Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

14/10/2008 - 10:04

Paralelo entre a crise atual e a Grande Depressão

“Recessão é quando seu vizinho perde o emprego; depressão é quando você perde o seu”, Harry S. Truman.

Quem tem o hábito de escutar a Rádio Jovem Pan, conhece o programa Confronto, apresentado pela jornalista Paula Carvalho. O bordão deste programa é “comparação do passado com o presente”. Foi pensando nesse programa que me veio a idéia de escrever este artigo.

Muito se tem falado, em razão das profundas oscilações no mercado financeiro internacional de uma forma geral, e nas bolsas em particular, na possibilidade de uma repetição da Grande Depressão da década de 1930, cujo início se deu, para muitos, com o crack da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929.

Como ainda não se sabe a extensão da atual crise, sendo impossível, portanto, indicar o volume dos prejuízos que irá provocar, o efeito sobre o nível de emprego ou o tempo por que se prolongará, é impossível falar em comparações.

No entanto, é possível – e até recomendável – fazer algumas considerações.

A primeira consideração diz respeito ao contexto em que ocorrem as duas crises. Embora a Grande Depressão dos anos 30 tenha ocorrido já na esteira da segunda revolução tecnológica, quando a eletricidade e o petróleo deram acentuado impulso à produtividade e facilitaram o aumento do número de empresas de grande porte, o grau de interdependência e de interligação dos mercados físicos e financeiros nem de perto se assemelha ao do atual mundo globalizado. Nesse sentido, apesar de ter tido repercussão internacional, o ritmo da propagação dos efeitos da crise foi consideravelmente mais lento, em comparação com o que vemos nos dias de hoje.

A segunda consideração se constitui numa tentativa de oferecer ao amigo internauta a oportunidade de refletir sobre as conseqüências da Grande Depressão da década de 30, tendo por base o nível de desemprego nos Estados Unidos. De acordo com o livro Os profetas perdidos, de Alfred Malabre Jr. (Editora Makron), a evolução do desemprego norte-americano foi a seguinte:

O triste recorde.: % da força de trabalho desempregada nos Estados Unidos: 8,7% em 1930 | 15,9% em 1931 | 23,6% em 1932 | 24,9% em 1933* | 21,7% em 1934 | 20,1% em 1935 | 16,9% em 1936 | 14,3% em 1937 |19,0% em 1938 | 17,2% em 1939 .

* Recorde ainda mantido - Como já afirmei no início deste artigo, os contextos são diferentes, lições foram aprendidas, mecanismos de defesa foram desenvolvidos e, diante disso, é muito provável que a situação não chegue a ser tão grave – pelo menos no que se refere ao desemprego – como foi há cerca de 80 anos. Mesmo assim, creio que vale a reflexão. Se, quando ultrapassa o patamar de 10%, o desemprego já causa enorme preocupação, imaginem o que aconteceria se ele atingisse 25%, ou seja, um quarto da população economicamente ativa...

Meu objetivo, com estas considerações, não é provocar pânico ou desespero. Até porque o mercado editorial foi inundado de títulos como O fim dos empregos, A morte da economia, O horror econômico e outros do mesmo gênero, e a realidade mostrou que as catástrofes anunciadas jamais vieram a se concretizar. Felizmente!

Mas, sempre é bom refletir a respeito do que está acontecendo. Concordam?

. Por: Luiz Machado - Economista, formado pela Universidade Mackenzie em 1977. É Vice-Diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado - FAAP, na qual é Professor Titular das disciplinas de História do Pensamento Econômico e História Econômica Geral./Cofecon

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira