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09/10/2008 - 09:09

Podcast Rio Bravo discute os impactos da crise americana na economia de Cingapura

No Podcast Rio Bravo desta semana o co-CEO da Rio Bravo, Paulo Bilyk, comenta os impactos da crise econômica americana em Cingapura e as lições que a economia desse país asiático oferece ao Brasil e ao mundo. Bilyk acaba de retornar de uma viagem ao Sudeste Asiático na qual visitou investidores. Cingapura, uma ilha com quatro milhões e meio de pessoas, é uma das economias mais pujantes da Ásia e um país que foi da pobreza à prosperidade em uma geração.

Impactos da crise americana na economia de Cingapura – Cingapura vive direta e indiretamente do comercio internacional. “A grande preocupação dos agentes econômicos é entender as conseqüências comerciais da crise financeira norte-americana”, diz. Nesse sentido o consumidor americano é chave: “É evidente que se o consumidor americano comprar menos produtos chineses esse produtos transitarão menos pelo porto de Cingapura”, explica.

Mas, na opinião de Bilyk, o que se fala na região, em Cingapura em particular, é de uma redução do crescimento econômico. “Cingapura vem crescendo a taxas de 6% a 7%, ao ano, e está se falando em cair para 4% a 5% ao ano. O mesmo fala-se da China cair de 11-12% para 8-9%. Não existe preocupação com a solvência dos bancos asiáticos. Na verdade, eles acham que essa crise é uma oportunidade dos bancos se internacionalizarem”, diz.

Ele cita como exemplo a atuação do fundo soberano Temasek de Cingapura e de bancos chineses, que fizeram aquisições de partes de instituições financeiras norte-americanas. Além do Banco de Desenvolvimento da Coréia, que também considerou fazer o mesmo em outras situações. “Acho que veremos cada vez mais situações semelhantes a essa. Existem reservas muito grandes que serão utilizadas para expandir a presença do investidor asiático no mundo e também na América Latina, na medida que os mercados começarem a mostrar calma”, explica.

Lições para o Brasil e mundo - Bilyk compara Cingapura ao jogo SIMCITY (Trata-se de um jogo de simulação da Maxis cujo objetivo principal é criar uma cidade e administrar bem seus recursos. Na medida que toma-se decisões, o jogador vai medindo exatamente os efeitos que têm sobre o bem estar da população).

“Cingapura é peculiar na medida em que são 4,5 milhões de habitantes numa região que é uma ilha e tem-se muito controle sobre as variáveis. E apenas uma pessoa conseguiu por várias décadas liderar o processo político. O interessante é que, desde o começo, houve um assessor econômico importante, um holandes chamado Albert Winsemius, que fez um plano econômico para Cingapura que foi executado passo a passo”, explica.

Segundo Bilyk, esse tipo de racionalidade é difícil ser replicada no Brasil. “Temos um sistema de rotatividade representacional no poder executivo, que é da nossa opção cultural - uma democracia -, que impede ou dificulta uma racionalidade tão perfeita ao longo prazo”, explica.

Bilyk diz que o Brasil deveria montar uma tecnocracia semelhante à de Cingapura, “que tem quadros públicos profissionais de altíssima qualidade com equiparação salarial aos salários da iniciativa privada”, diz.

“O Brasil poderia ter quadros públicos que estejam relativamente isolados do “ir e vir” da representação executiva máxima nas eleições de cada quatro anos. “As agências reguladoras, e o Banco Central, por exemplo, deveriam ser fortalecidos e independentes. Há ferramentas aqui para montar quadros profissionais de primeira qualidade”, diz.

Profissional publico em Cingapura é o que há de mais respeitado – Segundo Bilyk, os jovens bem formados nas melhores universidades querem trabalhar em instituições públicas, como o Temasek e o International Enterprise Singapore – autoridade que apóia iniciativas comerciais internacionais. “Não é desprestígio nem tampouco uma busca por uma opção mais tranqüila de vida com privilégios pequenos em troca de uma estabilidade. É uma gestão pública que segue critérios e em cooperação com a iniciativa privada”, diz.

Atuação do Estado – Bilyk explica que em Cingapura, o Estado fornece a infraestrutura básica - rodoviária, ferroviária, aeroportuária, portuária -, que permite que os agentes usufruam do que há de melhor para serem competitivos em seus respectivos campos.

“O Estado deixa a atividade empreendedora livre para lucrar. Não há culpa do enriquecimento. Isso passa também pelo sistema tributário. Lá, os impostos são muito simples, há apenas dois (de renda e um sobre o consumo) com um nível de alíquota e é possível pagá-los pela internet. Então, não há razão ou motivação para sonegar impostos. A cidade toda é pensada com muito critério e o Estado, de fato, executa os planos com muita competência”, diz.

Educação – Bilyk explica que Cingapura é uma cidade obcecada, como toda a Ásia, por educação. “Para os nossos padrões parece até doentio, na medida que o jovem que não entrar numa determinada Universidade é tido como fracassado. Isso é porque a educação é o emblema maior de acesso a um mundo de prosperidade. Estamos falando de uma geração que transformou Cingapura, de um porto de pescadores no sexto local mais rico do mundo em renda per capta”, explica. || www.riobravo.com.br/podcast

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