Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

29/10/2008 - 10:59

O jogo sujo e a cadeia produtiva do amianto crisotila

Dono de uma incrível habilidade em matemática, porém entediado com seu trabalho rotineiro no escritório, um homem percebe que é hora de mudar de vida. De repente, a chance que esperava aparece na forma de uma bela loira que faz uma proposta tentadora: ganhar quatro milhões de dólares jogando cartas em Las Vegas. A oportunidade é única já que no dia seguinte serão instaladas máquinas para contar as cartas. Assim, ela o treina na arte da contagem de cartas para que nada dê errado.

A eles une-se um cowboy com um violento passado e ambos partem para essa jogada que pode deixá-los milionários. Porém, eles descobrem que na hora do jogo, com milhões de dólares na reta, a confiança pode se tornar apenas uma ilusão e um passo em falso pode colocar tudo a perder.

Bem caberiam nessa narrativa do premiado Jogo Sujo, do diretor Michael Kinney, os defensores do banimento do amianto no Brasil. Eles poderiam tranqüilamente até mesmo contracenar com Max Herholz, Camden Brady, Andy Allen e todo o elenco do filme.

Afinal, são exímios farsantes na arte de camuflar uma real estratégia econômica, cujo interesse verdadeiro não é preservar a saúde do trabalhador, mas sim abrir espaço para o comércio de telhas e outros materiais produzidos com fibra sintética. A depender do vil desejo deles, o final desse filme exibirá uma tragédia kafkiana: 170 mil trabalhadores brasileiros desempregados.

E qual é a razão dessa campanha suja para o banimento do amianto crisotila? A resposta é pura e clarividente, a menos que se queira escamotear os fatos e ludibriar a opinião pública. Com preços em média 40% superiores e produtos de qualidade e durabilidade inferiores, a indústria de telhas de fibra sintética não tem capacidade competitiva e assim tenta abrir espaço, atropelando a Constituição e a s leis de mercado, através do aniquilamento brutal da concorrência. Sem capacidade para enfrentar, numa concorrência leal, a indústria de fibrocimento, os magnatas da fibra sintética patrocinam diversas ações cujo objetivo é eliminar os seus concorrentes do mercado.

Os atores desse jogo sujo lembram muito bem os personagens daquele longa metragem de ação americano. Agem com impressionante desenvoltura, pisoteando impunemente a própria Lei Maior do País. A ordem econômica brasileira, fixada em norma constitucional, está fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. Ela impõe a todos a observância, entre outros, do princípio da livre concorrência e repudia tanto a concorrência desleal quanto o abuso de poder.

Ao se valer de discussões sem qualquer fundamentação científica sobre possíveis males à saúde pública, os pregoeiros do banimento do minério goiano e brasileiro estão flagrantemente incorrendo na prática da condenável concorrência desleal. Não querem o jogo limpo da livre iniciativa, mas tão somente prejudicar os seus concorrentes, de modo indisfarçável, retirando-lhes, totalmente, fatias do mercado que haviam conquistado. Almejam com as suas ações infligir perdas a seus concorrentes, porque só assim poderão tornar-se soberanos do mercado.

A propósito, numa feliz iniciativa do presidente da Fieg, Paulo Afonso, a luta para evitar o banimento foi destacada durante o II Encontro das Federações das Indústrias sobre Mineração, realizado recentemente em Goiânia sob a organização da Câmara Setorial da Mineração. A iniciativa propiciou esclarecimentos aprofundados acerca desse produto nacional, que tem gerado milhares de empregos com qualidade e muitas divisas para o País. É fundamental que se garanta a continuidade da fabricação de produtos de alta qualidade e com baixo custo, beneficiando principalmente a população mais pobre. Ela certamente seria atingida em cheio no caso de o amianto crisotila deixar de ser utilizado no Brasil como deseja o lobby das fibras sintéticas.

Sem sombra de dúvidas, toda iniciativa para acabar com esse mineral tem, por trás, poderosos interesses comerciais. Falar em possíveis males à saúde pública é uma leviandade, pois não existem mais casos de pessoas que tenham desenvolvido algum tipo de doença em razão do crisotila. No passado, sim, o amianto anfibólio era largamente utilizado na construção civil na Europa e Japão, destruídos pela guerra, sem conhecimento sobre os riscos à saúde humana.

No Brasil, até início dos anos 80, o amianto representava riscos à saúde já que não havia controle seguro da atividade no Brasil. Depois desse período, porém, a Sama – uma das três maiores produtoras de amianto do mundo, sediada em Minaçu –, que só trabalha com o crisotila, adotou ações e sistemas que zeraram qualquer possibilidade de riscos à saúde do trabalhador. Inclusive, pela terceira vez, ela integra a Lista das Melhores Empresas para se Trabalhar no Brasil, elaborada pelo Great Place to Work Institute. O que está em jogo mesmo é um mercado de R$ 2,5 bilhões, o equivalente a 50% do total de telhas consumidas em todo o País. E os ministros do Supremo Tribunal Federal já estão cientes de que tudo não passa de guerra comercial.

. Por: Daniel Messac, secretário Extraordinário do Estado de Goiás e deputado estadual licenciado

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira