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02/03/2007 - 09:38

É cada um por si. E todos por um

O mundo está em estado de alerta. Desde a Guerra Fria, não se via uma movimentação tão grande para evitar a destruição do planeta, como ocorre agora com a preocupação generalizada em torno do Meio Ambiente. A divisão geopolítica idealizadas por soviéticos e norte-americanos trazia consigo o temor por uma guerra nuclear que nunca se concretizou, embora se tenha chegado bem perto disso. Agora não há mais blocos separados por ideologias. O consenso geral é de que só a união dos povos poderá fazer a diferença contra um inimigo invisível, que ameaça tragar cidades para dentro dos oceanos e elevar as temperaturas a níveis nunca antes imaginados em nossa civilização.

Durante a Guerra Fria, um lunático ou outro alimentou os planos de jogar tudo pelos ares. Para isso, porém, ele precisava apertar um botão. Ou seja, a sobrevivência estava intimamente ligada ao nível de insanidade dos donos dos arsenais nucleares. Ocorre que os riscos oferecidos pela Mãe Natureza são muito maiores. Não se depende mais de uma cabeça lunática para explodir o mundo. A responsabilidade pelo que pode acontecer nos próximos anos é da Humanidade. Ou tomamos consciência de que nossos atos têm impacto imediato na vida útil do planeta, ou estamos fadados a iniciar a contagem regressiva que vai culminar com a extinção de várias espécies.

Até bem pouco tempo atrás, a preservação ao Meio Ambiente estava fora do debate. Coisa de hippie maluco, diziam alguns céticos. Previsões furadas, disparavam governantes de países altamente poluidores. Mas atualmente esse discurso mudou. Nas próximas eleições presidenciais norte-americanas, a disputa vai se pautar pelas propostas a favor da Natureza. Sai de cena a guerra no Oriente Médio e suas jazidas valiosas de petróleo. Em seu lugar, Al Gore e seus adversários vão debater a diminuição das emissões de dióxido de carbono e a produção de biocombustíveis.

Pois bem. Não quiseram acreditar naqueles hippies cabeludos, então terão que correr atrás do prejuízo. Antes que seja tarde demais. A febre em torno do assunto é tamanha que até Leonardo Di Caprio se rendeu aos “ecochatos”. O ator foi um entre muitos que fizeram da festa do Oscar em 2007 uma celebração ao verde politicamente correto. Na Fórmula 1, o brasileiro Rubens Barrichello vai disputar o campeonato em um carro pintado só com as cores do planeta e que ganhou o sugestivo nome de “Ecológico”. Mas de nada adianta esse marketing todo se não houver ações práticas para conter o desastre.

Não dá mais para que nossas ações se limitem aos discursos. É fácil falar que é feio jogar lixo na rua e que se deve economizar água. Mas só isso não resolve. O Brasil sempre se orgulhou de possuir riquezas naturais incomparáveis e ostentou por muito tempo o rótulo de pulmão do mundo por causa da Floresta Amazônica. Sem um esforço conjunto da sociedade, essas maravilhas todas desaparecerão. Junto com as praias paradisíacas, as espécies nativas do Pantanal e o cerrado.

E não adiante dizer que a culpa é toda do governo. O Ministério do Meio Ambiente divulgou o estudo Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira, indicando que 42 milhões de brasileiros que vivem à beira mar ficarão sem ter onde morar se o nível dos oceanos não parar de subir. A Amazônia corre o risco de virar um deserto, com uma temperatura média de 8ºC a mais nos próximos 90 anos. Para chegar a essas conclusões, os cientistas brasileiros reuniram material de oito pesquisas realizadas com aparelhos de última geração nessa área.

Dados como esses não podem ser tratados com o descaso de outrora. O perigo é iminente, sim, e as soluções têm de ser rápido. Senão, adeus raça humana. Se somos tão inteligentes como pregamos por aí, está na hora de abrir os olhos diante da responsabilidade que temos em nossas mãos para iniciar um debate sem fim em torno da questão ambiental. Sem radicalismos ou excessos, egoísmo ou qualquer tipo de patrulhamento. O importante é ter em mente que a partir de agora é cada um por si. E todos por um.

. Por: Sebastião Almeida é deputado estadual pelo PT, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água e membro da comissão de meio ambiente da Assembléia Legislativa de São Paulo. E-mail: [email protected]

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