Eleições: democracia às avessas

Vivemos em um país democrático, o que significa dizer que nossos antepassados travaram grandes lutas e embates político-sociais para que pudéssemos exercer direitos e garantias fundamentais na atualidade. Nesse aspecto, vale mencionar que a maioria dos ideais políticos modernos como justiça, cidadania e liberdade, surgiram primitivamente na Grécia antiga.

Assim, oportuno trazer conceituação originária de duas expressões que envolvem o momento político vivido por nossa sociedade: democracia e política. Estima-se que a democracia tenha sido criada pelos gregos, como os pioneiros a lançar as sementes da idéia democrática, que, conservadas pelos filósofos da idade média, frutificaram na modernidade. Com efeito, apenas integrantes de um demos (município), dirigido por um demarca participavam das questões políticas. Daí a expressão democracia, que significava governo de um demos. Atualmente, segundo o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, democracia é a constituição do poder governamental através do voto popular.

Acerca da palavra política tem origem do idioma grego ta politika que, por sua vez, deriva da palavra grega polis, entendida como cidade ou comunidade organizada e formada pelos cidadãos romanos, ou seja, aqueles nascidos no solo da cidade, livres e iguais. Destaca-se, como costumava afirmar o filósofo Aristóteles, de que todo e qualquer trabalho manual devia ser executado por escravos, de forma que os cidadões pudessem dispor de seu tempo para as atividades políticas. Nessa sociedade, mulheres, escravos, prisioneiros e estrangeiros não podiam participar da vida política.

No Brasil, durante os anos de 1964-1985 implantou-se o conhecido regime militar, onde muitos direitos e garantias fundamentais foram restringidos ou suspensos pelos governantes militares. Através da censura, entre outros direitos, foram reprimidos a liberdade de pensamento e expressão. Passado essa fase, vivemos em um País democrático, onde todo e qualquer cidadão possui direitos inalienáveis, inseridos no art. 5º e incisos, de nossa Constituição Federal.

Muitas foram as conquistas alcançadas no decorrer dos anos, no entanto, essa democratização popular, tem levado pessoas a pensamentos tendenciosos e oportunistas, fazendo-se valer do direito assegurado em lei de sua participação política, candidatando-se ao pleito eleitoral, para adquirir status social e melhoria da situação socio-econômica.

Observa-se, todavia, durante o horário de propaganda eleitoral gratuita, que grande parte dos candidatos nem se quer sabe quais são as reais funções a serem exercidas diante do cargo pretendido. Importa lembrar, que as propostas e promessas apresentadas por vários candidatos são idênticas e jamais poderão ser cumpridas, haja vista, não possuirem fundamentação e conhecimento sobre áreas do mercado econômico e financeiro, entre outros.

Oportuno trazer as palavras de grandes estudiosos do passado: “na verdade, o homem é um ser político”, e a democracia é “o governo do povo, pelo povo e para o povo”. Por certo, não podemos contradizer essas assertivas, mas não se pode confundir política apenas como o ato de votar ou ser votado. Na verdade se faz política o tempo todo, quando tomamos atitudes em nossa casa, no trabalho, na escola e na comunidade em que moramos.

Muitas vezes percebem-se vozes da grande massa popular gritando por liberdade, justiça e igualdade, mas constata-se que alguma dessas pessoas, nesse momento político, sem nenhum preparo social, cultural e educacional, quer ocupar cargos públicos de bons salários, tendo em vista vislumbrarem ser uma boa porta de emprego, sem a exigência de uma qualificação profissional. Esses são os louros da modernidade: e viva a Democracia!

. Por: Eduardo Veronese da Silva, formado em educação física – UFESAcadêmico de direito – Fabavi, sargento da PMES instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD.Telefones (27) 9863.9443 | (27) 3380.2730 .