Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

06/03/2007 - 09:33

A autoridade na escola moderna

Em todas as paisagens humanas deste país e suas respectivas escolas, estão em pauta o debate e as dúvidas sobre a autoridade do professor, da escola e dos pais. Afinal, em tempos atuais, como exercer tal autoridade?

Por longos períodos e até hoje, o senso comum associa a autoridade aos cargos, fardas, posição social e econômica, disposição física etc. E quem os tem pensa estar investido e vestido dessa autoridade, como um fato consumado. Esse tipo de autoridade assemelha-se a um figurino, que se escolhe e “in-veste” para assumir então as responsabilidades e possibilidades. E em culturas latinas, a autoridade é ainda um meio de desfrutar privilégios.

Nas escolas e com os professores não é diferente. O título e a titulação, bem como os cargos hierárquicos, oferecem a ilusão de autoridade consumada. No entanto, a realidade de indisciplina nas escolas no últimos dez anos vem, na verdade, consumindo os professores que não produziram qualidade na educação.

São alvos de agressões, humilhações e violência. E muitos aceitam trocar sua autoridade pela chamada “vitimização” — vestem-se de vítimas. Resultado: todos perdem.

Tudo se confunde; os papéis de vítima mudam de mãos, assim como o exercício da autoridade. Esta se perdeu ou se fragilizou? Será que assumir-se como vítima não é uma forma de aceitar a indiferença como “única alternativa”?

O grande equívoco está em como entender e exercer a autoridade neste mundo moderno, no qual professores e escolas têm ainda papel vital no desenvolvimento.

O que dá poder, influência e capacidade de realização a um professor é o reconhecimento que tem do outro; o outro aluno, pais e também seus pares. Ou seja, a minha autoridade está no reconhecimento do outro de minhas possibilidades. Então, não basta ter um cargo, um hollerith (gordo ou magro), ou alçar-se ao tablado. Em tempos de comunicação, há que persuadir, influenciar e convencer os alunos de que você é digno de confiança para ensinar, aprender, interagir e, o mais importante, conviver com eles.

Por isso, o exercício da autoridade requer, daquele que se investe dela, conhecimento e atenção constantes. É trabalhar com os olhos e a vocação voltados para o olhar dos alunos, para sua realidade pedagógica e não para conteúdos, para sua larga experiência de professor, para seu cargo etc.. Exercer autoridade se escondendo atrás das notas, da presença, da punição, enfim, do medo que pode provocar para ter controle é um sintoma de ausência dessa mesma autoridade.

A questão não tem solução fácil e rápida. Passa por planejamento de longo prazo, organização e disciplina do corpo docente, ou seja, da escola.

Hoje o quadro é grave, porque no passado as propostas se resumiam ou em todos se vestirem de branco pela paz ou em iniciativas isoladas, quixotescas. Autoridade e escola são duas faces da mesma moeda. Há que se iniciar um processo de resgate do sentido e do exercício da autoridade com formação, conscientização do coletivo docente e um bom planejamento.

Deve-se lembrar sempre que a experiência de disciplina que se deseja para as crianças e jovens se conquista com a vivência da disciplina daqueles que os educam.

. Por: Mônica Sydow Hummel e Educadora e autora de “Testemunhos de Mim: Professora” (Loyola)

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira