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12/11/2008 - 11:30

Empreendedorismo: Um desafio à Educação

A existência de pessoas dispostas a empreender é, provavelmente, o fator que mais explica o sucesso econômico em qualquer país. É a criação e gestão de novos negócios que geram emprego e renda para tantas outras pessoas, que por sua vez, contribuem com a melhora da economia através da manutenção ou aumento da capacidade de consumo.

No Brasil, esta lógica não poderia nem é diferente. Mas como lidar com um fato tão presente na realidade empreendedora brasileira, que diz respeito a um índice de falência superior a 90% nos primeiros anos de um novo empreendimento? Muitos poderiam dizer que a razão é natureza política, outros diriam que é a carga tributária e outra parcela, atribuiria à burocracia (no sentido de não incentivar quem tem vontade). Particularmente, eu diria que a forma como se ensina empreendedorismo no Brasil, quando se ensina, contribui para o alto índice de falências.

Desde o ano 2000, anualmente, o Brasil participa de um estudo coordenado pelo GEM* – Global Entrepreneurship Monitor – que objetiva expandir conhecimento e a compreensão do assunto empreendedorismo. Eles possuem um respeitado conjunto de informações e indicadores que espelham a realidade empreendedora no país e permitem uma comparação com os demais países participantes do estudo.

Em relação ao Brasil, alguns comportamentos observados não poderiam resultar em outra constatação senão “índice de falência superior a 90% nos primeiros anos de um novo empreendimento”. Abrir novos negócios em mercados saturados, sem qualquer inovação e sem barreiras de entrada para novos concorrentes tem sido uma constante observada por aqui. Quem já não ouviu falar dos novos cafés, restaurantes e livrarias que no final acabaram saindo todos iguais? Economias e reservas financeiras de vários anos são completamente perdidas pelos novos empreendedores em poucos meses por esta razão.

E onde entra a educação? O ensino do Empreendedorismo como disciplina ainda é pouco difundido e muito concentrado nas escolas de negócios. Mas quem disse que médicos, engenheiros, arquitetos, advogados, economistas, psicólogos, entre tantas outras profissões, não empreendem ao se lançarem no mercado, mesmo que pequenos, com seus consultórios ou hospitais, suas construtoras ou escritórios, bancas ou bancos e consultórios, respectivamente?

Quando analisamos a esfera do conteúdo abordado, ainda temos um excesso de foco na metodologia, que nos leva a ter um belo plano de negócios de uma idéia condenada. Fica de lado um aspecto importante que é a atitude empreendedora. Esta não está na pauta de educadores e deveria ser topo da lista.

Numa rápida olhada no mercado, temos exemplos de sucesso que sequer passaram perto de um plano de negócio, mas que possuíam alguém com forte atitude empreendedora para fazer acontecer, enfrentar as adversidades e responder com agilidade aos sinais dados pelo mercado. Além do mais, outra situação cotidiana são empreendedores falando mais sobre si que mostrando seus planos de negócios para grupos de investidores. Estes grupos querem pessoas que possam lidar com movimentos bruscos de mercado que podem, de uma hora para a outra, fazer um plano de negócio perder o conceito original. Aqui vale a máxima que mais vale um ótimo empreendedor com uma idéia média que uma idéia ótima com um médio empreendedor.

Levar esta realidade para a sala de aula tem sido um excelente desafio. Passa pela visão do corpo diretivo das escolas, mas principalmente pela figura do professor, que caso não tenha esta visão da atitude empreendedora, vai continuar a ensinar empreendedorismo apenas como plano de negócios. Os alunos, de maneira geral, precisam ser intelectualmente desafiados e precisam ser testados a todo o momento para ver as oportunidades que o mercado está abrindo, levando em conta que às vezes não vai dar tempo de fazer um plano de negócios. A oportunidade de negócio já terá passado até que o plano ele seja metodologicamente formatado.

O Brasil terá em 2008 uma ótima oportunidade para despertar alunos, professores e comunidade em geral com relação ao tema, por meio da Semana Global de Empreendedorismo que acontecerá de 17 a 23 de novembro. A ação no Brasil é coordenada pela Endeavor (www.endeavor,org.br) e tem tudo para superar os números da Inglaterra (500 mil pessoas envolvidas) e dos Estados Unidos (480 mil pessoas envolvidas).

. Por: Marco A. Quége, diretor geral de Programas executivos da BSP e possui MBA pela Escuela Superior de Administración y Dirección de Empresas – ESADE – Barcelona; pós-graduação em Administração Contemporânea pela FGV-SP; extensão em Visão de Negócios pela FGV-SP; bacharel em Administração de Empresas pela FAE Business School de Curitiba. Atuou na implantação da área de Recursos Humanods da VW Audi, no Paraná e na seqüência na área corporativa de Personnel Marketing & Qualificação Corporativa da Volkswagen do Brasil, em São Paulo, na qual participou da reestruturação de negócios da montadora.

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