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04/11/2008 - 11:19

Varejo não pode embarcar na onda da miocrise

Redução de investimentos na prevenção de perdas em tempos de crise é “míope” e abre espaço para aumento exponencial dos prejuízos.

Novembro de 2008 - Alguns dias se passaram desde que se instaurou o efeito “caos geral” em relação à crise financeira mundial. Não me cabe aqui discursar sobre hipotecas, variação cambial e, muito menos, sobre a volatilidade do mercado de ações. Mesmo porque existem economistas em número suficiente e com grau de especialização altíssimo, capazes de dissecar financeiramente esta crise e falar horas sobre seu impacto.

Permito-me abordar o tema sob o ponto de vista do varejo, área com a qual trabalho há muitos anos. Em momentos como este é comum o “vírus” da crise, a MIOCRISE, se instalar em empresários, executivos e gestores, afetando diretamente a sua forma de enxergar os negócios. Ao invés de manter os olhos abertos para ver mais longe, além da crise, a MIOCRISE torna os varejistas míopes, incapazes de enxergar os verdadeiros problemas a serem combatidos.

Um exemplo é o da prevenção de perdas, uma área tão importante quanto às vendas no que se refere à competitividade do varejo por estar diretamente relacionada à lucratividade ou ao prejuízo da operação. Em um cenário negativo onde a MIOCRISE se instala, a visão é ofuscada pela pressão por resultados imediatos. Os ganhos de longo prazo e perenes obtidos pela redução dos índices de perdas nas lojas (representados por furtos, quebras operacionais e rupturas nas gôndolas) são abandonados em nome dos ganhos questionáveis provocados por cortes de orçamento, suspensão de programas, projetos, cursos e treinamentos, redução da freqüência de inventários, revisão da estrutura e demissão de profissionais qualificados.

Míopes, os empresários e gestores não percebem que, ao tomar esta atitude, estão tentando encher um balde cheio de furos. Ou, usando outra metáfora, dando um tiro no pé. Quando os processos passam a ser comandados pelo foco único das vendas, sem visão preventiva, todos os investimentos feitos em melhores práticas em gestão de perdas podem desmoronar e seu reinicio mais à frente será extremamente penoso.

Estudos recentes do NRF (National Retail Federation – Loss Prevention) demonstram que a adoção plena de uma cultura de prevenção de perdas em uma operação de loja de tamanho mediano é de 15 meses, imaginando um programa sem interrupções e com um turnover baixo. Portanto, a redução de investimentos nesta área poderá significar um crescimento exponencial dos índices de perdas, já que a falta de colaboradores treinados, focados e devidamente incentivados se torna fatal a médio e longo prazos.

Por todos estes motivos não podemos nos deixar contaminar pela MIOCRISE, tomando decisões baseadas no impulso e na angústia da crise. A prevenção de perdas se torna mais do que nunca uma área estratégica neste momento, sendo seu papel baseado na construção de soluções inteligentes e eficazes.

Tome-se como exemplo o inventário, ferramenta essencial para medição e controle das perdas. Neste momento, abandonar o inventário e associá-lo como despesa é um caminho sem volta, em que o aumento dos índices passa a ser questão de tempo. Ao invés disso, o varejista deve usar essa ferramenta de forma mais produtiva e inteligente. Focar suas medições por meio de inventários cíclicos, intensificando-os em lojas criticas e alongando-os nas menos críticas.

Outra conseqüência comum da MIOCRISE é a revisão da estrutura ou redução do quadro dos funcionários, com aglutinação de funções. Como um dos pilares de sustentação da prevenção de perdas é aquele relacionado à pessoas/cultura, o “sinal de alerta” deve ser acionado. Na esfera do treinamento e campanhas internas de incentivos, há de se entender que uma das soluções é a criação grupos de prevenção de perdas multifuncionais e com uma visão holística, capazes de multiplicar a cultura preventiva e, simultaneamente, verificar as aderências das praticas.

Por fim, não podemos esquecer que dentro do conceito de desperdício, que é a diferença entre o ótimo e o praticado, a classificação tempo irá aparecer mais a frente, já que o retrabalho gerado pelas conseqüências da MIOCRISE será enorme. Infelizmente.

. Por: Claudio Landsberg é diretor da RGIS (www.rgis.com.br) | RGIS (www.rgis.com) - Fundada por Thomas J. Nicholson, em 1958, a RGIS (Retail Grocery Inventory Services, na sigla em inglês) é líder global em serviços de varejo e inventários. Com uma carteira de aproximadamente 20 mil clientes, a empresa possui 40 mil funcionários e colaboradores e 400 escritórios espalhados pelas Américas do Sul e do Norte, Europa, Ásia e Oceania.

No Brasil desde 1998, a RGIS é a única a fornecer soluções informatizadas em inventários, expedição e recebimento, gerenciamento de estoque e inventários de ativos fixos. Em 2006 e 2007 a empresa foi eleita como a melhor fornecedora de serviços de auditoria para o Wal-Mart.

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