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29/08/2008 - 11:53

Couro, produto nobre e de inegável importância econômica


A indústria brasileira do couro é um dos grandes propulsores da economia nacional e sua importância econômica se deve à geração de divisas (US$ 2,2 bilhões, em 2007) e de empregos, já posicionando o produto entre os principais itens da nossa pauta de exportações. O País é hoje um dos maiores produtores e exportadores mundiais de couro, consolidando uma história de quase cinco séculos de conquistas.

Com efeito, as raízes da indústria do couro remontam à época do descobrimento, mais precisamente em 1534, quando aqui desembarcou o primeiro rebanho bovino, proveniente de Cabo Verde. E o responsável por esse feito foi uma mulher, Ana Pimentel, esposa do primeiro governador geral Martim Afonso de Souza.

O desenvolvimento da pecuária brasileira abriu caminho para a instalação de uma florescente indústria processadora de couro, cuja importância pode ser constatada pelo chamado Ciclo do Couro, período em que o gado desempenhou atividade econômica fundamental no Brasil Colônia.

A despeito de ser uma das atividades das mais antigas do País, a indústria do couro é hoje um dos mais modernos atores da economia, por conta do contínuo processo de modernização implementado pela indústria. Nos últimos vinte anos, em particular, a indústria curtidora registrou acentuado up grade tecnológico, fruto de investimentos da ordem de US$ 300 milhões, aplicados em atualização tecnológica, na modernização e na expansão do seu parque industrial.

O setor também soube capitalizar, de forma competente, as conhecidas vantagens comparativas que o Brasil detém nesta frente. Dono do maior rebanho bovino comercial do mundo (cerca de 200 milhões de cabeças), o Brasil conta com matéria-prima em abundância e preços competitivos, o que adicionado a uma mão-de-obra qualificada para processar o couro, converge para um relevante e invejável diferencial.

fato, os profissionais que lidam com o couro, por serem reconhecidos como dos mais qualificados do planeta, levam o Brasil a exportar técnicos especializados no processamento de couros. Calcula-se que existam hoje mais de 2.000 trabalhadores especializados brasileiros trabalhando, por exemplo, na China.

Como decorrência natural deste quadro, as exportações brasileiras saltaram dos US$ 864,5 milhões embarcados em 2001, para alcançar US$ 2,2 bilhões ano passado, taxa média anual de crescimento da ordem de 20%, segundo o estudo O Brasil e o Mercado Mundial de Couro, editado pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

Atualmente, quase cem países adquirem o couro nacional e não só China, Itália e EUA, demandam o produto brasileiro, como também mercados tão diversos como os da Coréia do Sul, Indonésia, Taiwan, Países Baixos, Vietnã, Tunísia, Emirados Árabes Unidos, Líbano, dentre outros.

Hoje, mais de 60% do couro bovino é destinado aos segmentos automotivo e de estofamento, até como conseqüência da indústria calçadista ter migrado para a matéria-prima sintética, por razões de custo. Um exemplo significativo e que ilustra essa nova tendência pode ser constatado no mercado norte-americano, principal cliente do calçado nacional, onde 70% dos sapatos comercializados são manufaturados com material sintético.

É neste contexto que a indústria curtidora identificou novos nichos e de forma diferenciada os atende, tanto que os embarques brasileiros de peças de maior valor agregado (produtos semi-acabado e acabado) passaram a representar participação de 67% do total da receita das exportações brasileiras, contra 64% em 2006. O saldo da balança comercial do setor curtidor atingiu US$ 2 bilhões, em 2007, ante os US$ 1,7 bilhão de 2006, ou seja, um crescimento de 17%.

Com instrumentos como tecnologia de ponta, marketing agressivo e práticas ambientalmente corretas, a indústria curtidora nacional vem conquistando resultados de alto valor adicionado. A parceria com a Apex-Brasil não pode deixar de ser citada, pois tem contribuído de forma relevante e o setor respondido com eficácia, para os resultados alcançados, O setor curtidor brasileiro tem experimentado, na parceria com a Apex-Brasil, uma expressiva relação custo/benefício (dólar agregado na exportação/real aplicado pela agência governamental), atingindo a marca de US$ 146,00/R$ 1,00.

Esses parâmetros já demonstram, por si só, que o couro brasileiro conquistou, de forma consistente, luz própria. Entretanto, para o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), – entidade federativa que representa, há 51 anos, as 800 empresas de produção, de processamento e de comercialização de couro – mesmo com as realizações a potencialidade, há urgente necessidade de o governo investir em políticas setoriais que ampliem, ou no mínimo não prejudiquem, a competitividade já conquistada pelo produto nacional.

Um forte exemplo de obstáculo significativo que afeta a atividade curtidora é a apreciação do real que vem reduzindo as margens, inviabilizando negócios e tolhendo a competitividade do setor. Com o câmbio apreciado, as exportações de couro, em 2008, deverão ficar limitadas a, no máximo, US$ 2 bilhões, reduzindo em US$ 500 milhões as expectativas anteriores.

Para atenuar tal quadro, a entidade propõe, dentre outras medidas, a imediata agilização no ressarcimento de créditos retidos nas exportações, a desoneração da produção e a desburocratização na emissão de certificados sanitários.

Neste cenário, o CICB entende que somente políticas setoriais efetivamente vigentes, com foco na competitividade do produto nacional e refletindo a parceria entre os setores público e privado, podem contribuir para a geração de divisas, de riquezas e de postos de trabalho, aumentando de forma construtiva a arrecadação e consolidando a inserção competitiva do Brasil na cada vez mais acirrada economia globalizada.

. Por: Luiz Bittencourt, presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB),entidade de âmbito nacional, que reúne associados de empresas privadas e sindicatos da indústria do couro, e vice-presidente do International Council of Tanners (ICT, sigla em inglês para Conselho Internacional dos Curtumes), entidade internacional que congrega representações de 25 países.

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