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01/03/2007 - 09:33

Brasil rumo ao outsourcing global

Quantificação do mercado, busca de diferenciais brasileiros no mercado internacional e necessidade de formação de mão-de-obra em escala maciça foram alguns dos temas discutidos no seminário

Terminou dia 27 de fevereiro o seminário Brasil Outsourcing/Captive Centers 2007, que, sob o tema “Parcerias Rumo ao Mercado Internacional”, discutiu as maneiras de “fortalecer o ecossistema de outsourcing brasileiro para nossa inserção no mercado internacional”, diz Flavio Grynszpan, idealizador do Programa Brasil Outsourcing e organizador do encontro, que contou com o patrocínio da Unisys, CPM, EDS, Oi, Tivit e Ci&T e com o apoio da Alcoa, Câmara de Comércio Americana de São Paulo, Basf, Phillips e Rhodia. Como parceiros internacionais, o seminário contou com a empresa de consultoria norte-americana TPI e com a outsourcing-Law.com. Já em sua terceira edição, o evento, tradicionalmente voltado para a área de TI, trouxe este ano como maior inovação a integração das questões de outsourcing para a indústria farmacêutica e do outsourcing de Pesquisa e Desenvolvimento.

Do ecossistema a que se refere Flavio Grynszpan fazem parte os “captive centers”, ou centros de Tecnologia da Informação das empresas multinacionais, qualquer que seja sua atividade final, assim como as empresas prestadoras de serviços de TI, sejam elas tanto brasileiras, como estrangeiras localizadas no país. Também são parte desta cadeia as diversas instâncias de governo, as universidades e os formadores de opinião – elementos do mesmo tecido que cria as condições para que o país venha a se destacar como prestador de serviços no mercado mundial.

Tamanho do mercado mundial: serviços de TI movimentaram US$ 1.2 trilhão Tendência é de queda dos megacontratos e crescimento dos acordos com vários provedores

Os serviços de TI (Tecnologia da Informação) movimentaram US$ 1.2 trilhão, no ano passado, em todo o mundo. Deste total, US$ 750 bilhões deverão vir da terceirização agora em 2007. Do montante, 10% tendem a vir da categoria offshore outsourcing. O offshore outsourcing cresce a uma taxa anual de 40%, devendo alcançar US$ 75 bilhões em 2007. A Índia concentra 80% deste montante, enquanto o Brasil esbarra no 1%. Maurício Minas, vice-presidente sênior da CPM, afirma que o valor movimentado pelo offshore outsourcing poderia ser bem maior caso o mundo tivesse mais mão-de-obra preparada e outros países agissem de forma mais agressiva, para fazer maior concorrência à Índia. “O mundo precisaria ter 10 milhões de profissionais prontos para atuar com offshore outsourcing. Hoje, tem 800 mil pessoas”, afirma Minas.

Ainda segundo ele, a tendência é de que os megacontratos se tornem menos freqüentes. Os contratantes tendem agora a procurar um maior número de provedores de serviços, especializados em verticais. É aí que o Brasil encontra uma chance de se posicionar mais agressivamente no competitivo mercado da terceirização global.

A Unisys, empresa global que está priorizando a expansão do outsourcing para a subsidiária brasileira, trouxe dois nomes de peso ao evento: Martin Hackett, vice-presidente de Serviços de Infra-Estrutura e Outsourcing da Unisys Brasil, e TC Kong, vice-presidente de Global Services da companhia.

A EDS, especializada em terceirização de serviços de TI, anunciou a criação de centros globais no Brasil e a ampliação da oferta de serviços offshore, que hoje representa 12% do volume de negócios da empresa. Para isso, deve contratar este ano aproximadamente mil profissionais para atender ao mercado global. Esse movimento teve início em 2006, quando a empresa encerrou o ano com cerca de 1,4 mil pessoas na área de exportação de serviços.

A operadora Oi, por sua vez, está se tornando uma empresa para concorrer com serviços completos de comunicação, e não somente de infra-estrutura. Já a Tivit, empresa de Full IT Outsourcing controlada pela Votorantim Novos Negócios, também tem uma estratégia agressiva para trabalhar o atendimento global.

A Ci&T, consultoria especializada em desenvolvimento de aplicações e outsourcing, possui uma estrutura global de prestação de serviços que inclui cinco unidades no Brasil, uma subsidiária nos Estados Unidos e um escritório na Europa. Com atuação em várias regiões do mundo, ela fechou 2006 com um crescimento de 42% nas suas receitas em relação ao ano anterior. A maior contribuição veio do aumento de 250% nas exportações, que já representam 17% dos negócios da empresa.

Diferenciais brasileiros: força na área financeira - O país se destaca também em TI para outros setores, como petróleo e telecomunicações Flavio Grynszpan, idealizador do Programa Brasil Outsourcing, faz uma comparação com o sorvete de baunilha para mostrar que a oferta mundial de serviços de outsourcing anda “viciada”. Para ele, quando a briga se dá pelo fornecimento de algo que todo o mundo faz, como o sorvete de baunilha, o foco único acaba sendo o preço. E aí, sempre haverá um fornecedor que oferecerá um preço menor. Diante deste cenário, Grynszpan sugere a criação de um ecossistema Brasil de outsourcing, com base na integração de vários players locais, como provedores de serviços de TI, produtores nacionais de software, subsidiárias brasileiras de empresas globais e empresas brasileiras que estão se globalizando. Em suma, defende parcerias como fator de fortalecimento.

Para o consultor Mauricio Ghetler, o Brasil precisa aproveitar a experiência e reputação mundial que tem em vários setores verticais para deslanchar no outsourcing interno e externo. Ele destaca setores como o de telecomunicações, utilities, etanol, petróleo e financeiro, mas concentrou sua palestra no mercado financeiro. “O Brasil possui um mercado financeiro eficiente, fruto de maciços investimentos em automação bancária nos últimos 30 anos”, diz Ghetler.

O processamento de cheques no Brasil é realizado em 24 horas há mais de uma década contra uma semana, em média, nos Estados Unidos, por exemplo. Nosso Internet Banking e nossos ATMs são aqueles que oferecem maior conjunto de funcionalidades úteis aos usuários. O caminho é partir para a oferta de soluções “empacotadas” para serem vendidas dentro ou fora do Brasil.

Araraquara do suco de laranja à TI - Município cria pólo tecnológico, cria incentivos fiscais e atrai prestadores de serviços - Durante o seminário foi consenso que, para atuar no mercado internacional de outsourcing de Tecnologia da Informação, o Brasil precisa formar mão-de-obra maciçamente. Os caminhos para tanto passam pela necessidade de um programa amplo e nacional, com a participação de governo e empresas – modelo em que serve de exemplo o município de Araraquara (SP). Distante 273 quilômetros da capital paulista, está deixando de ser forte apenas em suco de laranja. A partir de 2001, o setor de TI começou a se desenvolver na cidade, com algumas mudanças na legislação municipal e a inauguração oficial, em 2004, do Pólo Tecnológico de Informática de Araraquara.

Graças a ele, conta o prefeito Edinho Silva, cerca de mil empregos já foram criados e outras 700 posições devem ser abertas até o final do ano. A EDS foi a primeira a se instalar na região. Hoje, ela emprega cerca de 700 especialistas em TI. Só de ISS (Imposto Sobre Serviços), ela recolhe mensalmente R$ 35 mil, segundo Paulo Sergio Sgobbi, secretário municipal do desenvolvimento econômico de Araraquara. A Cast, fábrica de software nacional com foco no setor público, inaugura seu espaço no município em abril. Neste começo de operação, ela planeja contratar 150 pessoas.

Como as universidades públicas e privadas da região só formam 842 alunos por ano, em cursos como engenharia de sistemas e análise de sistemas, o prefeito lembra que a saída encontrada para estimular a formação e capacitação de especialistas em TI foi preparar as mentes nos períodos prévios à universidade. Foi assim que nasceu o PlanseQ (Plano Setorial de Qualificação), cujo conteúdo vem sendo oferecido pela EDS e pela Cast, para formação de especialistas em mainframe, Java, Cobol, .NET, entre outros.

Outra aposta do município é o programa Desafio Digital, desenvolvido em parceria com a Intel e a Microsoft. Sua intenção é despertar o interesse da TI em jovens de 14 a 18 anos, pertencentes às escolas públicas. Para o prefeito de Araraquara, o setor de TI oferece uma empregabilidade muito maior que qualquer indústria. “Não dá para pensar em levar expansão ao município sem passar pela TI”, afirma o prefeito.

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