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Regime cambial: exigências e implicações (Parte I), pelo economista e consultor empresarial de Alta Gestão, Humberto Dalsasso


A história cambial brasileira, após transitar pelos diversos níveis da montanha russa, nos últimos anos registrou acomodação, chegando a romper o nível básico, mantendo o Real sobrevalorizado. Esta extroversão cambial tem a ver não só com o regime cambial adotado como com a consistência/inconsistência da política praticada, com o contexto mundial e com a gestão pública. Isto exige dos gestores e investidores aguçada percepção que, com freqüência, transcende a racionalidade matemática, embora esta não deva ser desprezada. Enquanto em janeiro de 1967 para cada Dólar precisávamos 2,220 unidades monetárias brasileiras, no caso, o Cruzeiro(Cr$), em janeiro de 1986 eram Cr$11.170,00.

Em 1.3.86, com a divisão por 1.000, na conversão do Cruzeiro para o Cruzado(CZ$), o valor passou para CZ$13,84/US$1,00, avançando para CZ$845,13, em janeiro de 1989. Em 15.3.89, mudando de Cruzado para Cruzado Novo(NCZ$), dividiu-se por 1.000, chegando à paridade NCZ$1,00 por US$1,00. Porém, o desgoverno acentuou a desvalorização, chegando-se a NCZ$68.850,00 por US$1,00 em julho de 1993. Novamente muda-se a moeda brasileira, agora para Cruzeiro Real(CR$), em agosto/93, levando a CR$90,75 por Dólar, que chegou a CR$2.260,30 em junho/94. Surge, então, o Plano Real, em 1.7.1994, mudando a denominação de Cruzeiro Real(CZR$) para Real(R$), utilizando o conversor de 2.750, no equivalente à recém criada URV(Unidade Real de Valor). Nesse mês, a razão de conversão passa para R$0,933/US$1,00. Por algum tempo manteve-se o Real acima da cotação do Dólar, chegando a R$0,841, em fevereiro de 1995. Embora mais civilizada, começa em 1998 novamente a desvalorização, atingindo o pico de R$1,970/US$1,00(outubro) em 1999 e a média de R$1,8147. Até aí o Brasil vinha adotando o Regime de Câmbio Administrado, pelo Sistema de Bandas.

A partir daí, mudou-se para o Regime Cambial Flexível ou Câmbio Livre, que era o preferido pelo mercado e pelos investidores, inclusive os especuladores. Em 2003 a cotação chegou a R$3,0783/US$1,00. No último quadriênio o contexto internacional foi favorável, beneficiando-se o Brasil de suas condições excepcionais, principalmente no que se refere ao suprimento de produtos primários, destacando-se os minerais e agropecuários, diante da voraz demanda mundial. Ressalte-se que, de maio de 2005 para maio de 2006, o preço do minério subiu 105%, o que vale dizer que vínhamos entregando recursos naturais "a preço de banana", como se diz na gíria.

Isto, aliado às estratosféricas taxas de juros praticadas, as mais altas do mundo, atraiu capital, principalmente especulativo, e gerou superávits no balanço comercial, possibilitando a geração de reservas em moeda estrangeira que dão mais segurança aos investidores. Isto, porém, diante da elevada taxa de juros, onera severamente os cofres públicos, afetando também o déficit nominal.

De qualquer forma, isto, aliado à inconsistência apresentada pela economia americana, tem levado à sobrevalorização da moeda brasileira, com severo e desafiador impacto em muitos setores da economia brasileira, principalmente aqueles que dependem da exportação. Menos ameaçador é para aqueles segmentos que se utilizam da importação e produzem para o mercado interno. Estas se beneficiam.

Esta situação, de relativa e aparente tranqüilidade, embora melhor, ainda está distante de uma consistência macroeconômica, em que os excedentes do balanço comercial estejam fundamentados na capacidade competitiva dos setores básicos multiplicadores de emprego e renda, compatíveis com as demandas do País.

Vale dizer, mesmo pequenas alterações no contexto externo, tendo os setores internos fragilizados, com elevada carga tributária, altas taxas de juros e um Regime Cambial Flexível, podem gerar considerável impacto perturbador. O mercado, que reclamava do Regime Cambial Administrado(bandas), hoje reclama do Câmbio Livre.

Cabe, então, perguntar: 1) Qual é o melhor Regime Cambial? 2) Ele existe de forma generalizada? 3) Ou depende da situação de cada país? 4) E no caso brasileiro, qual o melhor? 5) O Câmbio Livre vem dando certo, é mérito do regime? 6) Quais os riscos? 7) Quais as vantagens e desvantagens de cada regime?

De forma resumida e simples, sem entrar nas profundezas e nos detalhes, procuraremos responder a essas questões, no nosso entendimento. Entendemos que o melhor Regime Cambial é aquele que se adequa à realidade da economia do país. Isto é, às suas condições sócio-econômicas, às políticas sabiamente estabelecidas e ao contexto sócio-econômico internacional. Entendemos, então, que não existe regime bom ou mau de forma geral. Portanto, a análise da relação cambial é mais complexa do que parece.

Na próxima edição (Parte 2) de modo simples e resumido, as vantagens e desvantagens de cada regime: Fixo, Administrado e Flexível. | Por: Cofecon

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