Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

01/11/2008 - 11:20

Bretton Woods europeu pode ser a solução da crise econômica mundial

São Paulo – Frente às fraturas e crises financeiras que o mundo vem sofrendo, a especialista em Direito Internacional Maristela Basso acredita que a criação de um novo Bretton Woods europeu possa ser uma boa solução para amenizar os conflitos nas relações internacionais. “Um novo Bretton Woods financeiro teria a vantagem de reunir todos os países do mundo, de recompor as rupturas nas relações tanto econômicas como financeiras, e de instaurar uma nova realidade baseada nas novas relações de força internacionais”, explica Maristela.

O estouro da bolha imobiliária, nos EUA, gerou severos prejuízos para aqueles que adquiriram títulos lastreados em hipotecas, gerando endividamento excessivo em importantes instituições financeiras. Deu-se, então, uma congestão no sistema financeiro e o recrudescimento da crise econômica. As instituições tentaram saldar seus compromissos e buscaram capital por meio da venda de ativos, o que resultou na queda de seus preços e, conseqüentemente, na diminuição ainda maior do capital. E, dos EUA, os problemas se expandiram para outros países e regiões do mundo.

Como sugestão para conter a crise, Maristela Basso acredita que o “o mais sensato seria seguir a experiência do passado e tentar resolver o problema por meio da injeção de capital feita pelos governos em suas próprias instituições, em troca de participação acionária naquelas beneficiadas”. A especialista ainda comenta que “ao rejeitar esse caminho, aparentemente óbvio, apontado pelos mais célebres economistas, o Secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, anunciou o pacote de ajuda de US$ 700 bilhões para a compra de títulos podres lastreados por hipotecas, haja vista que ele não via “perigo de quebras” nos EUA”.

Dentro deste cenário ainda mais patético, surge então uma alternativa do outro lado do Atlântico. Os europeus subiram na ribalta e uma reviravolta inesperada aconteceu quando o Primeiro Ministro britânico, Gordon Brown, combinando clareza e precisão, foi direto ao cerne do problema e anunciou um plano para grandes injeções de capital nos bancos britânicos (e sabe-se que o primeiro expressivo desembolso já foi feito). Ademais, o governo britânico conclamou aos demais países ricos que busquem soluções comuns em suas tentativas locais de salvar o sistema financeiro.

“A melhor alternativa de superar os problemas veio, sem dúvida, da Europa e não de Washington. Tanto é verdade que acabamos de ver os norte-americanos, abatidos e constrangidos, admitirem a necessidade de rever seu plano inicial e reconhecerem a necessidade de usar dinheiro público para comprar ações de bancos privados – torrando, de imediato, US$ 250 bilhões”, continua Maristela.

A realidade é outra e o melhor caminho foi indicado pela Europa e não por Washington. Maristela afirma que “os EUA não são mais o centro econômico do planeta e, mais do que isto, no final do governo Bush, os profissionais mais experientes já deixaram a Casa Branca. A desordem “d´outre-Atlantique”, faz com que a Europa assuma a liderança na definição de uma real e efetiva governança bancária e financeira mundial. Daí que caberia a ela a iniciativa de liderar o processo de retomada da credibilidade e da confiança nos mercados podendo, inclusive, convocar “um novo Bretton Woods”, diferente da conferência original do pós-guerra (1944-45) – que tantos benefícios trouxe à consolidação da, então, “nova ordem econômica internacional”.

O Acordo da Conferência Internacional Monetária de Bretton Woods, ocorreu em 1944 na cidadezinha de Bretton Woods, Estado de New Hampshire, Estados Unidos, e assegurava a estabilidade monetária internacional, impedindo que o dinheiro escapasse dos países e restringindo a especulação com as moedas mundiais.

“A complexidade e gravidade da situação exigem um novo entendimento internacional que rapidamente consiga um melhor funcionamento dos agentes financeiros e traga mais prudência, alargando, ao mesmo tempo, o perímetro da regulamentação”, finaliza a especialista.

Maristela Basso é doutora em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo, Professora Associada e Livre Docente em Direito Internacional da mesma instituição. É autora de diversos livros, artigos e trabalhos científicos, publicados no Brasil e no exterior, além de palestrante e convidada em eventos nacionais e internacionais. Tem seu nome como referência no “Who´s Who in the World”, 2008 e no “Outstanding Intellectuals of the 21st Centure – 2008”.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira