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06/09/2008 - 09:25

Commodities, fertilizantes e cooperativas

Há poucas semanas, a queda dos preços das commodities, em especial as agrícolas, nos mercados mundiais, provocou uma onda de preocupações entre produtores brasileiros, que já enfrentam pesados custos de produção, puxados pelos altos preços dos fertilizantes e outros insumos.

Em relação às commodities, já houve uma reacomodação. É normal as cotações alternarem altas e baixas, dependendo das expectativas de safras nos Estados Unidos e Europa, ou seja, da oferta e da demanda. O cenário mundial é de grande necessidade de grãos, transformados agora em fonte alternativa de bioenergia. A tendência é os preços continuarem em alta.

Para os produtores, além das intermináveis negociações com o governo em torno das dívidas do setor e da questão do seguro de safra, o que mais pesa na decisão de investir é o custo das sementes e, acima de tudo, dos fertilizantes. De acordo com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes, os fertilizantes representam entre 30% e 50% dos custos de produção, dependendo da distância dos portos.

O Brasil é o país que mais depende da importação de adubos. Vêm do exterior em torno de 70% dos produtos que consome – 90% do potássio, 50% do fósforo e 65% do nitrogênio. Para efeito de comparação, outros grandes países produtores têm uma dependência externa muito menor – de 10% a 20% – ou são auto-suficientes. Stephanes alerta que, diante da falta de investimentos no passado para reduzir essa dependência, não há como mudar a situação a curto prazo.

O Brasil mantém negociações com fornecedores estrangeiros, como a Argentina (potássio) e Egito (fósforo), além de outros países do Norte da África. Stephanes disse que o Mapa estimula as cooperativas agrícolas a agirem em bloco na importação e na mistura dos três produtos, uma saída para a redução de custos. A auto-suficiência, segundo o ministro, somente será possível daqui a cinco ou dez anos.

A Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo), com 123 cooperativas agropecuárias filiadas, desenvolve um trabalho de incentivo à formação de centrais de compras de insumos, o que também pode contribuir para a redução de custos. De acordo com levantamento da Organização, das 123 filiadas, 63 já trabalham com revenda própria de insumos, beneficiando milhares de produtores cooperados.

O exemplo mais emblemático das vantagens da ação das cooperativas nesse setor é o da Central Cooperfértil, também filiada à Ocesp. É resultado da união de três poderosas cooperativas paulistas para a área de importação e produção de fertilizandes – a Carol, de Orlândia, a Coopercana, de Sertãozinho, e a Coopercitrus, de Bebedouro. A Cooperfértil importou, em 2007, 40% dos insumos que utiliza. Neste ano, esse percentual deve atingir 60%. Como balizadora de preços para o mercado, por operar sem qualquer tipo de especulação, a cooperativa consegue atingir seu objetivo final, que é a redução de custos para os produtores, ampliando a capacidade de plantio.

Bons exemplos da ação das cooperativas nesse setor não faltam em outros estados, em especial no Paraná. A força do cooperativismo para tornar o agronegócio brasileiro cada vez mais competitivo foi reconhecida pelo ministro Stephanes. É um estímulo para todos nós.

. Por: Edivaldo Del Grande é presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp)

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