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29/08/2008 - 11:53

Combate à inflação sem artificialismos

A meta de inflação/IPCA definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2008 é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais, podendo chegar a 6,5%. Considerando que, até julho, o acumulado em 2008 foi de 4,19%, restam apenas 2,22% para os últimos meses do ano para se chegar a 6,5%. Se compararmos com o índice dos últimos cinco meses de 2007 (2,09%), a tarefa parece possível. Porém, se a referência for os 3,12% dos últimos cinco meses, o desafio parece quase inviável.

A entrada em vigor dos reajustes dos preços administrados, que são corrigidos pelo IGP-DI ou pelo IGPM acumulados nos últimos 12 meses até junho, que foram de 13,96% e 13,44%, respectivamente, deve trazer um impacto significativo sobre os preços no varejo. No entanto, a nova safra agrícola, de cerca de 144 milhões de toneladas e a queda do preço internacional das commodities agrícolas, devem aliviar um pouco a pressão dos preços dos alimentos, principal responsável pelo aumento da inflação em 2008. A redução do ritmo da atividade econômica também deve contribuir para o arrefecimento da inflação no segundo semestre. Sendo assim, o IPCA de 2008 ainda tem possibilidade de girar em torno do teto da meta estabelecida pelo CMN.

Se conseguirmos terminar o ano com inflação em torno de 6,5% e crescimento do PIB em torno de 5%, poderemos considerar como um excelente resultado. As previsões dos principais analistas econômicos apontam para uma inflação em 2008 em torno de 10% para os países em desenvolvimento e de 4% para os países desenvolvidos.

O Brasil tem todas as condições de expandir bastante sua produção agrícola no curto prazo. Há terras cultiváveis disponíveis e é possível aumentar muito a produtividade das terras já utilizadas. Para o petróleo e derivados, basta acelerar os investimentos nos campos da bacia de Santos para que o País possa crescer sem ameaçar sua auto-suficiência.

A prática de superávits fiscais nominais nas contas do setor público consolidado também ajudaria a reduzir o volume de endividamento e aumentar a taxa de investimento público. Isto , por um lado, reduziria a demanda pública por recursos no mercado financeiro, aliviando a pressão sobre as taxas de juros. Por outro, aumentaria a capacidade de oferta de bens e produtos, condição necessária para um crescimento do PIB sem aumento da inflação.

A situação da economia brasileira permite ao governo desconsiderar medidas artificiais de controle de preços, recentemente adotadas em outros países latino-americanos. Essas medidas contaminam o ambiente de negócio e distorcem as condições de competição necessárias ao fortalecimento da produção. Para combater o aumento dos preços, a melhor medida é reduzir o custo da produção e investir na atividade econômica.

Pelo lado do investidor, para evitar perdas com a inflação, a aplicação em renda fixa passa a ser a melhor opção. As altas da taxa Selic garantem rendimentos reais líquidos anuais em torno de 6%. Rendimentos desta ordem é difícil de se encontrar em qualquer parte do mundo.

Quando a inflação acumulada em 12 meses começar a cair, o que deve ocorrer no início de 2009, o ganho real da renda fixa deve ficar ainda maior, pois o Banco Central costuma ser rápido ao aumentar os juros e lento na hora de reduzi-los. Neste momento, uma aplicação com rendimento pré-fixado será a mais indicada. Congelar a taxa de retorno no momento de pico dos juros é uma estratégia garantida em um momento de juros cadentes.

A Bolsa de Valores ainda pode recuperar suas perdas até o final do ano. A queda neste ano não ocorreu devido a problemas com a economia brasileira ou pelos maus resultados das empresas listadas na Bovespa. Aconteceu pela saída de capital estrangeiro, que deixou o Brasil para honrar compromissos nos países centrais, uma vez que a economia desses tem apresentado baixo crescimento e alta inflação. Quem tem aplicações na Bolsa não deve se desfazer delas. Até o final do ano, a percepção do mercado internacional a respeito dos resultados positivos das empresas brasileiras deve crescer.

Se o governo e os agentes econômicos atuarem de forma responsável diante da atual situação de crise internacional, o Brasil sairá bastante fortalecido. A simples comparação entre o comportamento da economia brasileira com as das demais nações em desenvolvimento já será razão suficiente para fortalecer a imagem do País no exterior e atrair capitais produtivos com compromissos de longo prazo.

. Por: Alcides Leite Domingues Junior é professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. | E-mail: [email protected]

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