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13/09/2008 - 13:11

Política e educação, a ignorância como cúmplice da corrupção

São dois conceitos essenciais para a vida de qualquer cidadão brasileiro: Política e Educação. Política está no agir e também no não agir; no associar-se e igualmente no não aliar-se; no ato de votar conscientemente assim como no voto de protesto e na luta pelo direito de não ter que ir às urnas.

Em nosso país, certamente política se parece muito mais com “maquiavelismo” do que propriamente com “arte ou ciência de governar”. “Maquiavelismo” é uma injusta forma de definir a ação política, administrativa e governamental, em que “os fins justificam os meios” e os interesses de poucos se sobrepõem aos da maioria.

Nicolau Maquiavel, certamente um dos maiores expoentes do realismo político de todos os tempos, ousou dizer em “O Príncipe”, sua obra principal - livro de cabeceira de muitos políticos -, inúmeras verdades pensadas e praticadas por todos (praticamente sem exceção) aqueles que freqüentam gabinetes e ante-salas do poder estabelecido.

No Brasil, é triste analisamos dados como aqueles que nos informam sobre a rejeição do eleitorado aos políticos que investem pesadamente em educação. De acordo com o levantamento, 70% dos prefeitos brasileiros que investiram em educação e, dessa forma, apostaram que os benefícios de uma escola de qualidade podem garantir um amanhã melhor para suas comunidades, não conseguiram se reeleger ou eleger seu sucessor. Por outro lado, 65% dos prefeitos que beneficiaram os moradores com mais vias públicas pavimentadas, obras e/ou benefícios sociais (como cestas-básicas, material escolar gratuito, remédios por preços módicos, salários adicionais) foram agraciados com novos mandatos ou elegeram seus candidatos a sucessão.

As negociatas na esfera pública acontecem porque a população não se mobiliza, não fiscaliza e não interfere na administração pública. Isso, por sua vez, ocorre pela falta de informação, de esclarecimento e pelo predomínio da ignorância. E é justamente nesses dados, adicionados às breves reflexões sobre Maquiavel, que repousam algumas conclusões sombrias quanto aos próximos anos de nosso país, caso não façamos algo em prol da decência, da lisura, da honestidade, da ética e da civilidade na política brasileira.

A ignorância, a pobreza e a dependência da população são cúmplices da corrupção e, certamente, ajudam a alavancar as negociatas que enriquecem inúmeros políticos brasileiros. Não interessa a esses “senhores” melhorar efetivamente a qualidade da educação brasileira. Isso significaria, no final das contas, uma população mais esclarecida, atuante, crítica e exigente. Qual político, em sã consciência, quer ver a comunidade aferindo as contas públicas e descobrindo desvios de verbas através de compras superfaturadas e de licitações fraudadas em reuniões secretas, regadas a muito vinho importado, com preços impublicáveis para 90% da população brasileira?

Quero acreditar, sinceramente, que o futuro pode ser muito melhor para todos. Temos sido surpreendidos por fatos que demonstram a evolução do país no que tange a sua vida econômica – o que tem gerado melhoria na qualidade de vida de milhões de pessoas. Mas, não podemos, por esses ganhos, fechar os olhos aos desmandos que cerceiam a mais e mais pessoas o acesso ao saber proporcionado pela educação e que, todos sabemos, pode garantir ao país um futuro muito mais próspero do que o que se avizinha.

Penso que “o aperfeiçoamento das faculdades físicas intelectuais e morais do ser humano” ou ainda o “disciplinamento, a instrução, o ensino” que conduzem à “civilidade” são de essencial importância para que a política seja, realmente, “arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados”, em prol de todos. Ou seja, sem educação de qualidade, não há política na acepção da palavra que verdadeiramente desejamos.

E a luta contra a corrupção começa nos pequenos atos cotidianos de cada um – não dar propina, respeitar as leis, ter paciência nas filas, votar com consciência, participar da educação dos filhos, cobrar serviços públicos de qualidade.

. Por: João Luís de Almeida Machado é editor do Portal Planeta Educação; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura; Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema"

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