Arte pública no Rio de Janeiro

Nuvem, obra de Eduardo Coimbra, rompe as fronteiras de galerias e museus e ocupa a Praça XV, no Rio.

O projeto Série Light: Ilumina inaugura na Praça XV, dia 16 de outubro, a obra Nuvem, de Eduardo Coimbra. O trabalho monumental, que tem a luz como suporte, é composto por cinco caixas de luz independentes (de 4,70m x 4,70m x 48cm) com imagens fotográficas. As caixas são instaladas em seqüência, paralelamente, com um espaço de 2m entre as superfícies luminosas. O conjunto, desta maneira, adquire a forma de um prisma retangular de aproximadamente 11m de comprimento. Sua escala, projetada para uma inserção na paisagem da cidade, torna-o visível tanto a pedestres como a passantes pelo fluxo de veículos. A idéia é que o público circule entre as nuvens e se sinta envolvido pela paisagem magritteana da instalação.

A idealizadora e diretora artística do projeto, Martha Pagy, diz que o Rio de Janeiro é um cenário aberto à criação e que seu projeto procura contribuir para o debate em torno do papel transformador da arte como instrumento de integração pública e, consequentemente, para a revitalização de espaços e equipamentos urbanos.

Para Martha, “o projeto Série Light: Ilumina traz em sua essência a idéia da transformação do espaço público pela arte. A idéia de devolver às ruas, às avenidas e às praças de uma cidade sua função primeira de espaço privilegiado de troca e de convivência da população. Já no título – Ilumina – propomos uma ação, qual seja a de derramar luz sobre, tornar claro, revelar, chamar a atenção do público e despertar-lhe o olhar para um cenário normalmente banalizado, relegado à condição de passagem. Um cenário pronto a readquirir vida, contorno e definição com a intervenção artística e com o estranhamento que dela decorre.”

A iniciativa foi inspirada em projetos internacionais como o Luci d’Artista, de Turim, na Itália – que desde 1997 mobiliza a população, empresários e a administração pública e conferiu à cidade projeção internacional no cenário de arte contemporânea – e a Série Unilever, da Tate Modern em Londres, na qual um mesmo patrocinador convida anualmente um artista para a criação de uma obra para o espaço público.

A obra Nuvem dá continuidade a objetivos marcantes no processo criativo de Eduardo Coimbra cujo interesse em fazer arte reside na possibilidade de articular códigos de uma inteligência compartilhada. A idéia do trabalho é agir de alguma maneira nas mediações do senso comum, sugerir outras modalidades de entendimento sobre aquilo que é parte de um vocabulário usual. No acúmulo caótico dos elementos da cidade um trabalho de arte surge como um rasgo na paisagem, uma interrogação que ativa o olhar.

“Este trabalho oferece a experiência de imersão num campo de luminosidade profunda, onde a intensidade do visível é próxima da cegueira – é como enxergar de dentro da própria luz”, esclarece Coimbra.

Exposição: 17 outubro a 2 de novembro de 2008, na Praça XV de Novembro – Rio de Janeiro. Curadoria: Martha Pagy | Direção Geral: Múltiplos Projetos Culturais | Programação Visual: Jair de Souza | Produção Executiva: Denise Grimming | Série Light: Ilumina | Nuvem – Eduardo Coimbra, com patrocínio: Light.