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Com a natureza não se faz folia

O Carnaval é uma festa do povo brasileiro. Anualmente, mobiliza milhões de pessoas pelo país, gera dividendos para o comércio e o turismo e leva a imagem do Brasil ao Exterior – nesse caso, tanto para o bem como para o mal. O magnetismo provocado pelos desfiles dos blocos e escolas de samba só encontra paralelo semelhante em nossa cultura se comparado com o do futebol. É uma manifestação que deve ser preservada e valorizada por todos nós, mas que poderia ser cada vez mais utilizada pelas autoridades para despertar na sociedade a discussão de temas de seu próprio interesse.

Embora louváveis, as campanhas se limitam a alertar os foliões sobre a necessidade de se usar preservativos e evitar o abuso de bebidas alcoólicas. As orientações são válidas, mas não podem se resumir apenas a esses dois temas. Por reunir uma quantidade significativa de pessoas, a festa desencadeia outra série de problemas. O principal deles atualmente talvez seja a destinação do lixo produzido durante os quatro dias de folia e que se espalha pelas ruas das grandes capitais e pela orla marítima.

Enquanto as pessoas retornam para casa, os garis trabalham a todo vapor na Quarta-Feira de Cinzas para limpar a sujeira deixada para trás. Alguns números chegam a ser impressionantes. Só em Salvador, palco de trios elétricos belíssimos e destino de milhões de pessoas, chega-se a produzir em média 1,5 mil toneladas de lixo. O sambódromo da Sapucaí, no Rio de Janeiro, soma outras 300 toneladas de lixo a essa conta, um rastro nada desprezível que pode ser comparado à coleta mensal de muitas cidades espalhadas pelo país. Com esses dados em mãos, os governos e a iniciativa privada teriam condições de chamar a atenção da população para o problema e tirariam proveito de uma festa para abordar outros problemas gerados pelos resíduos.

Vitória, Recife, São Paulo e a região sul de Minas Gerais também terão de conviver com o lixo deixado pelos foliões. Haja lata de alumínio, papel picado de confete e serpentina e bitucas de cigarro nas ruas e nos bueiros. Em cidades litorâneas, a preocupação é ainda maior, já que é comum ver os banhistas deixarem o lixo que produzem espalhado pela areia da praia. Poucos dispõem-se a recolher sua sujeira em um saco para depositá-la corretamente em latas apropriadas. Ou seja, se a Prefeitura do município não disponibilizar funcionários para a limpeza, o trabalho acaba sendo feito gratuitamente pelo mar. Mais tarde, esse descaso pode custar caro à população.

Se o interesse das pessoas pela destinação do lixo fosse proporcional à preocupação que demonstram com fantasias e adereços, não haveria necessidade de tocarmos nesse assunto. Com certeza, também não se precisaria falar tanto da preservação do meio ambiente. O Carnaval deveria servir a todos como um momento de reflexão para um tema tão delicado como esse. Não custa nada segurar uma lata de alumínio antes de jogá-la em uma lata de lixo ou levar um saco plástico para a praia. Isso é parte da conscientização ecológica que pode salvar o planeta. E vale para todos.

.Por: Sebastião Almeida é deputado estadual pelo PT, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água e membro da comissão de meio ambiente da Assembléia Legislativa de São Paulo. E-mail: [email protected]

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