Atividades de IPO no mundo têm o menor nível desde 2003

Levantamento trimestral da Ernst & Young demonstra que operações caíram pela metade em relação ao mesmo período em 2007.

As atividades de IPO no mundo registraram o nível mais baixo desde 2003, de acordo com o levantamento trimestral realizado pela Ernst & Young. Entre julho e setembro de 2008, um total de 159 operações IPOs levantaram 13,1 bilhões de dólares no mundo todo. Este é o mais baixo nível de atividade trimestral desde o segundo trimestre de 2003, quando foram registrados 130 IPOs, com 6,8 bilhões de dólares em capital acumulado. No Brasil, nenhum IPO foi realizado durante o período.

Comparado com o trimestre anterior, o valor dos fundos caiu 66% e foram registradas 108 ofertas a menos. Os mercados emergentes seguiram a tendência global: as atividades de IPO nos países que compõem o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) caíram de 71 para 40 ofertas neste trimestre, totalizando 3,4 bilhões de dólares, diante dos 11,2 bilhões de dólares do trimestre anterior.

Os dados globais para os três primeiros trimestres de 2008 revelam que o número total de IPOs, 676, e o valor dos fundos angariados, 92,5 bilhões de dólares, diminuíram pela metade em comparação com o mesmo período em 2007, quando foram registradas 1.388 ofertas e levantados 185 bilhões de dólares. Além disso, 242 ofertas foram adiadas ou retiradas até o momento em 2008, diante das 169 registradas durante todo o ano passado.

“As atividades de IPO diminuíram compreensivelmente na esteira da turbulência econômica mundial. No entanto, experiências anteriores já provaram que o mercado deve se recuperar”, comenta o sócio da Ernst & Young, Paulo Sérgio Dortas. “Além disso, as atividades de IPO em andamento permanecem fortes e bastante diversificadas geograficamente”, acrescenta. Segundo o executivo, as empresas que já começaram a se preparar para abrir capital estão bem posicionadas para tirar proveito quando as condições de mercado estiverem melhores.

“Transparência e a confiança do investidor são a base dos mercados fortes, sejam refletidas no número de IPOS em novas operações pelo mundo ou na atual turbulência dos mercados globais”, completa Dortas. “Espera-se que as medidas tomadas recentemente em todo o mundo para recuperar o mercado comecem a restaurar essa confiança”, afirma.

Os países da Ásia e do Pacífico lideraram as atividades de IPO no período, com 60% do número de ofertas e 50% do capital levantado, acima dos 53% e 40% registrados no mesmo período em 2007. Europa, Oriente Médio e África representaram 29% do número de IPOs e 42% do capital levantado. A América do Norte foi responsável por 11% do volume e 8% do capital levantado. Dos 20 maiores IPOs, 14 são oriundos de mercados emergentes, incluindo três da África e cinco do Oriente Médio.

O Brasil foi o integrante do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) menos ativo em em relação a ofertas públicas iniciais no trimestre. No acumulado do ano até 30 de setembro, foram realizadas 4 operações (OGX, Le Lis Blanc, Hypermarcas e Nutriplant) com um volume captado de R$ 7,5 bilhões (sendo R$ 6,7 bilhões da OGX), uma queda bastante acentuada comparando-se a 2007 quando, no mesmo período, foram efetuadas 48 emissões iniciais com um volume captado de R$ 532,3 bilhões.

“Quando há uma crise, é natural que o investidor procure associar um aumento do risco a um maior retorno e a situação do Brasil, nesse caso, se dá principalmente porque suas taxas de retorno são as menores entre os países do BRIC”, explica Dortas.

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