse procedimento, removemos uma pequena porção do sistema natural de drenagem do olho e ele passa a funcionar melhor”, diz Rajesh Shetty. Para ele, esse procedimento só deve ser usado quando o colírio e a trabeculoplastia deixam de ser uma solução para reduzir a pressão – e antes que uma trabeculectomia venha a ser considerada. “Vejo esse procedimento como mais uma etapa intermediária no tratamento do glaucoma”, afirma.

Até agora, mais de uma dúzia de pacientes foram submetidos a esse procedimento na Clínica Mayo, em Jacksonville, Flórida. A técnica já é usada há alguns anos na Clínica Mayo de Rochester, em Minnesota, onde o procedimento já foi realizado algumas milhares de vezes, como afirma o oftalmologista.

O procedimento requer pouca sedação e os pacientes, geralmente, se recuperam dentro de uma semana. “Estamos satisfeitos com os resultados obtidos”, ele diz, observando que, embora uma visão perdida não possa ser recuperada com esse procedimento, alguns pacientes têm confirmado uma melhora geral da visão após a cirurgia.

Estima-se que 4 milhões de americanos sofrem de glaucoma. Os exames preventivos para detectar o glaucoma são recomendados para todas as pessoas com mais de 40 anos, no período de dois a quatro anos. No entanto, um exame de rotina pode ajudar a identificar o risco de glaucoma e sinais precoces da doença. Entre os fatores de risco estão: histórico de glaucoma na família, descendência africana ou hispânica, diabetes, certas doenças raras dos olhos, ferimento nos olhos no passado ou uso de qualquer preparado de corticosteróide por um período prolongado.

Perfil da Mayo Clinic - A Clínica Mayo é o primeiro e maior centro de medicina integrada do mundo. Médicos de todas as especialidades trabalham juntos no atendimento aos pacientes, unidos por um sistema e por uma filosofia comum, de que “as necessidades dos pacientes vêm em primeiro lugar”. Mais de 3.300 médicos, cientistas e pesquisadores, além de 46.000 profissionais de saúde de apoio, trabalham na Clínica Mayo, que tem unidades em Rochester (Minnesota), Jacksonville (Flórida) e Scottsdale/Phoenix (Arizona). Juntas, as três unidades tratam mais de meio milhão de pessoas por ano.