Siderurgia latino-americana analisa o impacto da crise global no setor

Siderurgia está preocupada com o agressivo aumento das exportações chinesas de produtos siderúrgicos e produtos metal-mecânicos para a América Latina

Cancun – O aprofundamento da crise financeira internacional está gerando uma recessão na economia global com impactos relevantes na siderurgia mundial e latino-americana. As características estruturais da indústria siderúrgica a convertem em setor de alta vulnerabilidade ante conjunturas econômicas como a atual. Esta vulnerabilidade decorre da elevada ocupação de mão-de-obra pela indústria e sua cadeia de valor metal-mecanica, por ser atividade intensiva em capital e tecnologia, por sua elevada inserção no comercio internacional (40% da produção mundial), e por sua histórica propensão a ver-se afetada por ações de comercio desleal em situações recessivas.

Diante desta situação, a siderurgia da America Latina, reunida no Congresso Latino-Americano de Siderurgia – ILAFA 49, no México, analisou os impactos da crise global e identificou os seguintes alertas, fazendo um chamado urgente à ação por parte dos governos da região:

1. Apesar da situação de equilíbrio que ainda existe na América Latina, observa-se no resto do mundo uma enorme sobreoferta na produção de aço devido ao crescente desbalanceamento entre a oferta e demanda a nível global. Essa situação será agravada pelo fato de que os principais aumentos de capacidade de produção projetados no mundo estarão localizados em países que são exportadores líquidos de aço. Segundo a World Steel Association, até 2010, serão concluídos projetos na China e na Comunidade dos Estados Independentes (CIS), totalizando 207 milhões de toneladas de aço bruto. Este aumento representa aproximadamente três vezes a produção atual da América Latina.

2. O impacto da recessão econômica sobre a siderurgia terá características diferentes das crises anteriores devido ao papel crescente que tem a China neste setor, representando aproximadamente 38% da produção mundial. Também preocupa sua política de aumentos de capacidade de produção siderúrgica; a alta participação do Estado na propriedade das empresas produtoras de aço; a existência de políticas governamentais orientadas à promoção de exportações mediante estímulos financeiros e fiscais; e práticas de comércio desleal (subsídios diretos e indiretos e dumping).

3. Para a America Latina, cabe destacar o agressivo aumento das exportações chinesas para a região tanto em produtos siderúrgicos como produtos da cadeia metal-mecânica. Segundo o ILAFA, as exportações chinesas de produtos siderúrgicos para a região aumentaram 23% em 2008, enquanto suas vendas para o resto do mundo diminuíram, em parte como conseqüência das ações de defesa de mercado aplicadas por diversos países. Quanto aos produtos da cadeia metal-mecânica, as exportações chinesas para a America Latina aumentaram 36% em 2008, em valor.

Ante a gravidade da crise econômica, a siderurgia latino-americana solicita aos respectivos governos, em caráter de urgência, a implementação das políticas necessárias para minimizar o impacto dessa crise no setor e agilizar os mecanismos de defesa dos mercados domésticos. | www.ilafa.org