Os interesses complementares do franchising

O desejo de ser o próprio patrão sem correr os riscos do aprendizado em um novo negócio pode ser satisfeito por meio da adesão a um sistema de franquia de produtos ou serviços. O franqueador dá suporte na instalação, divulgação e operação do negócio, e oferece, mediante contrato, o uso de seu know-how e, sobretudo, de uma marca estabelecida, capaz de atrair uma boa clientela.

Ao franqueado, em contrapartida, cabe manter “o olho de dono” na unidade franqueada, além, é claro, de fazer os investimentos iniciais para instalação da unidade franqueada, até que esta atinja o “break even” – o ponto de equilíbrio, no qual se igualam receitas e despesas – e se torne auto-sustentável.

Esta conjunção de interesses impulsiona o sistema de franchising no Brasil e no mundo, expandindo empresas já consolidadas (as franqueadoras), desenvolvendo o espírito empreendedor em muitas novas pequenas empresas (as unidades franqueadas), e gerando os empregos e o pagamento de impostos que o nosso país tanto precisa.

Porém, nem todas as histórias de redes são contadas de maneira tão agradável. Temos alguns exemplos de franquias que não deram certo para infelicidade dos envolvidos. As razões para o insucesso podem estar dos dois lados: franqueados que não se comprometem ao negócio e franqueadores despreparados e desestruturados.

Ao avaliar uma franquia, o pretendente a franqueado deve tomar algumas precauções. Primeiramente, deve receber a Circular de Oferta de Franquia que, além dos instrumentos contratuais do sistema de franchising, deve conter todas as informações necessárias para uma decisão consciente. Ele deve ler com atenção, utilizando os dez dias permitidos por lei antes de assinar qualquer outro documento.

Neste meio tempo, é indispensável tirar todas as dúvidas com o franqueador e também conversar com quem já é franqueado. Para evitar frustrações futuras, entender o dia-a-dia do negócio e suas reais perspectivas de retorno em termos de valores e prazos é muito importante.

É igualmente fundamental ter informações gerais da empresa franqueadora, para tomar referências da empresa – pesquisar se existem ações judiciais contra a empresa e sua natureza, verificar seu cadastro de crédito, se existem reclamações no Procon ou outros órgãos de defesa do consumidor, contatar fornecedores, falar com conhecidos e até fazer buscas na internet.

Tomadas estas cautelas para uma decisão consciente, o pretendente a franqueado poderá avaliar se determinada franquia é a certa para ele e se ele poderá operar naquele modelo de negócio.

. Por: Rodrigo Alberto Correia da Silva é advogado e sócio do escritório Correia da Silva Advogados, especializado em Direito Econômico, Sanitário, Administrativo e Comercial ([email protected])