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27/08/2008 - 13:10

Abdenur abre discussões do seminário nacional de propriedade intelectual

Embaixador mostrou a evolução da política internacional brasileira desde os anos 60 até os dias de hoje.

O embaixador brasileiro Roberto Abdenur, um dos mais experientes diplomatas brasileiros, fez, na noite do dia 24 de agosto (domingo), a abertura solene do XXVIII Seminário Nacional da Propriedade Intelectual, que acontece até 26 de agosto, no WTC Hotel em São Paulo.

Com 44 anos de carreira, – esteve dos seus 21 aos 65 anos a serviço do Itamaraty – aposentou-se em 2007 como embaixador nos Estados Unidos, posto que ocupou desde 2004. Em um rápido retraçado da política externa brasileira, Abdenur reiterou a sua constante militância na causa da luta do Brasil pelo desenvolvimento no plano internacional.

O embaixador lembrou o desenvolvimentismo nacional, com seus altos e baixos, alto grau de protecionismo dos anos 60 e 70. Ressaltou os impactados das crises do petróleo e da moratória dos anos 80.

Para o embaixador, os movimentos de 89 nas ruas de Pequim, a emblemática queda do Muro de Berlim pautavam os anos 90, onde mal se notava a ascensão da China, enquanto o Brasil continuava em seus esforços e problemas internos. “A China iniciou o processo de reforma junto com a globalização que a transformou, hoje, em sócia, parceira dos EUA, que não é mais visto como ameaça, mas como oportunidade”, ressaltou Abdenur.

“Entramos no século XXI sob a hégide do ‘11 de setembro’,quando os EUA se colocavam como uma superpotência”, lembra. Segundo o embaixador, foi um período conturbado em relação ao cumprimento de acordos e tratados. Neste período, problemas candentes colocaram o Brasil em discussões no campo da propriedade intelectual, no campo da inovação, que ao mesmo tempo lhe abriam novas chances.

O Brasil, na Organização Mundial de Propriedade Intelectual – OMPI e na Organização Mundial de Saúde – OMS, tem defendido a agenda de que propriedade intelectual não é um fim, mas um meio de desenvolvimento, que deve ser utilizado dentro de princípios que garantam o pleno desenvolvimento.

“Sou favorável ao mainstream da política externa brasileira”, completa.

Quando embaixador nos EUA, Abdenur enfrentou algumas questões pontuais na área da propriedade intelectual que tiveram resultados satisfatórios. Uma delas se deu em relação à pirataria que, crescente no Brasil, afetava nossa economia, imagem e relacionamento. Outro ponto foi a quebra de patentes. O Brasil manteve portas abertas e o diálogo com o governo e embaixada americanos. “Em 2005, preparamos a visita de Bush ao Brasil e nos saímos com uma agenda muito positiva na sensível área farmacêutica, das patentes de medicamentos“, recorda. De acordo com Abdenur, o fato do Brasil não ter transgredido nenhuma lei de propriedade intelectual nos favoreceu em algumas questões no congresso americano, como a do “sistema de preferência” em relação aos subsídios.

Perfil da BRICS -Abdenur comenta que sob alguns aspectos o Brasil apresenta mais condições favoráveis, tem mais chances de vencer a pobreza (como a democracia, o crescimento econômico sustentável, etc). Diz que a rodada de Doha está fracassada, por enquanto, os futuros presidentes americanos só falarão sobre o caso após as resoluções das questões internas mais prementes nos EUA.

O Brasil ganhou belamente o litígio sobre a questão dos subsídios, como a do Algodão. Porém não foi cumprido muito do determinado e, no Brasil, alguns acenam com a possibilidade de retaliação com restrições na área da propriedade intelectual. Para o embaixador isso é um tiro no pé. Ele considera importante evitar-se tensões excessivas em momento de transição e tão sensível pelo qual passa hoje os EUA. “Antes era o rico que estava do outro lado, alguém superior. Hoje há parceria, igualdade. O Brasil não é hoje um país pobre, está construindo a sua riqueza. E a inovação, a produtividade, a ciência e a tecnologia, e até mesmo o etanol, são contribuições decisivas para a imagem que o Brasil tem hoje em um plano internacional”, disse o embaixador.

Para Abdenur, há necessidade de se investir nestes setores. Hoje, a Índia registra, nos EUA, duas vezes mais patentes que o Brasil. A China tem quatro vezes mais destes registros do que nosso País. “É preciso um esforço de nossa parte. Temos todas as condições favoráveis para crescermos com a biotecnologia, os fármacos”, encerra com otimismo o diplomata.

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