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23/09/2008 - 09:00

Protegendo o Coração dos Brasileiros

Luiz Alberto Mattos é presidente do Departamento de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista da Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC.

As doenças cardiovasculares seguem na liderança como principal causa de mortalidade dos brasileiros. De acordo com o DATASUS, o somatório dessas afecções, ceifam mais de 260 mil vidas, em 2008, no Brasil. Em média, mais de 80 por dia, 34 por hora, quase uma a cada dois minutos.

O binômio devastador do acidente vascular encefálico e do infarto agudo do miocárdio segue nos desafiando em um enfrentamento diário, sonegando-nos a oferta de um tratamento salvador, em muitas oportunidades.

A sociedade brasileira cada vez se torna esclarecida acerca dos seus males, dores e dos seus desafios, graças à divulgação da mídia e das sociedades médicas. Assim, alguns mitos do passado foram modificados como, por exemplo, que a ocorrência de complicações e de morte decorrente das doenças cardiovasculares era privilégio dos “abastados financeiramente” e que era uma “doença dos homens”.

O processo da aterogênese inicia-se na adolescência e prospera na medida em que os fatores genéticos e fenotípicos predominarem, suplantando as defesas e reservas orgânicas que possuímos. No país, observa-se que a dobradinha fatal, “derrame e infarto” determinam o fim da vida dos brasileiros, desde a terceira década, com um pico entre a quinta e a sexta, um plateau mortal que se manterá até a oitava década de vida entre os homens. O mesmo porcentual segue entre as mulheres apenas com retardo para a detecção dos maiores índices de fatalidade, mais próximo dos 70 anos.

Em análise comparativa, por exemplo, observa-se, entre os homens, cerca de 4 mil fatalidades por ano, relacionadas à neoplasia prostática, e mais de 30 mil óbitos motivados pela “dobradinha mortal” já citada. Entre as mulheres, também é marcante que o total de óbitos decorrentes de neoplasia de mama foi próximo de dez mil casos/ano, confrontando-se com um número quase sete vezes maior de óbitos decorrentes de “derrame cerebral e infarto do miocárdio”, na análise de 2005.

Como podemos enfrentar esse desafio mortal? Estabelecida a aterosclerose obstrutiva em seus mais diversos níveis de gravidade e com as tipicidades clínicas distintas, o armamentário já disponível para o seu combate é eficaz e tem reduzido a morbidade e a mortalidade de modo dramático, por meio da prescrição de fármacos específicos. Quando da evidência de obstruções estabelecidas e severas, superiores a 70% de acometimento da luz dos vasos coronários, é possível renovar o fluxo de sangue pleno ao miocárdio, o músculo cardíaco, por meio da indicação de cirurgias diversas.

Mas a principal resposta à indagação anterior é a prevenção, a valorização da proteção invisível, que blinda os nossos corações de adoecerem. A revisão do estilo de vida é fundamental. Procure um médico de sua confiança e revise com ele seus hábitos alimentares, avalie sua pressão arterial sistematicamente, mensure os níveis de gordura sanguíneos e o seu índice de massa corporal. O combate obstinado à obesidade, à dieta rica em gordura saturada e carboidratos, além das frituras e da chamada “junk food”, é prioridade absoluta, assim como o desestímulo a vida sedentária e ao tabagismo.

Hábitos saudáveis de vida devem ser cultivados. Isso inclui: prática de exercício freqüente, sob orientação médica quando necessário; dieta mais rica em fibras e óleos vegetais, com menor consumo de carnes vermelhas e balanceada em amidos. Além disso, é muito importante valorizar os bons sentimentos.

Na essência, o coração, tema central da comemoração mundial deste dia 28, simboliza o amor, uma palavra por vezes tão desgastada e vulgarizada, mas que devemos proteger e elevar. Recebemos uma vida somente, que a preservemos com zelo e responsabilidade, usufruindo-a com saúde e longevidade máxima. Proteger o seu coração de adoecer multiplicará as oportunidades de amar mais e melhor aqueles que lhe amam demasiadamente.

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