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18/11/2008 - 10:29

Na crise, a melhor saída é negociar

Estamos em meio a uma crise que, segundo alguns economistas, pode ser a mais grave desde 1929. Seus impactos negativos já migraram do setor financeiro para a economia real e poderão se estender por meses, talvez anos. Deflagrada nos Estados Unidos, com reflexos imediatos na Europa, seus efeitos rapidamente foram sentidos no Brasil.

A iminente falta de moeda no mercado fez com que as instituições financeiras fechassem suas comportas, suspendendo linhas de crédito, antes fartamente oferecidas. Empresas que apostavam em crescimento sustentado passaram a ter dificuldades em receber de seus clientes e, por conseqüência, deixaram de pagar seus credores. E, para as que apostaram na desvalorização do dólar e na valorização do real, a alta de juros e a variação cambial fizeram crescer de forma estratosférica os encargos dos contratos de derivativos.

De outro lado, não há como a economia parar. Nesse novo cenário, de escassez de recursos, as empresas precisam se reposicionar. Rever seus processos, reduzir custos e reavaliar as relações com seus fornecedores e clientes. É o momento oportuno para uma ampla avaliação do que se pretende para o próximo ano. Sim, porque, a bem da verdade, toda essa reviravolta fez o recesso de final de ano chegar mais cedo. O tradicional período de compras que chega junto com o Natal talvez seja o último suspiro para nossa já prejudicada economia.

O capital precisa girar e, se não há interesse dos bancos em arriscar aquilo que está em suas mãos, com certeza também não existe a intenção de deixar de receber o que lhe é devido. É aí que se abre um interessante caminho, o da negociação. É hora de credor e devedor sentarem à mesa para encontrar um bom termo de entendimento, seja estendendo prazos, reduzindo valores ou eliminando juros para, com isso, fazer funcionar essa engrenagem, mesmo que timidamente no início. É assim que se recomeça e, sem dúvida, é esse o caminho mais rápido e barato para enxergar a desejada luz no fim do túnel.

Não há que se pensar nesse momento em ações judiciais pois não se pode esquecer que estamos falando de processos bastante demorados e de cifras altíssimas que, para serem reclamadas, demandam depósito de 1% de seu valor – recurso que, nesse momento, não pode ser desperdiçado.

Ao invés de reclamar, o momento é de propor. O setor produtivo, assim como o financeiro, tem sua responsabilidade e sua contribuição a dar e deve fazê-lo. Também o governo pode e precisa comparecer com medidas que favoreçam a entrada e permanência de capital no país. A garantia de taxas de juros em patamares aceitáveis é chamariz para investimentos. A redução da alíquota de IOF sobre investimentos estrangeiros se constitui num atrativo para que investidores destinem recursos à nossa economia.

Outra iniciativa anunciada, mas não levada a termo, é o incentivo fiscal para repatriação de dólares, que poderia trazer rapidamente para nossa economia boa parte dos estimados US$ 50 bilhões depositados fora do país. O governo dá sinais de que poderá colocar na lista das prioridades a votação do projeto que permite a repatriação e legalização desses recursos. Também seria bem-vinda a anistia fiscal para todos os produtos e insumos destinados ao mercado externo, não ficando restrita a alguns setores como determinou recente medida do Governo Federal, que estendeu o drawback verde-amarelo apenas ao setor de grãos. É medida que ampliaria em muito as possibilidades de exportação, gerando ganhos para nossa balança comercial.

O governo vem conseguindo conter a alta do dólar, garantindo a continuidade das exportações e reduzindo o impacto inflacionário. Entretanto, a crise parece não ser passageira e a cada dia traz novas emoções.

. Por: Fábio Lowenthal, do escritório Lowenthal Advogados.

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