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02/03/2007 - 09:11

Pequenas empresas paulistas têm queda de faturamento de 3,5% em 2006

Aumento das importações e elevado nível de endividamento dos consumidores contribuíram para puxar o desempenho para baixo. Pessoal Ocupado teve queda de 5,2%. Renda dos empregados, no entanto, subiu 7,3%

São Paulo - Apesar da boa notícia que representou a aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no final do ano passado, o ano de 2006 não terminou bem para as pequenas empresas do estado de São Paulo.

Após dois anos seguidos de crescimento (4,3% em 2004 e 1,9% em 2005), o faturamento do universo das MPEs paulistas caiu 3,5%, ou seja, de R$ 247,9 bilhões em 2005 para R$ 239,3 bilhões em 2006, perda de R$ 8,6 bilhões no ano.

Os dados fazem parte da pesquisa Indicadores SEBRAE-SP, elaborada pelo SEBRAE-SP com a colaboração da Fundação SEADE, a partir do monitoramento de uma amostra de 2,7 mil empresas de micro e pequeno porte.

Segundo Ricardo Tortorella, Diretor Superintendente do SEBRAE-SP, o resultado de 2006 só reforça a necessidade de avançar na regulamentação da Lei Geral. Na avaliação de Tortorella, “A aprovação da lei pela Presidência da República em fins de 2006 foi um grande marco para a história dos pequenos negócios. O desafio agora é regulamentar seus diversos capítulos, para que possa ser implantada, de fato, propiciando uma melhora efetiva do ambiente para os pequenos negócios.”

Faturamento - Na comparação com o ano anterior, o faturamento médio mensal das MPEs paulistas passou de R$15.576,00/mês em 2005 para R$ 15.035,00/mês em 2006.

Segundo Marco Aurélio Bedê, coordenador do Observatório das Micro e Pequenas Empresas (MPEs), essa queda se deveu a uma conjunção de fatores negativos. “Os juros elevados e a crise na agropecuária, no primeiro semestre, e a queda do dólar com conseqüente aumento das importações de itens como calçados e vestuário, no segundo semestre, contribuíram de forma decisiva, para explicar o baixo faturamento das pequenas empresas paulistas. Além disso, no final do ano, o consumidor demorou muito para ir às compras e comprou menos por conta do elevado endividamento”, comenta o coordenador da pesquisa.

Na análise do faturamento por setores, as MPEs do comércio e serviços apresentaram quedas de 5,3% e 3,6% ante 2005, respectivamente. Apenas as MPEs da indústria apresentaram expansão no ano (+1,9%), puxadas pelas empresas de bens intermediários, como insumos e componentes de metal, borracha e plástico, destinados às grandes empresas.

Por regiões, tanto a Região Metropolitana de São Paulo como os municípios do interior do estado tiveram retração no faturamento, -3,4% e -3,6% respectivamente. A capital apresentou o pior desempenho (-3,8%). A única região analisada na pesquisa com variação positiva no ano foi o Grande ABC (+1,3%). Esse resultado diferenciado do ABC se deve a dois fatores básicos: a recuperação salarial conquistada nos últimos dissídios e o bom desempenho das grandes montadoras na venda de veículos. Na avaliação de Bedê, esses dois fatores contribuíram para ampliar a renda na região alavancando a venda das MPEs do comércio.

Pessoal Ocupado - As micro e pequenas empresas tiveram queda de 5,2% no total de pessoas ocupadas, na comparação de 31 de dezembro com a mesma data no ano anterior. Por esse critério de comparação, essa foi a primeira queda após quatro anos sucessivos de expansão.

As MPEs paulistas fecharam 2006 com 5,6 milhões de pessoas ocupadas, já incluídos os sócios-proprietários, familiares e empregados próprios e de terceiros, 310 mil postos de trabalho a menos que em dezembro de 2005.

A queda do nível de pessoal ocupado se deu em todos setores: -7,5% nas MPEs de serviços, -4,6% no comércio e -2,4% na indústria. Por regiões, apenas as MPEs do Grande ABC apresentaram expansão (6,1%), puxada pelas MPEs do comércio da região. As demais regiões apresentaram retração no pessoal ocupado: -4,5% no interior, -5,9% na Região Metropolitana de São Paulo e -11,5% na capital.

Na avaliação de Bedê, com a queda no faturamento, as micro e pequenas empresas tiveram de fazer um ajuste, para baixo, no seu quadro de pessoal, sendo que em parte, esse ajuste se deu no grupo dos sócios e familiares. “Quando há variações muito rápidas nas vendas, para mais ou para menos, as empresas desse porte fazem um ajuste inicial de pessoal nos colaboradores mais próximos, os familiares, que em muitos casos colaboram na administração do negócio sem uma remuneração fixa mensal”, afirma.

O coordenador do Observatório das Micro e Pequenas Empresas acredita também que a queda no total do pessoal ocupado reflete, em parte, o pessimismo para os próximos meses. Segundo ele, a dispensa de pessoal não apenas resulta de um desempenho ruim no ano, como é um prenúncio de que as expectativas dos empresários não são muito otimistas para os próximos meses. Os altos níveis de endividamento e inadimplência dos consumidores e as baixas vendas, em particular nos últimos meses do ano, meses que costumam ser os melhores para os pequenos negócios, indicam que os próximos meses deverão ser de vendas fracas.

Rendimento dos Trabalhadores - Apesar da queda no faturamento, em 2006, as MPEs pagaram mais aos empregados que são remunerados. O rendimento médio dos empregados apresentou crescimento de 7,3% ante a média do ano anterior (de R$ 700 para R$ 751).

Todas as regiões e setores apresentaram aumento no valor dos rendimentos pagos aos trabalhadores. Por setores as variações foram de: +2,3% na indústria, +6,9% nos serviços e +9,3% no comércio. Por regiões as variações foram de: +6,6% na capital, +7,4% na Região Metropolitana de São Paulo, +7,7% no interior e +8,6% no Grande ABC.

“As MPEs estão seguindo a tendência de recuperação dos salários verificada na economia por conta da inflação sob controle, dos dissídios com recuperação dos salários acima da inflação e do aumento real do salário mínimo”, explica Bedê.

Expectativas dos empreendedores - Para os próximos seis meses, os empresários paulistas têm expectativas pouco otimistas de melhora de faturamento e para a economia brasileira. Para 54% dos consultados na pesquisa, a expectativa é de manter o faturamento nos níveis atuais, enquanto 31% acreditam que ele possa melhorar. Uma piora foi cogitada por 2% dos empresários. No cenário econômico as expectativas são parecidas, com 50% acreditando em uma manutenção da atual conjuntura, e 30% apostando em uma melhora. A piora foi levantada por 4%.

Visão do Sebrae-SP - Segundo avaliação do Observatório das Micro e Pequenas Empresas do Sebrae-SP, para o ano de 2007 é esperada uma recuperação dos agronegócios, o que pode favorecer as MPEs, em especial as do comércio no interior. O dólar deve continuar valorizado, devido aos saldos positivos da balança comercial brasileira, devido à manutenção da economia mundial aquecida e da elevada competitividade das commodities de exportação (minério de ferro, aço e commodities agrícolas). Como conseqüência, a concorrência dos importados deve permanecer pressionando o faturamento e as margens das MPEs. A manutenção da inflação sob controle, com algum ganho real adicional dos salários e o aumento do crédito, embora mais modestos que em 2006, devem continuar presentes no cenário interno em 2007. Como resultado, é esperada uma recuperação do consumo interno e das vendas das MPEs, porém, também modestos.

“É natural que o aumento do rendimento dos trabalhadores em 2006 se transforme em aumento do consumo, impulsionando as vendas e aumentando o faturamento das MPEs em 2007, ainda que em ritmo modesto. A aceleração mais intensa dependerá de ações que fomentem a economia como um todo, em particular das medidas de estímulo à economia do PAC”, avalia o diretor-superintendente, RicardoTortorella.

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