O Brasil é agora

O Congresso Nacional de Hotelaria – Conotel – completou a sua 50º edição. Nesse meio século crescemos, amadurecemos e comemoramos o reconhecimento da hotelaria como o pilar da indústria do turismo, responsável, em grande parte, pelo aumento de um dos índices mais importantes para economia de um país: o da geração de empregos. Hoje garantimos mais de sete milhões de empregos diretos, o que nos faz um dos setores mais pulsantes do país.

Iniciamos o Conotel ao fim de uma temporada maravilhosa para a hotelaria de todo o país e não poderíamos encerrá-lo de maneira mais positiva, com uma grande vitória para toda a indústria do turismo: a aprovação da Lei do Turismo pela câmara. A lei, entre outras coisas, garante à indústria hoteleira o reconhecimento do setor como atividade exportadora a partir de uma mudança na tratativa das reservas internacionais, feitas via Internet, que passam a ser consideradas como importação direta do turismo e poderão ter os benefícios da Lei de Exportação. Nosso pleito, agora, é que o presidente da República sancione a lei sem nenhuma alteração, uma vez que a questão foi amplamente discutida por todos os envolvidos.

O Brasil é um destino em crescimento e com a escolha do país como sede da Copa do Mundo de 2014 e a possibilidade do Rio de Janeiro sediar as Olimpíadas de 2016, estamos prestes a viver um momento único, onde o Brasil terá a oportunidade de se reapresentar para o mundo. Com esse cenário favorável, onde também podemos incluir o crescimento do turismo mundial e a queda constante do risco Brasil, principal indicador de confiança dos investidores no país, temos a certeza que a médio e longo prazo se descortina um panorama inteiramente novo.

Por esse fato, uma das questões que nortearam todos os discursos na abertura do Conotel foi a de como preparar o País para sediar grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Com ênfase em pontos como a infra-estrutura e mão-de-obra profissional, os 23 presidentes das ABIH´S estaduais, e mais de 900 empresários e profissionais do turismo que estiveram no congresso, saíram com algumas certezas e muitos desafios. Um deles, em relação à capacitação da mão de obra, já está no plano de ação da ABIH Nacional que estará promovendo e desenvolvendo convênios com o Ministério do Turismo que incluam linhas de financiamento para treinamentos e profissionalização.

A classificação dos meios de hospedagem, que será iniciada pelo Rio de Janeiro, também foi um dos assuntos que mais chamaram a atenção no Conotel. Em sua apresentação, o Ministério do Turismo anunciou que estuda, para 2009, a criação de linhas de crédito específicas que garantam a qualificação da hotelaria. Outra questão importante levantada pelos empresários presentes no congresso foi sobre a atividade dos navios de cruzeiros. Sobre o assunto, a ABIH Nacional junto com outras entidades representativas, já está estudando propostas que tornem essa atividade, do ponto de vista tributário, mais condizente com o setor hoteleiro.

Também não poderíamos deixar de apontar e até fazer um apelo ao Ministério das Relações Exteriores para que repense sobre a Lei da Reciprocidade de Vistos, que muito tem prejudicado o fluxo de visitantes ao país. Agora, com a perspectiva de que países europeus passem a exigir visto dos brasileiros, devido ao alto índice de emigrantes ilegais provenientes do Brasil, se exigirmos também o visto dos europeus será um caos para o receptivo internacional e nós não queremos nos contentar apenas com turistas de países em desenvolvimento.

Enfim, esse congresso afirmou a importância que a indústria do turismo tem na construção de um país economicamente forte. Não podemos, porém, ficar apenas comemorando as possibilidades. O Brasil é agora.

. Por: Álvaro Bezerra de Mello, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Carta do Conotel. | www.abih.com.br