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Rio Claro desapropria antiga fábrica da Gurgel

A novela protagonizada pela empresa que ousou fabricar um carro genuinamente brasileiro está perto de finalmente ser encerrada. O decreto de desapropriação da área da fábrica da Gurgel foi publicado nesta semana no Diário Oficial de Rio Claro (175 quilômetros da capital paulista). Ao definir o terreno como de utilidade pública, a administração municipal abre a possibilidade de resolver um impasse que se arrasta desde 1993.

A intenção da prefeitura de Rio Claro é repassar a área de mais de 377 mil metros quadrados com nove galpões para alguma empresa que deseja se instalar no município de 186 mil habitantes, que fica numa das regiões mais nobres do Estado de São Paulo. Um dos atrativos da cidade é ficar às margens da rodovia Washington Luiz e nas proximidades com as rodovias Bandeirantes e Anhanguera. A iniciativa do poder público deve beneficiar ainda a massa falida da antiga metalúrgica, composta, entre outros, por cerca de 700 ex-funcionários e diversos fornecedores.

Despacho da 3º Vara Cível de Rio Claro, publicado no último dia 24 de janeiro, autoriza o preposto do síndico a vender "os nove barracões que restaram na empresa, com estimativa de atingir perto de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), para ficar a massa somente com a terra nua, sem necessidade de gastos com vigilância e possibilidade de quitação dos créditos de trabalhadores, assim como possibilidade de divisão das terras em partes menores e maior probabilidade de venda".

O prefeito de Rio Claro, Dermeval da Fonseca Nevoeiro Junior (PFL), determinou a desapropriação por considerar importante manter a área em sua totalidade, o que permitiria o aproveitamento em benefício da economia do município. Além do poder público, especialistas e parte dos ex-funcionários também avaliam que área (dotada de infra-estrutura, próxima ao centro da cidade e de frente à rodovia Washington Luiz) seria muito desvalorizada se fosse vendida em lotes.

“Vamos acabar com o sofrimento de centenas de famílias de Rio Claro pagando um preço justo pela área. Simultaneamente estamos à procura de empresas que buscam uma área extremamente nobre para investir”, afirma Nevoeiro Junior.

A área da antiga fábrica da Gurgel, a primeira montadora genuinamente brasileira, já foi a leilão sete vezes, mas os valores oferecidos nunca chegaram perto dos R$ 14 milhões, valor fixado pelo juiz. Outras agravantes sinalizam que a iniciativa da prefeitura é acertada. A segurança da área custa à massa falida cerca de R$ 12 mil por mês, o que vem consumindo o caixa de ex-funcionários e ex-fornecedores obtido com a venda de outros imóveis da Gurgel.

Mesmo com segurança particular, os barracões e os antigos escritórios vêm, ao longo dos anos, sendo alvos de vândalos, que já destruíram grande parte da área.

Gurgel - A fábrica da empresa funcionou em Rio Claro, entre 1988 e 1993. Durante este período, foram produzidos modelos clássicos como o BR-800, que obteve o benefício da redução fiscal sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), por ser o primeiro carro genuinamente brasileiro, um incentivo a produção interna.

Inicialmente, a Gurgel adotou o sistema de vendas em que a única forma de aquisição de um modelo, era comprando lotes de suas ações paralelamente. Apesar do preço elevado, a campanha foi bem aceita no mercado nacional, porque mesmo assim ainda era mais barato do que carros semelhantes. Tanto que no final de 1989, o seu ágil era de 100% pelas mais de 1.000 unidades já produzidas.

Mas em 1990, pressionado pelas multinacionais estrangeiras que consideravam o benefício ao Gurgel inadequado, o governo Fernando Collor (90-92) concedeu o mesmo benefício a todos os carros com motores menores a 1000 cilindradas. Assim, o Uno Mille foi lançado quase que instantaneamente, e em seguida, o Chevette Júnior e o Gol Mil. Com a concorrência de carros que produziam mais e eram comercializados a preços mais em conta, a fábrica pediu concordata.

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