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O pensamento racial das escolas cariocas do começo do século XX

Na primeira metade do século XX, as elites brasileiras acreditavam que pessoas pobres e não-brancas eram degeneradas, marcadas como doentes, mal-adaptadas e problemáticas. Educadores, intelectuais, médicos e cientistas sociais desenvolveram políticas públicas, inspiradas tanto pelo pensamento eugênico quanto por suas próprias leituras das mazelas do povo brasileiro, para transformar a maior parte da população em cidadãos-modelo. Em Diploma de Brancura, lançamento da Editora UNESP, o historiador porto-riquenho Jerry Dávila retoma esse período da História do Brasil para discutir de que maneira a eugenia influenciou as políticas de expansão e reforma educacional no Rio de Janeiro, entre 1917 e 1945.

A obra revela em cada um dos seus seis capítulos a forma como os educadores lidavam com questões de raça em diferentes aspectos da educação pública. O capítulo “Educando o Brasil”, por exemplo, aborda as relações entre raça, nacionalismo emergente, ciência e Estado. Já em “O que aconteceu com os professores de cor no Rio?”, discute-se por que as políticas de seleção e treinamento de professores criaram obstáculos sutis baseados em valores de raça, classe e gênero.

No capítulo “Comportamento branco: as escolas secundárias do Rio”, Dávila apresenta um estudo de caso do Colégio Pedro II, escola secundária federal considerada modelo, para mostrar que os alunos da escola pública de mais prestígio no Brasil adotavam a linguagem do nacionalismo eugênico e se comportavam de acordo com ele.

Por toda a Europa e as Américas no período entre guerras, a eugenia foi uma tentativa científica de “aperfeiçoar” a população humana por meio de intervenções científicas, médicas e culturais. Em países como a Alemanha nazista, Grã-Bretanha e Estados Unidos, o eugenismo “extirpava” grupos considerados inferiores. Para os brasileiros que a adotaram, a eugenia era uma forma de superar as deficiências da nação. Programas de saúde pública e educação pretendiam criar uma “raça brasileira” saudável, culturalmente européia, em boa forma física e nacionalista.

Em Diploma de Brancura, Jerry Dávila mostra que a orientação do pensamento racial nas práticas educacionais na, então, capital federal e maior cidade do país, o Rio de Janeiro, não só colocavam obstáculos no caminho da integração social e racial como deixavam apenas pálidos sinais de seus efeitos, limitando a capacidade dos afro-brasileiros de desafiarem uma injustiça inerente.

Sobre o autor – O historiador porto-riquenho Jerry Dávila é professor associado na Universidade da Carolina do Norte em Charlotte. Já lecionou na Universidade de São Paulo e na PUC-Rio sobre relações raciais no Brasil e nos Estados Unidos.

O livro tem 399 páginas, formato 14 x 21 cm, por R$ 60, publicado em 2006. Os livros da Fundação Editora da UNESP podem ser adquiridos pelo site: www.editoraunesp.com.br | Por: Comunique-se

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