Contemporânea Arte Artistas

O Livro “Contemporânea Arte Artistas”, da fotógrafa Rosa de Luca (Editora Alles Trade, 270 pg., R$ 90,00) será lançado dia 28 de fevereiro, na Galeria Millan Antônio, com exposição das fotos. Foram retratados para o livro 60 artistas brasileiros num livro de fotografias não didático, e sim, com uma plasticidade gráfica na linguagem, buscando mostrar a pessoa de certa forma transmitindo sua essência e, neste contexto, mostrando uma de suas obras.

Este é um livro inédito, primeiro por reunir tantas personalidades pela primeira vez nas artes plásticas contemporâneas brasileiras; depois, pelo seu aspecto artístico.

As artes plásticas contemporâneas brasileiras estão cada vez mais presentes no panorama nacional e internacional, com expressiva representação, num mercado que vem crescendo e se valorizando a cada ano.

A Bienal é uma grande exposição das artes plásticas contemporâneas que divulga e consagra os artistas brasileiros e estrangeiros num grande evento cultural.

Formada em artes pelo Liceo Artistico di Salerno (Itália),sua carreira como fotógrafa teve início em 1984, com a exposição individual “ São Paulo Cromática” no Centro Cultural São Paulo. Em 1986, mudou-se para Milão, onde estagiou no Super Studio. De volta ao Brasil em 1990, passou a atuar na área de fotografia de moda. Participou com ensaios fotográficos de diversas exposições entre as quais se destacam individuais e coletivas como "Salão Aberto paralelo à Bienal" (Li Photogallery, 2004), "Talentos da Comunicação" (Fundação Bienal de São Paulo, 2004), "Brasiliens Gesichter" (Ludwig Museum, 2005), "Acqua" (Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal (São Paulo ) e "Núcleos Contemporâneos II" Coletiva e "Fotografias" Individual (Galeria de Arte Valú Ória, 2006). Vive e trabalha em São Paulo.

Em A Câmara Clara, Roland Barthes afirma que o retrato fotográfico é um encontro entre personagens: aquele que o retratado acredita ser, aquele que ele gostaria de ser e aquele que o fotógrafo acredita que ele seja. Todas essas variantes trabalham juntas na concepção de uma identidade híbrida, imprecisa, até mesmo imaginária. Mas quando o retratado é um artista, um novo personagem entra em cena, contando pontos na composição da identidade: a obra artística. Ao representar o artista em interação com sua obra, a fotógrafa Rosa de Luca realiza não apenas um livro de retratos, mas um retrato das motivações da arte contemporânea.

A observação dos retratos de 60 artistas em atividade hoje no Brasil levam a pensar que fatores reúnem determinados artistas sob a égide do ³contemporâneo², à parte o fato de compartilharem um mesmo tempo histórico. Temos alguns bons livros dedicados a mapear a atual produção brasileira, oferecendo-se como guias de tendências. O livro Contemporânea Arte Artistas, projeto viabilizado pela Biolab Farmacêutica, faz sua contribuição às publicações sobre arte ao propor um recorte do atual contexto em forma de ensaio visual e compreender, de forma sensível, o que é e quais são as premissas do contemporâneo.

Embora o que esteja em foco no livro sejam identidades e singularidades, é possível identificar uma matriz comum a boa parte dos retratados. Abraham Palatnik e sua insubordinação às categorias, facilitando a convergência entre técnicas e suportes, serviu de referência às gerações seguintes e é um dos traços mais marcantes do que hoje entendemos por contemporaneidade. Os procedimentos de Rosa de Luca também escolhem o caminho da hibridez. Fotógrafa desde os anos 1980, ela traspassa os limites da técnica e sobrepõe camadas e camadas de intervenção tecnológica sobre a fotografia. Depois, organiza suas imagens no campo das páginas, como se lidasse com espaços tridimensionais. O livro, assim como a galeria, o museu, ou a rua, é um espaço da arte.

Além de fotógrafa, Rosa de Luca é arquiteta do espaço de sua fotografia. Fez um livro-exposição.

As escolhas não são exclusivas da autora: muitas vezes foram sugeridas pelos artistas, resultando em uma curadoria orgânica, que funcionou por afinidades eletivas. Na interação com o próprio trabalho, cada retratado dá sinais das particularidades de suas intenções enquanto artista. O diálogo não é evidente, pois nem sempre a obra está explícita. Às vezes ela só aparece sugerida por um material, um canto de ateliê, ou no gesto do artista diante da câmera. A presença de espelhos e outros materiais reflexivos na composição dos retratos de Albano Afonso, Márcia Xavier, Rosângela Rennó e Nazareth Pacheco, entre outros, aponta para a centralidade da preocupação do artista contemporâneo com questões relacionadas a identidade e alteridade.

A permeabilidade da obra em relação ao espaço é outra questão contemporânea, insinuada nos retratos que usam vidros, grades e outros elementos vazados como filtros para a passagem da luz. Lucia Koch está atrás de uma tela finíssima, Suzana Queiroga é tingida pela plasticidade vermelha de sua escultura e Cabelo é enquadrado por tipografias em plástico transparente. Nos casos em que o artista ocupa a obra ­ Nelson Leirner como garoto-propaganda da ³Roda² de Duchamp, e Ana Maria Tavares como peça do tabuleiro de um de seus ambientes artificiais, está sugerida a idéia de que a arte é feita de jogos, encenações e participações.

Quando chegamos a um retrato em que a obra está totalmente ausente, nos aproximamos de um momento decisivo, em que a arte ganha novas identidades e passa a operar não com objetos, mas com conceitos. Ao documentar a caminhada de Carmela Gross pela passarela de uma estação ferroviária, a fotógrafa nos conduz à possibilidade da arte como experiência. Quando o objeto artístico está ausente, arte pode ser a relação entre um corpo e um espaço.

Lançamento do Livro Contemporânea Arte Artistas, dia 28 de fevereiro, quarta-feira, das 20 às 23h, Galeria Millan Antonio, Rua Fradique Coutinho, 1360, Tel/fax(5511) 30316007 Especificações Técnicas, Formato do livro: 25,5 cm x 32 cm, 270 páginas em cores, em português e inglês, ao peço de R$ 90,00.