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Quando o suficiente não é o bastante

Com o pedido do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de cerca de US$ 624 bilhões para o Departamento de Defesa, sendo cerca de US$ 240 bilhões destinados a gastos com guerra, em particular os conflitos no Iraque e Afeganistão, a pergunta óbvia é quanto dinheiro é suficiente para colocar em ordem a casa nestas duas nações? O “investimento” militar norte-americano no Oriente Médio lembra o caso clássico de “custos perdidos” ou o também conhecido “efeito concorde”.

Custos perdidos são os já incorridos e que não podem ser recuperados de maneira significativa. O efeito concorde refere-se a este famoso avião supersônico construído por um consórcio franco-britânico. Na fase de projeto e construção, o seu custo superou várias vezes o valor orçado, tornando-se um verdadeiro fiasco comercial. À época, a direção do consórcio não havia reconhecido que, considerados os “custos perdidos”, o investimento já estava fadado ao fracasso (pois nunca daria o retorno financeiro) e, portanto, deveria simplesmente ter desistido do empreendimento, ao invés de insistir em colocar mais e mais dinheiro para finalizá-lo.

Assim é a empreitada dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão. Ou seja, o bilhionário orçamento de defesa que, sem dúvida, já teria sido capaz de derrotar simultaneamente dezenas de exércitos regulares, é e será incapaz de derrotar, no caso do Iraque, mais de 40 grupos insurgentes ativos. Em outras palavras, dinheiro algum é suficiente quando a estratégia é equivocada.

Nesses casos, a racionalidade recomenda reconhecer que o caminho tomado foi errado e refazer o investimento em outra estratégia. No caso do Iraque e do Afeganistão, a mudança de estratégia deveria passar pela suspensão de envio de soldados e de operações massivas de combate para um investimento focado na inteligência de guerra e em operações cirúrgicas resultantes das informações da inteligência. Neste caso, mais é menos.

.Por: Gilberto Sarfati é Doutor em Ciência Política, professor do curso de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco e Mestre pela Universidade Hebraica de Jerusalém.

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