Grampeados no baile

Com esse negócio todo de grampos espalhados pela corte de Brasília, entre outros cenários mais, acreditam os mais estudiosos no assunto que nem mais seja possível uma conversinha daquelas do tipo mineira, ao pé do ouvido, e em plena praça pública: ´´Como vai o cumpadre? Indo. E o senhor? Passando``. Ou que fazer um pit stop em cabines telefônicas no antigo centrão da cidade, é bem possível que aquelas volumosas fichas telefônicas confeccionadas à base de chumbo, e que a gente balançava atônitos, ´´esperando a vez`` de falar, também voltem em cena. Os ´´orelhões`` das nossas esquinas comiam cera e poeira 24 horas ininterruptas. Isso sem contar com os chiados e zumbidos, porém, sem ter que esperar pelo tal sinal dos modernos celulares que tornaram cada um de nós verdadeiros ´´telefones sem fio``. Já vi um amigo com quatro aparelhos pendurados na cintura! Talvez um pra falar de manhã, o segundo ao meio dia; o terceiro mais à tarde e quarto logo a noitinha. Não estamos sós. Com esse aparato todo, o Graham Bell deve estar mais é se contorcendo na tumba. ´´Cadê o meu sinal, tão me ouvindo? Grampo não e só pro cabelo estilo rococó nem pra ´´nega maluca``, e ter que falar em cima do telhado anda é atrapalhando a vida dos passarinhos``.

Na brincadeira do assunto vale até aparelhos de brinquedo, mas que se grampeados, causam zumbidos profundos. Há quem diga que, num futuro muito próximo, você consiga vender, ´´via fone``, dezenas de barras de petro-sal numa tacada só. Na cotação da bolsa vai ser fichinha. Deixar recados na secretária eletrônica pra que, heim? E é bem possível que o filme Wall Street estrelado pelo Michel Douglas e o Charlie Sheen, além da estonteante Daryl Hannah, na década de 80´s, comece a rodar novamente. E nada de pirataria com o líquido negro que vai jorrar junto com o sal da terra. Descamizados, sem-teto, sem-fome, todos vão andar é com a mão do homem rouco de Brasília estampada nas camisetas Hering segunda-linha, bradando numa só voz: ´´Nunca antes nesse país``. Nem na época JK! Companheiros no biótipo do pobre Ivangisvaldo, que ainda não fez carreira política, mas prontinho da silva pra estrear na nova safra que vem por aí, em palanques, o barulho já passou de ensurdecedor. Puxado ao pai, já nasceu sabendo de tudo. Falou virou lei. Seca. Na conta dos nove, vixe! Um galão pode valer um milhão.

Agora, quanto a encerrada polêmica – e dita no bom tom – do ministro Nelson Jobim a despeito da Abin, poderia lá alguém querer mudar a prosa do novo assunto em questão? De cpi´s em cpi´s a gente se entende. E o bom mesmo é de se ver e ouvir em alta definição. Caiu a ficha? Ainda mais quando aplaudimos vossas excelências em ação. Mais um ano de comissões parlamentares de inquérito há que estrear. Disso ninguém duvida. Vamos apurar as escutas? Telefone não é brinco nem adereço de espiões, dizem... Isso sem contar que a linguagem que usam é das bravas. Falam-se até em imensas promiscuidades PF/Abin, atividades ilícitas, mal-habilitados, imorais e ilegais. E repetindo o lema do que dissemos antes, ´´fazer do uso da tal ´Lei da Inércia`, principalmente em épocas de campanhas magrinhas (visto que alguns prósperos candidatos só precisam gesticular no horário gratuito, admita-se obrigatório), isso não engorda em nada. Na moral da história, vale até comer pastel na feira. E mesmo que ele seja de vento, o caldo tem que ser com bastante limão e cana. Olha o Ivangisvaldo chegando aí, minha gente! Grampeou tem que levar...

. Por: Celso Fernandes, jornalista, poeta e escritor, autor de ´´As duas faces de Laura``, ´´O Sedutor``, Sonho de Poeta`` (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente pela Apacos (Associação Paulista dos Colunistas Sociais) em São Paulo, jornais, revistas e sites relacionados às áreas. Blog do colunista: http://modarougebatom.blog.terra.com.br