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13/09/2008 - 07:47

Iniciativa privada abre as portas para a cultura no Marajó


O acesso a bens e serviços culturais no Brasil ainda é um desafio a ser superado, principalmente nos interiores do país, onde a defasagem em termos de desenvolvimento cultural é mais nítida pela ausência de salas de cinema, teatros, museus e outros espaços. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam essa carência. Mais de 90% dos municípios brasileiros não têm espaços disponíveis para a cultura.

Essa lacuna social tem despertado a atenção da iniciativa privada para investimentos em projetos culturais atrelados à educação, sejam próprios ou executados em conjunto com outras instituições. Seguindo essa tendência, a concessionária de energia elétrica Celpa, do grupo Rede Energia, e a organização não-governamental Teatro de Tábuas fecharam parceria para levar ao Pará o Circuito Estradafora, de cultura itinerante. Com financiamento privado, a ONG Teatro de Tábuas, que já percorreu mais de para mais de 140 cidades brasileiras, chegou ao Norte do país com a missão de levar cinema, teatro e oficinas, tudo gratuito, para comunidades onde o acesso é restrito ou simplesmente não existe.

Os excelentes resultados do processo de democratização cultural conquistados pelo projeto motivaram a concessionária a patrocinar o circuito. Segundo Jorge Luís Braz, diretor artístico e fundador da ONG, 74% do público das cidades visitadas teve acesso pela primeira vez ao cinema e ao teatro com o Estradafora. Com esse critério, a Celpa selecionou a cidade de Soure, no Arquipélago do Marajó, e outros quatro municípios paraenses (Belém, Santarém, Tucuruí e Parauapebas) para receber a caravana. Dona de um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano do país, Soure figura na lista de cidades onde não existem teatros, salas de cinema ou mesmo museus. Por isso, a chegada do circuito, no mês de agosto, movimentou a cidade.

Na passagem do Estradafora pela cidade, as sessões ficaram lotadas e mais de 500 pessoas passaram pela carreta somente no primeiro dia, entre elas, crianças e adolescentes que nunca haviam assistido nada na telona. Para os estudantes da escola pública municipal Professora Maira Izabel Amazonas, da Comunidade Macaxeira, localizada na zona rural de Soure, foi uma experiência e tanto. O grupo chegou atrasado para a sessão, mas garantiu lugar na sala de exibições. “Gostei muito do filme. Eu nunca tinha visto nada no cinema”, disse Eloísa Ribeiro, de 11 anos.

O menino Emerson Vale dos Passos que, aos 13 anos, ainda cursa a 2ª série do ensino fundamental, deixou a sala de cinema com um novo olhar. Ele não soube muito o que dizer a respeito do filme e resumiu tudo com um largo sorriso e apenas uma frase. “Gostei de ver o desenho e de ver o menino voar. Nunca tinha visto um desenho assim”, disse, referindo-se à animação “Lucas – Um Intruso no Formigueiro”.

À noite, a programação era direcionada ao teatro. Bonecos gigantes, um bobo da corte e dois músicos no palco levaram crianças e adultos às gargalhadas ao contar de forma bem-humorada sobre a criação do mundo e as diversas formas de energia existentes no planeta. Encenado pelos atores da ONG, os personagens e suas histórias sobre o fogo, o vapor, o vento, a eletricidade e o amor como formas de energia, foram tão grandes quanto a imaginação de quem assistiu.

Turnê - O Circuito Estradafora fica no Pará até o dia 25/09, quando encerra sua turnê pelo Estado. Através de filmes alternativos e espetáculos teatrais, o grupo Teatro de Tábuas e a Celpa colocam em cena tema sociais importantes como a exploração sexual, a violência e o combate ao desperdício de energia elétrica. Na telona são exibidos os filmes Lucas – Um intruso no Formigueiro, Os heróis da cidade, Meu nome não é Johnny, Anjos do sol e Bee Movie. Já no palco de teatro, a comédia musical “A energia da criação” aborda as práticas seguras e ambientalmente corretas de lidar com a energia.

A programação ainda possibilita a interação das culturas locais, num sarau realizado sempre no último dia da programação. No evento, a caravana abre espaço e registra o melhor da dança, da música, da poesia e do teatro produzido pelas comunidades visitadas.

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