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07/10/2008 - 11:03

Dia do Idoso, o que comemorar?

No último dia 1º de outubro celebrou-se o Dia Internacional da Terceira Idade. Em todas as regiões do país, a “turma” que passou dos 60 anos foi motivo de comemorações especiais. A data, porém, nos colocou diante de um dilema: o que essas pessoas realmente teriam para comemorar? A resposta é complexa e envolve a análise de diversos fatores. A data é importante, traduz respeito e homenagem, mas as dificuldades enfrentadas por muitos idosos no país, especialmente os de baixa renda, mostra uma realidade chocante e que precisa ser enfrentada por nossas autoridades.

É bem verdade que os constantes avanços da medicina e a melhora das condições de vida trouxeram como resultado o aumento da expectativa de vida para os brasileiros. Em 2007, a idade havia subido para 72,7 anos, quatro meses mais do que a expectativa registrada no ano anterior. Em 1997, a expectativa era de 69,3 anos, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a previsão é a de que o número continue crescendo, ainda impulsionado pelo progresso médico e pela evolução da qualidade de vida.

Hoje, há quase 30 milhões de idosos no país, que correspondem a 10,5% do total da população. Somente os que já têm 100 anos ou mais são 11.422. A informação mostra que brasileiros têm alcançado maior longevidade e tal fato é, sim, um bom motivo para festejar nesse primeiro de outubro. Alia-se a essa justificativa de comemoração uma ou outra iniciativa pública voltada ao idoso, a tradicional campanha de vacinação contra a gripe, realizada pelo Ministério da Saúde, além de ações sociais desenvolvidas muito esporadicamente. Mas, param por aí as razões para uma grande celebração.

A Previdência Social continua sendo um problema considerável, que afeta diretamente a vida dos cidadãos que estão na terceira idade. O dinheiro da aposentadoria não acompanha as crescentes altas dos produtos mais consumidos por eles – medicamentos e alimentos -, fazendo com que muitos sejam convencidos a aceitar os empréstimos oferecidos pelas instituições financeiras. O crédito consignado virou uma armadilha, uma ilusão oferecida aos aposentados mais carentes. Na outra ponta, a Previdência enfrenta graves problemas de caixa. E o quadro tende a agravar-se diante do aumento da expectativa de vida. A cada ano, mais pessoas entram com o pedido de aposentadoria, sem a contrapartida do aumento das contribuições necessárias na base da pirâmide, mesmo com a expansão do emprego com carteira assinada.

Na lista de reclamações da terceira idade entram, ainda, as carências na rede de serviços a ela destinada. O país carece de programas de atenção a essa parcela da população, principalmente ligados à saúde e bem-estar, sem deixar de citar outros tantos descasos, inclusive na infra-estrutura das cidades para bem receber os que tanto fizeram por elas. Atenção especial merece a questão da urgente necessidade do aumento de vagas em asilos públicos, além de maior controle sobre suas condições de funcionamento. São freqüentes as denúncias sobre falta de higiene, de remédios e atendimento médico em asilos de todo o país.

A data especial dedicada a essa “turma” deve sim ser lembrada, como foi. Passada a ocasião, continua necessária uma constante e profunda reflexão sobre como estão os nossos “velhinhos” e como podemos atuar para que possamos inverter por ordem de importância as palavras quantidade e qualidade. Em um país que está ficando cada vez mais “velho”, tal ação é fundamental.

. Por: Milton Dallari, diretor administrativo e financeiro do Sebrae-SP e conselheiro da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp.

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