Perda de peso: A cirurgia bariátrica não é um tratamento paliativo

Apesar do procedimento ser um instrumento eficaz para o controle do peso, o sucesso do tratamento a longo prazo depende muito da vontade do paciente de mudar seus hábitos alimentares.

Jacksonville, Florida  O americano Brian Adkins sempre teve um porte atlético e magro, porque praticava esportes. Entretanto, quando se tornou adulto, reduziu suas atividades e começou a ganhar peso. “À medida que avançava em idade, mantive meus hábitos alimentares, porém deixei de praticar esportes”, disse Adkins, agora com 40 anos. Ele tentou perder peso de muitas formas, mas sempre fracassou. Em agosto de 2007, chegou a pesar 144 quilos e foi encaminhado ao Centro Bariátrico da Clínica Mayo de Jacksonville, onde conheceu o médico Scott Lynch, diretor do Centro de Cirurgia Bariátrica. Na Mayo, uma equipe completa, que incluiu um nutricionista e um psicólogo, trabalhou com ele e lhe recomendou se submeter a uma bandagem gástrica ajustável por via laparoscópica.

Durante os seis meses em que se preparou para a cirurgia, perdeu 13,5 quilos e, desde que operou, perdeu mais 22,5 quilos – ou seja, um total de 36 quilos, desde que começou o programa. Agora se sente com mais energia e melhor auto-estima. Sua meta é chegar aos 94,5.

Além disso, Adkins tem uma outra razão para manter-se motivado em sua redução de peso. Os infartos cardiovasculares são parte de sua herança familiar. Seu pai faleceu de um, aos 60 anos, sua avó também morreu por essa causa e agora um tio também está em estado grave por essa condição. “Estou tratando de romper a tendência”, explica Adkins.

A cirurgia não é um remédio fácil para perder peso, porém em determinadas condições pode fazer o que o exercício e a dieta por si só não conseguem. Se a cirurgia não vem acompanhada pela combinação de uma dieta saudável, exercício e uma atitude positiva, o mais provável é que o peso perdido seja facilmente recuperado. É importante que a pessoa compreenda que a operação é um instrumento dentro do tratamento global.

Com o apoio de seu médico particular e a ajuda de suas próprias pesquisas, Adkins decidiu se submeter a uma bandagem gástrica ajustável por via laparoscópica, ou, simplesmente, bandagem por LAP. Nesse tipo de cirurgia, o médico cria uma bolsa na porção superior do estômago, colocando, em sua volta, uma banda (ou cinta) inflável, que pode ser ajustada, a partir de um pequeno dispositivo que ele instala sob a pele do paciente. Após a cirurgia, a banda é gradualmente apertada pelo médico, durante alguns meses, até que ela divida o estômago em dois compartimentos – uma bolsa menor em cima e uma bolsa maior embaixo. A bolsa menor limita a quantidade de alimentos que o paciente consegue ingerir.

Alternativamente, o paciente pode se submeter a uma cirurgia de derivação gástrica (um desvio no estômago). As recomendações médicas, por um ou outro procedimento, se baseiam no volume e na medida proporcional da perda de peso, o que é determinado pelos riscos à saúde do paciente e outros problemas médicos. Os pacientes com bandagem por LAP perdem peso mais devagar do que os com desvio gástrico. Uma vantagem da bandagem por LAP é que ela é ajustável e mesmo revertida, se for necessário por razões médicas.

“O aconselhamento dos pacientes que vão se submeter a uma cirurgia bariátrica é um componente importante do tratamento. As avaliações para uma cirurgia podem demorar de três a oito meses. Antes do procedimento, os pacientes devem entender o que está em jogo e as mudanças que serão necessárias no seu estilo de vida. A cirurgia bariátrica não é um tratamento paliativo. Apesar de ser um instrumento eficaz para o controle do peso, o sucesso do tratamento a longo prazo depende muito da vontade do paciente de mudar seus hábitos, alimentar-se melhor e fazer exercícios”, diz Lynch.

O Centro Bariátrico da Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, oferece um atendimento completo ao paciente, que inclui nutricionistas, psicólogos e outros especialistas. A equipe trabalha em conjunto para determinar as razões dos problemas de peso do paciente e o melhor caminho a seguir para a sua perda e manutenção.

No caso de muitos pacientes, o aumento do peso se deve a razões emocionais. O psicólogo motiva e ajuda a aplicar métodos distintos para enfrentar o estresse e outras emoções, em vez de fazê-lo com a comida.

Perfil do Centro Bariátrico - O Centro Bariátrico da Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, oferece uma variedade de serviços e planos de tratamento, sob medida para cada paciente. Entre os serviços estão:

Terapia nutricional: inclui aconselhamento individual sobre nutrição, orientação na escolha de alimentos saudáveis, controle de quantidade de alimento e plano de alimentação com controle de calorias;

Mudança de hábitos: ajuda a determinar hábitos que contribuem para a dificuldade de perder peso e a definir estratégias para mudanças de comportamento;

Farmacoterapia: medicamentos para perda de peso;

Adoção da dieta líquida: um programa de 11 meses, supervisionado por médico, que se baseia na substituição de alimentação sólida por líquida, nutricionalmente balanceada e completa, para rápido emagrecimento.

Cirurgia para redução de peso: os procedimentos mais comuns no centro são o de derivação gástrica e o de bandagem gástrica ajustável por via laparoscópica.

Perfil da Mayo Clinic - A Clínica Mayo é o primeiro e maior centro de medicina integrada do mundo. Médicos de todas as especialidades trabalham juntos no atendimento aos pacientes, unidos por um sistema e por uma filosofia comum, de que “as necessidades dos pacientes vêm em primeiro lugar”. Mais de 3.300 médicos, cientistas e pesquisadores, além de 46.000 profissionais de saúde de apoio, trabalham na Clínica Mayo, que tem unidades em Rochester (Minnesota), Jacksonville (Flórida) e Scottsdale/Phoenix (Arizona). Juntas, as três unidades tratam mais de meio milhão de pessoas por ano.