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03/09/2008 - 10:57

Leitura econômica dos Jogos Olímpicos: financiamento, organização e resultados

Estudos feitos por Marcelo Weishaupt Proni, economista e professor do Instituto de Economia da Unicamp, Lucas Speranza Araujo, economista formado pela Unicamp e Ricardo L. C. Amorim ,economista do Ipea, professor licenciado da Universidade Mackenzie, pesquisador ligado ao IE/Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Economia Política.

As imagens transmitidas da Olimpíada são impressionantes. As cenas retratam a grandiosidade das instalações, a expectativa pelo desempenho dos superatletas, os bastidores do espetáculo, os exemplos emocionantes de superação física e mental, a possibilidade de enaltecer ou abalar o orgulho nacional. Todavia, um outro lado, tão grandioso e surpreendente, é revelado quando se observam os números e valores econômicos dos Jogos Olímpicos.

Há uma racionalidade que caminha em paralelo à organização das competições e à disputa de medalhas. São razões de Estado mescladas com interesses privados que, quando bem articulados, convergem para um planejamento rigoroso, capaz de transformar custos elevados em rentáveis dividendos políticos, econômicos e sociais, invisíveis aos olhos desatentos da maioria dos telespectadores.

Mas como a festa olímpica tornou-se um grande negócio, beneficiando investidores, a comunidade e o Estado? A razão deve ser buscada na reformulação do próprio Movimento Olímpico Internacional. Os anos 1980 assistiram ao Comitê Olímpico Internacional (COI) passar de uma posição enfraquecida e desgastada para outra poderosa e influente, emergindo como órgão internacional respeitado por governantes de ricas nações. A virada aconteceu quando o então presidente do COI, Juan Samaranch, e sua equipe desenvolveram um plano e ações de marketing que reforçaram a imagem e, principalmente, o caixa da instituição. Articularam compromissos com chefes de Estado e lançaram os Jogos em um patamar superior de organização e de comercialização, garantindo um espetáculo de alta qualidade, ampliando a visibilidade dos grandes patrocinadores e cobrando alto pelos direitos de transmissão televisiva. De lá para cá, os Jogos transformaram-se em grandioso espetáculo da nova ordem mundial.

O presente estudo debruça-se sobre esse outro lado pouco explorado e igualmente impressionante dos Jogos Olímpicos: sua face econômico-financeira. Sabe-se que a Olimpíada é hoje um enorme espetáculo visto nos cinco continentes e acompanhado por bilhões de pessoas; e que os patrocínios são caríssimos e as verbas movimentadas somam-se em bilhões de dólares. Mas poucos compreendem as conseqüências de ter se tornado um evento de alta complexidade, que exige criterioso e rigoroso planejamento e execução, que requer múltiplos mecanismos de financiamento e pode deixar um legado muito positivo em várias áreas. Para contribuir neste sentido, o estudo toma como exemplos três edições das Olimpíadas e analisa brevemente os principais aspectos microeconômicos do evento, tais como planejamento, logística, plano de marketing e equilíbrio financeiro. Também procura discutir a face macroeconômica dos impactos da realização dos Jogos, tais como as transformações locais no fluxo de recursos, na infra-estrutura e o surgimento ou reforço de novas atividades produtivas, como o turismo. Além disso, coloca ênfase, ainda sob o ponto de vista macro, no impacto sobre a geração de empregos, na relocalização de empresas e setores de atividade, assim como na influência exercida sobre a economia da região que hospeda os Jogos.

Foram selecionados para análise os Jogos de Barcelona (1992), Sydney (2000) e Beijing (2008). O primeiro evento é analisado na seção 2 do estudo e sugere a importância desses Jogos como divisor de águas nas Olimpíadas modernas. São discutidos o plano de marketing, as formas de financiamento do evento, seu equilíbrio orçamentário, as causas do seu tremendo sucesso e os impactos econômicos e sociais para a região. Na seção 3, o foco recai sobre Sydney, onde também os resultados dos jogos são considerados positivos do ponto de vista socioeconômico. Nessa seção, a análise centra as preocupações sobre o planejamento dos Jogos, que foi referenciado em alguns aspectos na experiência de Barcelona. Além disso, Sydney também inovou, vendendo a imagem da sustentabilidade ambiental como fator importante no marketing dos Jogos. A quarta parte discute os Jogos de Beijing, um evento grandioso, que mostra muito bem o que envolve um projeto de remodelação da cidade-sede. Será visto que o planejamento e a construção da infra-estrutura tiveram (e terão) enorme impacto econômico, mudaram a face das áreas atingidas pelo evento e trouxeram um impulso tecnológico para a metrópole. Para concluir, a última seção aponta para o grande ganho potencial representado pelos Jogos Olímpicos em termos econômicos, sociais e ambientais, assim como para o peso do poder econômico na definição da sede. E chama a atenção para prováveis benefícios que o Rio de Janeiro teria, caso fosse escolhido como sede dos Jogos em 2016, mas põe em relevo a necessidade de uma gestão democrática para garantir transparência no uso dos recursos públicos.

• Clique aqui e veja a íntegra do estudo

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