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30/08/2008 - 12:06

Mostra reúne diferentes gerações de estetas nipo-brasileiros


A exposição de arte "Heranças do Japão" acontece dos dias 1º a 11 de setembro de 2008, no Espaço Cultural Casa do Lago, Unicamp. O evento faz parte da programação comemorativa da Universidade de Campinas. Nos meses de agosto a setembro, o "Encontro Artístico Cultural Brasil-Japão" contará também com a apresentação do coral da Universidade de Waseda (Japão), ciclo de cinema japonês, concertos de música e dança tradicional, apresentação de banda pop e mostra de origami e mangá.

O tema da curadoria é um convite à reflexão sobre tradições e referências culturais que tenham influenciado a pesquisa artística individual.

Os artistas selecionados estão em diferentes momentos da carreira profissional: a maioria é jovem, alguns recém-formados (Mai Fujimoto e Juliana Kase), outros começando a ganhar mostras individuais e residências artísticas fora do país (Shima e César Fujimoto). Alguns, como James Kudo e André Komatsu, são artistas já consagrados, que participam de exposições também fora do Brasil e têm obras em acervo de museus como o MAC-USP.

Procuramos apresentar uma diversidade de escolhas artísticas, pautada principalmente pela variedade de suportes: vídeo, fotografia, instalação, site-specific... A produção contemporânea tem como característica a pesquisa e o uso de suportes alternativos, como é o caso da obra de Yasushi Taniguchi, que pinta delicadas figuras femininas em materiais cortantes e enferrujados, como serras e facões. Há outros exemplos: Paul8 grafita paredes, Kako faz intervenção urbana com adesivos, Mai Fujimoto realiza ação artística que consiste em depositar pedras brancas ao redor de pequenos organismos mortos de um jardim.

Esses artistas, nem japoneses nem somente brasileiros (identificados pela aparência física, qualificados de "nipo-"), lidam com a questão da referência à cultura de seus antepassados. Mas o que isso significa na produção artística? Existe algo em comum que possa caracterizá-los como artistas nipo-descendentes?

De maneira geral, a primeira leva de imigrantes japoneses, conquistada pela propaganda governamental, almejava retornar ao Japão após "fazer fortuna" no Brasil. Por isso, criava seus filhos na língua e nos costumes de sua região, sem preocupar-se com a integração local ou mesmo com a aprendizagem da língua portuguesa. Cada família transmitiu sua cultura de origem, permeada de regionalismos e escolhas particulares. Este saber não foi uma transmissão uniforme como seria dado pela educação tradicional. Contudo, as gerações posteriores, cada vez mais distantes dos ideais da primeira, estabeleceram outras relações com a cultura dos antepassados para firmar sua própria identidade. Assim, cada artista cria um diálogo diferente com a tradição, já que seu referencial não é único, transformado por sua vivência e sua relação com a imigração.

Interessa-nos falar de referências familiares, singulares, relacionadas a uma trajetória individual construída no Brasil. Daí o título "Heranças" no plural, por remeter a histórias pessoais contidas (e escondidas) em termos abrangentes como "cultura japonesa" e "tradição oriental", tão celebradas neste ano. É preciso lembrar que a cultura trazida do Japão ao Brasil, além de ter características particulares a cada família, faz também referência à época em que estes imigrantes deixaram seu país. Alguns no começo do século passado, fugindo da pobreza, outros de imigração mais recente, como o artista Yasushi Taniguchi, no Brasil há apenas quatro anos. Taniguchi é parte de uma nova geração de imigrantes, atraídos por questões outras que não econômicas.

A presença de Taniguchi, um japonês recém-imigrado, e de Kako, um gaijin (não-japonês) cujo trabalho faz referências a certos aspectos da cultura japonesa, é relevante na medida em que nos apresentam pontos de vista diferentes: daquele que encontra uma outra visão sobre a cultura de seu país natal, e de quem se sente influenciado por uma cultura que não é dada por laços familiares, mas por outros meios, incluindo os de comunicação.

Por isso convidamos os artistas participantes (e também o público) a fazer uma reflexão sobre tais questões. O que celebramos quando falamos dos cem anos da imigração japonesa? Se há relação com a tradição, que tradição é esta?

Obras (fotos) - James Kudo, Kako, Shima, Taniguchi, Cesar Fujimoto/Rogério Hirata | Créditos: Divulgação.

Performance do artista plástico Shima | Curadoria: Beatriz Rinaldi, Hebert Gouvêa, Luciana Miyuki Takara | Orientação: Profa. Dra. Maria de Fátima Morethy Couto.

Artistas: André Komatsu, Cesar Fujimoto, Ciça Ohno, James Kudo, Juliana Kase, Kako, Kenji Ota, Mai Fujimoto, Paul8, Selene Miha Nakatani, Shima e Yasushi Taniguchi.

Mostra coletiva "Heranças do Japão", de 2 a 11 de setembro, no Espaço Cultural Casa do Lago l Unicamp - rua Érico Veríssimo, s/n Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo - Campinas – SP | Telefone: (19) 3788-7017. Entrada Franca | Site: www.japão.herancas.com [ Durante os dias de exposição haverá conversa com artistas no Auditório do Instituto de Artes, Oficina de grafite com taxa a R$ 10].

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