Eficiência energética em pauta no XVIII Sendi

O consumo racional de energia, ou eficiência energética, é um dos principais temas em discussão no XVIII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica – que este ano acontece até sexta-feira no Centro de Convenções de Pernambuco. O objetivo é economizar para não faltar e não destruir o meio ambiente. Entre os doze estudos selecionados sobre o assunto, destacam-se dois: o da Companhia Energética da Bahia (Coelba) sobre instalações de janelas em casas populares para diminuir o consumo de energia e o outro da Eletrobrás, que fala como as empresas de saneamento, conhecidas por desperdiçarem água e energia, podem diminuir esse consumo, ajudando a baixar a conta do consumidor no final do mês.

O presidente da sessão sobre Eficiência Energética do Sendi, Jamilton Lobo, que é coordenador do GT de Eficiência Energética da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), diz que o desperdício de água e energia pelas empresas de saneamento é um dos problemas que mais preocupam o setor. Essa perda pode ser contornada através de novas tecnologias, que, se bem aplicadas, são capazes de reduzi-la em torno de 20%. Uma das inovações, proposta pela Eletrobrás, é o uso de inversores de freqüência. "Os inversores variam a potência e regulam as pressões do sistema, o que reduz as perdas de água. Daí, também se reduzem a demanda e o consumo de energia, porque o volume de água bombeado é menor", explica o engenheiro da Eletrobrás Marcus Paes Barreto, um dos autores do trabalho.

Essa redução de gasto de água e energia atinge diretamente o bolso da população. "Com a economia, é provável que as empresas de saneamento reduzam o valor da tarifa de água, já que o processo de abastecimento fica mais barato", diz. As concessionárias de energia que desejem implantar o sistema em parceria com as empresas de saneamento podem conseguir recursos com o fundo federal Reserva Global de Reversão (RGR), que é administrado pela Eletrobrás.

Já o estudo da Coelba, proposto pela consultora em eficiência energética da empresa, Ana Christina Mascarenhas, instalou janelas em casas populares em Salvador que não possuíam a estrutura. As instalações, gratuitas, foram pensadas para aumentar a iluminação natural nas casas, e, assim, diminuir o gasto com energia elétrica e ajustar o valor da conta de luz à capacidade de pagamento das famílias. "Com a colocação dessas janelas, houve uma redução de 10% no valor da conta", conta Ana Christina. "A instalação das janelas não apenas ajudou a economizar na conta de luz, mas também colaborou com a qualidade de vida dessas pessoas, que não eram favorecidas com iluminação natural", conclui.

Em Pernambuco, a Celpe levou a cabo, na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), um projeto que também vai apresentar no Sendi, quando instalou aquecimento solar nos chuveiros e na piscina térmica da instituição, especializada no tratamento das pessoas com deficiência física. A energia limpa, 100% renovável, viabilizou uma redução de cerca de 40% no consumo de energia elétrica da entidade. "O aquecimento elétrico é feito por resistência, o que gasta uma grande quantidade de energia. O que fizemos foi trocar as instalações elétricas por placas solares por onde a água passa e se aquece através da energia natural", explica a analista de eficiência energética da Celpe, América Cândido.