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20/09/2008 - 09:17

Preço médio de energia nova no leilão a-3 inviabiliza negócios com energia eólica

Bioenergy afirma que R$128,42 MWh é preço “irreal” e que a conta de luz vai encarecer.

Apesar das usinas eólicas participarem efetivamente pela primeira vez na história do setor energético brasileiro de um leilão de energia organizado pelo governo, na última quarta-feira, nenhum projeto de energia limpa e renovável emplacou no certame. Foram oferecidos quatro empreendimentos eólicos com 203 MW de capacidade instalada, aportadas garantias financeiras, mas todo o esforço não foi suficiente para atingir o preço médio de R$ 128,42 MWh, que pautou o pregão.

Nos últimos quatro anos nenhum empreendimento eólico conseguiu emplacar projetos nos leilões do Governo, sempre por causa do preço-teto, inviável para esse tipo de geração de energia, que precisa atingir o teto de R$ 160 MWh. “A eólica não pode concorrer com o preço de uma geração de energia que é surreal, pois é estimado sem contar o consumo de combustível, caso das térmicas”, lamenta Sergio Marques, presidente da Bioenergy.

Marques alerta para o aumento do preço da energia a partir de 2010, já que a geração térmica movida a óleo combustível corresponde ao triplo do valor da eólica. “A matriz energética brasileira a partir de 2010 estará suja. O Brasil corre na contramão das tendências mundiais que visam preservar o meio-ambiente e optar por energias que não dependam mais de petróleo”, alerta o empresário, ressaltando que neste último leilão não houve sequer a presença de hidrelétricas.

Empresa nacional de geração por meio de fontes alternativas, a Bioenergy foi responsável por três dos quatro empreendimentos eólicos do pregão - Portos dos Ventos I e II e Rei dos Ventos I -, com 153 MW de capacidade instalada total. São projetos que atingem investimentos de aproximadamente R$ 600 milhões em áreas do Rio Grande do Norte.

O preço irreal das térmicas - A energia térmica normalmente é contratada nos leilões do governo a um preço médio de R$ 145 MWh, que considera o custo de operação efetivo e o custo em que as térmicas ficam apenas em stand by para atender a uma eventual demanda. O custo do período de stand by reduz, teoricamente, o valor da energia térmica. Na contratação, parte-se da premissa de que ela é utilizada em período equivalente a 15% do ano.

Contudo, na prática, as térmicas têm sido usadas por período muito maior, por causa do baixo regime hidrológico, conforme foi registrado, por exemplo, em 2008. Isto eleva consideravelmente o custo total de operação, que chega a atingir o equivalente a R$ 700 MWh – valor três vezes maior do que o da energia eólica.

“O preço médio de contratação das termelétricas nos leilões é irreal pelo fato de que centrais térmicas têm operado por um período bem superior ao previsto na composição da tarifa média, o que eleva o preço final da eletricidade aos consumidores”, afirma Marques.

A prova disso, explica ele, é que somente no primeiro semestre de 2008 - o maior período de operação das térmicas a óleo combustível - houve uma diferença de aproximadamente R$ 1,4 bilhão entre o valor previsto pelo governo, com base nos termos do leilão, e o efetivamente gasto pela sociedade. Para cobrir essa diferença, o valor foi rateado na conta dos consumidores e contabilizado como Encargos de Serviços do Sistema (ESS), rateado entre todos os consumidores em suas contas de luz. (Veja o gráfico abaixo)

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