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05/09/2008 - 11:28

A hora dos valores éticos


Se é verdade que o homem só se torna homem pela educação, devemos estar empenhados na sua melhoria. Em nossa sociedade pluralista, há diferentes formas de valoração, reconhecido que não podemos viver sem um sistema adequado de crenças e valores. A crise atual pela qual passa a Educação coloca esse processo diante de uma indesejável ruptura.

Até os valores perenes, que se confundem com a tradição, podem ser sempre atualizados. Na Filosofia não há certezas, mas dúvidas, geradoras do pensamento crítico e até transformador. O grande conceito de educação pode ser enunciado a partir da expressão de Hegel: “Educação é fazer com que se quebre no educando tudo aquilo que é da natureza, para que então apareça o espírito.” É assim que se consegue trabalhar a inteligência, aperfeiçoá-la, para que o indivíduo se torne um cidadão útil a si e à sociedade.

Os conceitos teóricos levaram a uma série de considerações práticas, em que não basta obter êxito a qualquer preço, mas é essencial respeitar os valores éticos reconhecidos. Dentro desta linha de raciocínio, defendemos o ensino da Filosofia no ensino médio, quando estávamos à frente da SEE/RJ, experiência vitoriosa no sistema público de ensino, no Rio de Janeiro, no período de 1980/1982. Não houve o risco do proselitismo, nem as aulas se limitaram a transmitir conhecimentos de História. Os professores dedicaram-se efetivamente a abrir para os seus alunos perspectivas de raciocínio mais adequado, o que se fez também através da valorização da Lógica tão próxima da Matemática. Hoje, a disciplina continua na grade curricular. O que ocorre é a falta de docentes com a formação devida.

Uma das razões relevantes da situação que ora vivenciamos é a indefinição da identidade social do ensino médio brasileiro. O financiamento obrigatório sempre foi para o ensino fundamental. A partir da década de 70, precisamente após a Lei no 5.692/71, ainda nos voltamos para o debate sobre o verdadeiro objetivo da última etapa da educação básica, hoje obrigatória. Houve um ensaio de obrigatoriedade do ensino profissionalizante, mas a falta de estrutura do sistema levou à derrocada.

O ensino médio viveu durante muitos anos, e ainda vive, em algumas situações, a característica de ser basicamente propedêutico. O mercado passou por novas formas de produção e organização empresarial. Aponta-se para modificações imprescindíveis na estruturação pedagógica e no financiamento do ensino médio.

A atual LDB – Lei no 9.394/96 na sua publicação inicial, não considerou como objetivo do ensino médio a formação de trabalhadores em coerência com as exigências do mercado de trabalho. As escolas técnicas, principalmente as federais, aumentaram a procura, com um leque de oferta de cursos profissionalizantes cada vez maior e melhor.

O sucesso do Sistema S é uma realidade nacional. É importante ressaltar que dois terços das vagas em cursos técnicos do SENAI e do SENAC serão destinados a pessoas de baixa renda, de acordo com recente acordo. É um bom caminho.

. Por: Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE/RJ | Contato: [email protected]

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